terça-feira

Vitorino defende comissão de sábios para apreciar resultados da avaliação

António Vitorino propõe a criação de uma comissão de sábios, independente, que, terminado o processo de avaliação dos professores, apreciasse os resultados da avaliação e os prós e contras do método que está a ser aplicado.
Em declarações à TSF, António Vitorino esclareceu que nunca teve na ideia a criação de um grupo de sábios para mediar o actual conflito entre os professores e o Ministério da Educação.
«Para essa avaliação, podia ser crida uma comissão independente de sábios que apreciasse os resultados da avaliação e os prós e contras deste método que está a ser aplicado», afirmou António Vitorino, defendendo que «devia ser simplificado».
António Vitorino
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Obs: Bem vistas as coisas, parece que a Fenprof, e o sr. Nogueira in concreto, ainda quer ser mais inflexível do que a 5 de Outubro na contenda que caiu na rua.
Pergunte-se se ele anda em busca da medalha de mérito da rigidez ou está verdadeiramente preocupado em racionalizar um necessário modelo de avaliação de professores em Portugal...
Esperemos, desta feita, que os profes pensem com a cabeça de cima e não se deixem instrumentalizar.
Até lá, António Vitorino recupera uma ideia razoável já com alguns meses para se sair do impasse, evitando que as emoções tomem conta das racionalizações.
É que a Educação é um assunto de Estado, que pode comprometer as gerações futuras, portanto também aqui se deveria fazer uma interpretação extensiva da CRP e instar o sr. PR, Cavaco Silva, a fazer uma declaração pública sobre este impasse.
Mesmo não sendo uma questão a que formalmente se possa pronunciar, o interesse público - justificaria uma tomada de posição de Belém (que, parece, estar só preocupado com o Estatuto dos Açores e com a limitação dos poderes presidenciais).
Não para ajudar o Governo, dar a mão, o braço e a omoplata à srª Ferreira leite (que nesta questão, como em muitas outras, tem tido uma conduta lamentável de alinhamento puro e duro com os sindicatos), mas - para lembrar aos sindicatos marxistas e neo-marxistas que já passaram mais de 30 anos sobre o PREC - e que a legitimidade corporativa que têm é manifestamente inferior à legitimidade democrática do governo no exercício das suas funções.
Acresce, que quando os sindicatos assinaram o tal memorando de entendimento com a 5 de Outubro - o fizeram de má fé para com os professores, que sempre se opuseram à sua assinatura.
Traduzindo por miúdos: quando Cavaco Silva, em quem votei, deveria fazer uma declaração pública, no sentido de instar as partes a integrar o diálogo de forma construtiva a fim de encontrar os melhores dispositivos pedagógicos e científicos que valorizassem o modelo de avaliação em curso, nada diz - no quadro daquilo que aqui designámos a semana passada por magistratura de ocultação.
Assim como seria expectável que o sr. PR também desse uma palavra ao país quando um General reformado - que passa a vida nos media - a inflamar a corporação donde é proveniente - defendeu que os militares podem fazer alguma asneira porque manipulam armas. E pensou que, dessa maneira, o MDN atenderia imediatamente à satisfação das suas legítimas reivindicações.
Já para não falar no caso aberrante da Madeira, que interrompeu o normal funcionamento das instituições, em que um Presidente da ALR impede que um seu deputado tenha acesso às instalações da mesma.
Numa palavra, o sr. PR portou-se mal no caso dos militares que ameaçaram veladamente o poder político e a sociedade civil no seu conjunto, portou-se mal no caso da Madeira e, agora, quando tem uma oportunidade única de fazer doutrina sobre a valia e a indispensabilidade do capital-conhecimento nas sociedades contemporâneas, o que faz?!
Fica cego, surdo e mudo.
Ainda que desenvolva esforços nos bastidores para concitar as partes ao diálogo, o que teria efeito e ganhos de eficiência para todos seria, de facto, uma tomada de posição pública.
Mas Belém, pelos vistos, usa e abusa do velho critério tão português e injusto dos dois pesos e das duas medidas, escudando-se no segredo da função: quando lhe toca a ele, leia-se à manutenção dos seus poderes presidenciais, exalta-se e acorda a nação em vésperas de férias, quando deveria logo ter enviado o diploma para o TC; quando toca aos outros, i.é, ao País real e profundo - o microfone de Belém fica sem energia e do sr. professor Cavaco Silva nenhuma posição (pública) se lhe conhece contra este abuso sindical que ainda ameaça paralisar o país.
Eu e dezenas de pessoas como eu - que votaram em cavaco nas últimas eleições presidenciais - hoje votariam tanto nele como os profes votariam em Sócrates.
Enfim, é a vida. Mas uma coisa é o nosso umbigo, coisa diversa são os reais e permanentes interesses nacionais.
Cavaco ao não falar, em mais esta crise, está, ainda que involuntáriamente, a pactuar com o abuso dos sindicatos e com a irredutibilidade marxista e marxisante do sr. Mário Nogueira e Carvalho da Silva - que o telecontrola a partir da CGTP-In que, por sua vez, é conduzido a partir da Soeiro Pereira Gomes do camarada Jerónimo - neste fio demo-sindical que hoje pressiona sistemáticamente o poder democrático legitimamente eleito.
A sensação com que se fica, ante todas estas disfunções do nosso sistema político e institucional, que se esconde no biombo dos poderes formais para não desagradar a eleitorados fixos ou afrontar tabelas de interesses satelitizadas. É que ante o burocrático modelo de avaliação dos profes emanado da 5 de Outubro - sobrepõe-se agora um radicalismo sindical sem limites que tem (e deve) ser imediatamente travado pelos poderes públicos instituídos.
Se isto não for feito pelo Governo e até, embora mais veladamente por Belém, ainda acontece um milagre - tão caricato quanto irrealista: convidar o sr. Mário Nogueira para ministro da Educação, e levar com ele dois secretários de Estado para resolverem o problema - de que também são partes:
- os camaradas Carvalho da Silva (que está no poder desde a fundação do regime democrático, que só encontra paralelo com o dinossaurus-rex da ilha da Madeira - que afronta e ofende tudo e todos); até o "sr. Silva", como Alberto lhe chamou, o teme...
- e o camarada Jerónimo de Sousa.
Veremos, doravante, se Cavaco Silva tem coragem política para fazer alguma doutrina sobre a qualidade da Educação em Portugal e, ao mesmo tempo, mostrar ao País que os poderes presidenciais são mais úteis fora dos gabinetes e das interpretações estritas da CRP - do que dentro deles.
Portugal, ainda espera algo de Belém...