A saga da avaliação
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Por outro lado, concordaram ainda com a realização de um processo negocial, em Junho e Julho de 2009, para introduzir modificações ou alterações ao modelo. Subentendia-se, então, que neste ano lectivo seriam adoptados todos os procedimentos de avaliação previstos inicialmente.
Os sindicatos recusam a existência de uma quebra de confiança pelo facto de pedirem agora a suspensão do processo, justificando que na altura aquela foi a única forma de salvar o terceiro período. Acrescentam que não ficou escrito em lado nenhum do memorando que o processo de avaliação tinha de se aplicar integralmente até ao final do ano lectivo.
Por seu turno, o Governo lamenta que o acordo não esteja a ser "honrado". O Executivo garante que o processo está a decorrer com normalidade na maioria dos estabelecimentos e que nesta fase só foi pedido aos professores que fixem os seus objectivos individuais. Assim, "não é verdade que o processo esteja a sufocar as escolas" ou que por isso os docentes estejam sem tempo para os alunos, segundo o secretário de Estado Jorge Pedreira.
A tutela já garantiu que o processo não será suspenso nem simplificado, como aconteceu em 2007/08, e a ministra da Educação já deixou mesmo um aviso: "Os professores que não forem avaliados não progridem na carreira".
"Se o Governo quiser dizer aos professores a três meses das eleições legislativas que não vão progredir na carreira, que diga...", respondeu a Plataforma Sindical.
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Mas, há sempre um but nestas coisas, tanto mais em ano de eleições... Os sindicatos estão sendo pressionados pela direcção do PCP e BE - que da Soeiro Pereira Gomes enuncia as ordens que depois o sr. Mário Nogueira executa no terreno. Sendo que a palavra de ordem é: suspender, "grevar", ameaçar, enfim, fazer política ao estilo do PREC naquele registo comunista que o País tão bem conhece. Mas já sem os pneus queimados nem violência física de outrora, naturalmente. Hoje isso parecia mal.., o muro de Berlim já caiu e os regimes comunistas do post-Guerra Fria converteram-se em democracias pluralistas, com algumas excepções pontuais de que a Coreia do Norte - continua a ser o modelo democrático para alguns dirigentes do PCP, como é o caso do sr. deputado Bernardino.
Com isto não se procura significar que todos os profes sejam teleguiados pelos sindicatos, muitos deles, talvez até a maioria, pretendam ser avaliados por "profes" em quem reconheçam verdadeiramente competência e qualidades pessoais e humanas com vista a essa avaliação de desempenho. Mas avaliações perfeitas, assim como organizações perfeitas e ideais, não existem, nem na Microsoft.
Então, a grande questão que um outsider deverá colocar é a seguinte, pondo o problema em perspectiva:
1. Rebentar com o sistema de avaliação em curso a um ano de eleições (que, curiosamente, em inúmeras escolas tem sortido efeito e valorizado profes, alunos e comunidade escolar). Esta é a tese radical defendida pelos sindicalistas do costume.
2. Implementar o modelo de avaliação da Fenprof em meia dúzia de escolas - que a opinião pública desconhece. Seria uma tese experimental a ponderar, mas não invalidaria a manutenção do modelo nacional vigente. Seria a tese experimental de valor intermédio.
3. Ou, como me parece mais realista e sensato, continuar com o modelo de avaliação nacional mas, ao mesmo tempo, inventariar todas as incorrecções, erros, insuficiências do modelo de avaliação vigente e proceder de forma sistemática a essas correcções visando o melhoramento da avaliação nacional do profes em Portugal - em nome de um melhor ensino público que, creio, nunca se fez. Seria a tese mais realista. Como se está a menos de um ano de eleições, qualquer posição que escape a esse bom senso da tese realista tem, inevitavelmente, leituras políticas. Pelo lado do governo e pelo lado das sindicatos. Mas se a avaliação implementada pelo governo é assim tão má, serão os portugueses que em 2009 irão julgá-la nas urnas - e não os sindicatos a 10 meses de eleições legislativas. Nesse caso, segundo a tese dos sindicatos, os portugueses iriam esmagar a ministra da Educação e o Governo no seu conjunto. Pergunto-me, então, por que razão o sindicato do sr. Mário Nogueira o pretende fazer a 10 meses das eleições legislativas!?? Antes de mais, trata-se duma questão de legitimidade democrática. Posto isto, e quando o PCP "se sentar no cadeirão de S. Bento" já poderá governar à vontade, e desenhar todas as políticas públicas, mormente, no sector da Educação, para brindar os tugas com um brilhante modelo de avaliação nacional aos profes. Só espero é que, quando isso suceder, muita gente já cá não esteja - à avaliar pelas experiências doutrinárias de um século de comunismo na Europa central e Leste - mais os resultados "brilhantes" a que chegaram.
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