quarta-feira

Para conhecimento das várias administrações do BPN. Pedro Santos Guerreiro - "A salvação dos canalhas"

Nota prévia: este mail circula na net e merece crédito nos fundamentos.
Republico-o tal qual o recebi. Esperemos não seja contraditado, se for cá estaremos para proceder às putativas correcções ou eventuais imprecisões, pois ninguém é dono da verdade, e nós, por aqui, não gostamos de produzir inverdades (ainda que involuntárias) ou cometer injustiças, também involuntárias.
Mas infelizmente, os players principais que foram autores de gestão danosa no BPN ainda não deram à costa. Alguns dos que lá tinham capitais já "levantaram a tenda", e alguns desses administradores também já lá não estão, como se nunca tivessem existido. Lamentável.
Mais do que política, esta é uma questão com contornos judiciais, pelo que deverá ser minuciosamente seguida pelos tribunais. Aguardemos, pois, pela acção do sistema judicial de Portugal.
Contudo, entendemos que o Estado agiu correctamente ao nacionalizar (para salvar) o BPN da falência metendo no desemprego cerca de 6 mil funcionários e deixando à beira da loucura milhares de clientes. Penaliszando, por efeito de arrasto, a própria economia real - que o Estado, e bem, protegeu.
Feita esta nota prévia, vejamos alguns factos, profundamente lamentáveis. Oxalá fossem desmentidos.
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Caros Colegas,
Há alguma coisa que Cadilhe terá dito e que tenha razão? NÃO!
Qual preocupação com os trabalhadores, com os accionistas, com o que quer que seja…. Nada só com ele!
Senão vejamos:
Desalojou o Private, da moradia onde este serviço estava, no Porto (na Foz), para ele ir para lá…. As instalações que as anteriores administrações utilizavam eram pouco dignas para ele.
Nunca visitou um cliente e dificilmente recebia e mantinha reuniões com accionistas(???)!!!!!!!
Os colegas de conselho (7 colegas de Conselho) recebem SETECENTOS E CINQUENTA MIL EUROS ano/Cada;
FICOU CHOCADO…. Ainda não é tudo:
Exigiu 2 carros: um BMW 735 e um Mercedez-Benz classe S;
e
Recebe um salário à BCP: aufere por ano UM MILHÃO DE EUROS (€ 1.000.000,00);
CHOCADíSSIMO…. Bem até tenho pena de si quando ler o resto:
Para compensar a perda de reforma do BCP, exigiu uma contra-partida do BPN (o que até se compreende)..
Mas, o que não se compreende nem se perdoa é que não tenha aceite aderir ao fundo de pensões do banco (neste caso a recapitalização do fundo teria que ser na ordem dos NOVE MILHÕES DE EUROS), mas tenha exigido um PPR/Renda vitalícia (dada a singularidade, foi uma solução mais cara do que a solução de adesão ao fundo de pensões do banco em TRÊS MILHÕES DE EUROS. No contexto económico em que estamos…. Mais TRÊS MILHÕES DE EUROS).
Ou seja custou ao grupo mais DOZE MILHÕES DE EUROS!!!!!
Bem nem sei como lhe dizer o resto…..
Mas exigiu que o PPR /renda vitalícia, fosse constituído fora do Grupo SLN/BPN.
Ajudou o senhor Cadilhe como lhe foi solicitado ………. Ajudo pois!!!!..... a enterrar ainda mais isto"
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O Pedro Guerreiro é um jovem jornalista da área económica que tem revelado sempre grande segurança e maturidade das suas análises que ouço com atenção e proveito. Por isso deve ser lido e meditado.
A nacionalização do BPN é uma infâmia inevitável. Os infames são os gestores e accionistas que já lá não estão; os inevitáveis são os contribuintes. E num tenebroso limbo estão os reguladores e auditores, que protegeram uns e falharam aos outros. Se são inocentes, são impotentes - e então de que nos servem?
O Estado vai comprar o que vale pouco ou nada, levar um peso-morto que a Caixa Geral de Depósitos dispensaria carregar e ligar à máquina um projecto que merecia eutanásia. Não é possível que o ministro das Finanças tenha anunciado esta nacionalização sem que bílis lhe ardesse por dentro. Se não lhe ardeu, ardeu aos contribuintes. O BPN devia morrer, os seus accionistas perder o dinheiro e os gestores chamados aos tribunais. Já agora: onde estão eles?
Miguel Cadilhe vai à frente desta barca mas não é ele quem entrará no inferno. O gestor filiou-se numa missão impossível, que quase conseguiu inverter não fosse a crise financeira internacional, que lhe tapou primeiro a liquidez para gerir e depois o capital para investir. E apesar das cautelas na gestão dos rumores, criou-se uma ansiedade nacional que levou de facto a uma corrida aos depósitos do BPN. Foi uma corrida em marcha lenta, mas suficiente para esvaziar os cofres.
Este colapso tem um nome: Oliveira e Costa, o gestor que durou anos e que há semanas tratou de desligar o telemóvel. Foi ele quem geriu na maior das opacidades, numa época agora investigada pela Procuradoria (na Operação Furacão), pela CMVM e pelo Banco de Portugal; que foi prometendo dispersões em Bolsa para convencer uma turba de accionistas que o seu dinheiro valorizaria; que hostilizou a Deloitte, quando a auditora lhe fez reservas às contas; que contratou, para a substituir, a BDO Binder que, entretanto, caucinou sem pestanejo as contas anuais. Oliveira e Costa é, como todos, inocente. Mas a presunção da inocência dos suspeitos não pode representar a presunção da estupidez dos contribuintes. Até prova em contrário, são eles que estão a pagar o erro.
Restou a bomba atómica: a nacionalização. O impressionante é que não se sabe sequer o que se salvou. O que é o BPN hoje? O que é que lá está dentro? Que mais esquemas com "offshores" há? O que valem os activos? Quanto mais dinheiro será preciso?
O Banco de Portugal não pode dormir sem pesos na consciência, justificando-se com o mandato formal de que só controla contas. O sistema de supervisão falhou. Outra vez. E, outra vez, porque se porta como bom samaritano. Porque todo o seu sistema assenta no pressuposto de que não lhe mentem. De que nada está fora do balanço. Se toda esta crise não servir para rever a supervisão, então não serviu para nada.
O BPN foi salvo porque deixá-lo cair agora detonaria a credibilidade de todo o sistema financeiro. Era possível salvar os clientes dos BPN sem comprar massa falida mas isso teria um custo, como aliás teve deixar cair o Lehman Brothers. Esta crise não tem nada a ver com a origem dos problemas do BPN mas foi o último prego no seu caixão. Foi por causa da crise que o Governo assumiu o compromisso de salvar os depósitos ameaçados. É por isso que a crise não matou o BPN, mas salvou o BPN. O velho BPN morreu; um novo BPN nasceu.
O slogan "valores que distinguem" não podia ter sido melhor escolhido para o BPN, que se distinguiu tanto que fica para a História. Mas não pode restar o vazio de responsabilidades. As últimas palavras desta triste história não podem ser as de Frei Luís de Sousa: Banqueiro, banqueiro, quem és tu? Ninguém...
Obs: Divulgue-se pelo manifesto interesse do assunto.