quarta-feira

Paulo Portas tem três sonhos na vida. Já concretizou um...

O país já percebeu que o poder de supervisão do BdP e do seu Governador, Vitor Constâncio, foi ineficiente e ineficaz na sua actuação relativamente às informações preocupantes vindas do BPN. Isto significa que o BdP deveria ser menos aristrocrático e mais contemporâneo no seu modus operandi, e também mais firme nas suas tomadas de posição - enquanto organismo fiscalizador - junto do núcleo duro do BPN que tinha Oliveira e Costa à frente. Ao ser pífio nas suas funções tradicionais de fiscalização, sossobrou na sua supervisão.
Depois foi o Governo que teve de cobrir a parada recorrendo, e bem, à figura da nacionalização para salvaguardar os legítimos interesses dos clientes, garantir estabilidade no sistema financeiro nacional (evitando o efeito de contágio e de pânico) e, bem assim, defender a economia real.
Mas seria possível ao Governador descobrir "uma engenharia financeira" e uma contabilidade criativa feita à margem dos circuítos formais da instituição financeira em questão?! Creio que não... Neste medida, muitas das operações do BPN são mais um caso de política do que de supervisão do BdP. Portanto, dê-se uma 2ª chance a Constâncio.
Quanto a Paulo Portas, e percebendo ele que a coisa será mais um caso de políticia (PJ, MP) do que própriamente de supervisão (que só vem provar que o BdP terá que se reformar e ajustar às novas condições em que são praticadas certas operações financeiras no quadro de contabilidades criativas e de fuga e de evasão fiscais) - a sua raiva transforma-o no carrasco de serviço ao actual Governador. Eis a actual missão e desígnio de Portas na cena política em Portugal.
Ou seja, Portas pensa que assim ganhará mais umas centenas de votinhos, evitando que o cds seja o partido do táxi ou do monolugar. Está convencido que quanto mais bater no Constâncio no hemiciclo mais votinhos os tugas lhe darão nas urnas no partido do Largo do Caldas - que até se financia com recursos de pessoas que já morreram, além do financiamento partidário ao cds (leia-se, caso dos sobreiros no Ribatejo...) ser um manto de dúvidas e de alegadas ilgalidades e de tráfico de influências ao tempo do Governo Durão Barroso - que nunca se chegaram a esclarecer.
Dito isto, sistematizemos agora os objectivos políticos de Paulo Portas:
- Na década de 80/90 quis ser o "carrasco" de Cavaco Silva e do cavaquismo, eliminando semanalmente, nas páginas do Independente que dirigia, cada um dos seus ministros. Resultado: a muitos deles, por injúria e difamação, foi obrigado por Tribunal a pagar indemnizações seguidas de pedidos de desculpas. Um exemplo tão mesquinho quanto caricato: a manta que (alegadamente) João de Deus Pinheiro roubou num avião (custou a Portas) uma pesada indemnização que teve de pagar - e bem - ao ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e da Educação de Cavaco Silva.
- No 1º quartel do séc. XXI - Paulo Portas defronta-se com dois desafios - que são os seus dois grandes sonhos políticos: ser o carrasco do Governador do BdP, Vitor Constâncio e, inter allia, evitar que o cds já não seja o partido do táxi nem do monolugar, mas o partido da trotinete.
Será que consegue?
Eis uma dúvida política que se dissolverá nas próximas eleições legislativas de 2009.