quinta-feira

Ninguém pára Manuel Alegre. Mas onde é que ele vai...Protestos em Fafe

Manuel Alegre é uma daquelas figuras que faz falta à democracia, nem que seja para recordar ao povo de que já vivemos em ditadura, privados de liberdade, com cadeias e grilhetas. E nisso o poeta e homem de cultura que é Alegre - é um ex-libris da polis, uma referência na história da democracia pluralista em Portugal.
Mas sempre que ocorre uma greve, ainda que legal, ele não perde oportunidade para recordar ao país que foi a eleições presidenciais e bateu o score eleitoral de Mário Soares com o seu milhão de votos - mas ficou aquém de Cavaco - contra quem perdeu.
Mas o que nos diz Alegre sobre a ministra da Educação e o sistema de avaliação dos "profes"?! Nada de concreto e útil.
É aqui que o "contributo" de Alegre redunda numa espécie de cartilha em tudo semelhante com a cartilha comunista quando se reportava aos capitalistas e a António de Sommer Champalimaud - quando este era vivo.
Não suporta a ditadura, evoca o Salazar e a PIDE/DGS, a falta de liberdades, e mutatis mutandis, o carácter arrogante e insuportável da ministra da Educação, proclama a necessidade de diálogo, tolerância, democracia e, dentro da sua novidade neo-discursiva, lá vai dizendo que "não se pode governar para as estatísticas".
Isto é pura demagogia e populismo, nenhum contributo dá para a discussão técnica do problema, que consiste em saber que alterações ou correcções se podem fazer ao modelo de avaliação vigente no sentido de o melhorar a fim de garantir duas coisas:
1. Libertar os profes da burocracia de que se queixam para prepararem as aulas e transmitirem conhecimentos aos alunos;
2. E garantir justiça na sua avaliação por parte dos profes (titulares) que os avaliam.
Ante esta necessidade o poeta Alegre, que ainda julga que o seu milhão de votos nas últimas eleições presidenciais não se evaporou e estão num estado sólido dentro do seu bolso, evoca-nos António de Oliveira Salazar (o velho "botas"), o medo da PIDE, a ausência de liberdade e democracia e o mais.
Um dia, a ajuizar pela imaginação sociológica do poeta, ainda nos evoca Humberto Delgado para justificar que a Lulu anda atrás dele com um pau oferecido pelo PM para o desancar..
Por outro lado, Maria de Lurdes não goza da sua telegenia nem foi dotada pela Mãe-natureza da sua vox-tonitroante, mas esperemos que Alegre - não venha defender que a ministra da Educação - não vai às escolas bater nas criancinhas, dando-lhes reguadas e canadas na cabeça (com cana da índia), como se fazia no meu tempo. Ou seja, Lurdes Rodrigues não fomenta a violência no espaço e na comunidade escolar, foi até vítima dela.
Infelizmente, Alegre perde sempre oportunidade para dar um contributo técnico positivo e estruturante para o problema, mas isso decorre dos fantasmas que ele evoca ao mandar areia para os olhos de todos nós queixando-se da falta de diálogo.
Alegre, para provar o "pudim", deveria ir a uma escola fazer uma conferência e, à chegada, ser recebido com ovinhos na tola... Talvez aí ele abrisse a pestana e compreendesse muito bem o significado da palavra Liberdade e Democracia num estado de direito.
Ainda bem que o poeta não tem o dom da verdade absoluta, se tivesse já teria monopolizado a Democracia e a Liberdade em torno do seu milhão de votos - que ele supõe estar em estado sólido no seu bolso, apesar de já se ter evaporado.
Já agora, em que termos Alegre defende que se faça a avaliação dos profes em Portugal...
Como ele nunca é objectivo nem rigoroso relativamente ao essencial, eu vou continuar a presumir que o Salazar ainda reside em S. Bento, a Liberdade e a Democracia em Portugal não existem, as prisões estão repletas de presos políticos, os poetas e os intelectuais têm que se exilar e fazer transmissões radiofónicas para conquistar a democracia a partir duma capital do Magreb e, por último, devemos confiar piamente que um poeta quando fala nunca é populista nem demagogo, nem sequer discursa para as estatísticas.
Será que Alegre sabe onde fica o Palácio Rosa?
:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
Obs: Estou certo que o conceito de Democracia e Liberdade do poeta Alegre é suficientemente elástico para comportar uma crítica a este tipo de conduta que uma trupe de putos endiabrados, teleguiados e movidos pela adrenalina do momento desencadeou com a chegada da ministra da Educação ao centro educativo de Fafe - que não chegou a visitar pelas razões conhecidas.
A não ser que os ditos conceitos de Liberdade e Democracia na poesia assumam um significado e na realidade assumam outro.
::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
O Jumento escavaca toda a filo-poesia com forte motivação política do poeta Alegre com esta observação: