domingo

A festa dos "profes"

Imagem picada do blog de Paulo Guinote, A Educação do meu Umbigo, um blog interessante
A festa dos 'profes'
Por mais sérios que sejam os motivos para o toca a reunir, uma manifestação de professores há-se ser sempre uma grande festa.
Luís Faustino (fotos) e Carlos Abreu (texto)
Vieram de todo o país. Alguns viajaram muitas horas de autocarro. Todos com o mesmo propósito: contestar o actual modelo de avaliação de desempenho.
A Praça do Comércio foi enchendo ao ritmo a que chegavam a Lisboa os 700 autocarros ao serviço dos sindicatos. De um momento para o outro, o amplo Terreiro do Paço, tornou-se pequeno para receber os milhares de professores que procuravam alcançá-lo através das ruas da baixa.
Depois, foi tempo para subir a Avenida da Liberdade até ao Marquês de Pombal. A mesma avenida em que a 8 de Março muitos destes professores tinham descido, indignados que estavam com a política de Educação do Governo socialista.
Oito meses passados, voltaram a gritar a uma só voz: "Está na hora, está na hora, da ministra se ir embora!"
Quando, pelas 17h30, a cabeça da manifestação, seguida de perto pelos professores da região norte, alcançou o Marquês de Pombal, os organizadores garantiram ao microfones que ainda havia muita gente na Praça do Comércio à espera de poder entrar no desfile. Foi preciso esperar longos minutos para que este rio de professores desaguasse no coração de Lisboa.
Com a noite a cair sobre a cidade, os holofotes iluminam o palanque onde Mário Nogueira, porta-voz da Plataforma Sindical dos Professores, há-de anunciar as batalhas que se seguem: protestos parciais nas capitais de distrito, ainda durante o mês de Novembro, e uma greve nacional em protesto contra o estatuto da carreira docente, a 19 de Janeiro.
Era o ponto final na megamanifestação que, garantem os sindicatos, inundou Lisboa com 120 mil professores, o equivalente a 85% da classe. Muitos deles, voltaram a descer a avenida à procura do autocarro que os levará de volta para casa. Alguns ainda têm muitos quilómetros pela frente. Até à próxima. Não há-de faltar muito tempo, garantem os sindicatos.
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Obs: Olhe-se bem para o modelo de avaliação em curso e veja-se se ele não poderá ser aperfeiçoado e melhorado para devolver ao professor a sua tradicional missão: transmissão de conhecimentos e formar jovens - ensinando-os a pensar.
Por outro lado, há que perceber que o Ministério da Educação é o grande departamento público do Ensino, mas hoje exige-se-lhe que seja mais um centro de negociações com sindicatos altamente politizados e ávidos de conflitualidade social, porque vivem da crise e para a crise - até para justificar a sua existência no sistema político contemporâneo.
Isto não fará dos "profes" uns "vendidos ou uns marionetes" nas mãos dos sindicatos, mas, em rigor, também não os prestigia nem valoriza. Muitos deles, certamente, gostariam de se manifestar sem enquadramentos sindicais e partidários.
Quanto à drª Maria de Lurdes, socióloga e titular da pasta da Educação, também não perdiria nada se fizesse um round pelo país-das-escolas e levasse consigo um bloco de notas (e um contentor de pionés), ao estilo do Umberto Eco.
Por regra, os blocos de notas servem para apontar notas, e nesses apontamentos, ao cabo de uma semana de tour - seguramente que Lulu teria alguns ajustamentos a fazer quando regressasse à 5 de Outubro - com o seu bloco de notas. Os pionés serviriam, ao estilo de Marçal Grilo, para pontilhar as escolas que visitou no Portugal-profundo sinalizando-as como escolas a vermelho ou a azul, conforme o estado da arte em que se encontrassem o seu estado de funcionamento e grau de satisfação da respectiva comunidade escolar.
Ofereça-se, pois, um bloco de notas e um contentor de pionés a Lulu e, de caminho, solicite-se aos profes para ligarem menos aos sindicatos e sindicalistas que apenas pensam numa coisa: escavacar o Governo - a mando do PCP e do BE - que vivem da crise e para a crise enquadrados pela política do quanto pior melhor. O que é inaceitável.