domingo

O blog PS Lumiar dá mais uma lição de pedagogia ao pasquim da Sonae e ao seu director

Nota prévia:
Esta foi a capa que o responsável pelo pasquim da sonae escolheu para retratar a notícia que iliba Paulo Pedroso do crime hediondo de que foi acusado, pagando com a cadeia, vendo o seu nome e dignidade destruídos e a sua carreira pessoal, académica e política interrompidas. A Justiça ilibou o homem, o homem é agora livre e tem direito, como qualquer um de nós, ao seu bom nome. Mas o Público - na semana passada - teve a miserável ideia de fazer uma manchete (mais uma!!!) que denota uma obsessiva e compulsiva confusão de sentimentos - por quem a fez, escolheu e montou.
Ao longe fez-me lembrar aquelas campanhas municipais para limpar a estátuas e a monumentalística de Lisboa, literalmente cagada pelos pombinhos que sobrevôam a capital e não lêem jornais. Ao perto vi a cara do responsável pela miserável manchete.
O texto que se segue nenhuma relação tem com ela, apenas remete o leitor para um editorial que o sr. Fernandes fez visando os blogues, dois em concreto, por estes terem criticado a insustentável leveza do ser resulante das conclusões pífias e oportunísticas do afamado Relatório da SEDES, em Março último.
Vale a pena relê-lo, porque além de bem escrito, reflecte sobre a globalidade da governação comportando, ao mesmo tempo, uma lição de história política - que muitos ignorantes nas direcções dos jornais seguramente desconhecem.
Texto da autoria do blog PS Lumiar
O "Público"
O director do melhor jornal português resolveu em editorial da passada segunda-feira 25 de Fevereiro criticar o meu texto sobre a SEDES e reproduzir uma parte do mesmo.
Achei engraçado e até estou contente com o diálogo entre bloguistas e jornais importantes; pena foi o termo deselegante, nada democrático e muito pouco educado de chamar cão-de-fila do chefe. Num país muçulmano chamar cão é a pior das ofensas, mas aqui no mundo cristão perdoamos quem nos tenha ofendido e temos algum apreço e carinho pelos nossos canídeos. Além disso, conheço muitas pessoas que trabalham ou trabalharam no Grupo Sonae para saber que em qualquer empresa do engenheiro Belmiro só se pode ser isso, principalmente a nível de quadros dirigentes.
O Fernandes não sabe que no PS está quem quer estar e todos são livres de pensar o que acham bem.
Lendo o blogue PS Lumiar encontramos muitas críticas ao Governo, principalmente de professores socialistas e no meu caso como militante de base e fundador do PS e até da ASP e da Cooperativa de Estudos e Documentação sou favorável ao Governo Sócrates porque que está fazer reformas necessárias e, portanto a governar, sem esquecer que Sócrates pode vir a ser o segundo PM desde 1974 a completar uma legislatura, depois de Cavaco, e desde 1834 será o terceiro chefe de Governo a estar quatro ou mais anos no poder em regime liberal ou democrático depois de Fontes Pereira de Melo e do já citado Cavaco. Pessoalmente nem conheço nenhum membro do Governo excepto o PM e muito mal e até sou militante dos Clubes Margem Esquerda e Utopia e membro da direcção de uma organização altamente desprezada e detestada pela comunicação social e partidos políticos, excepto pelo PCP, que é o Conselho Português para a Paz e Cooperação, tido como a secção portuguesa de uma organização comunista e quase terrorista que é o Conselho Mundial da Paz. Com outros comunistas e socialistas estive com a Frente Polisário em Tinduf na época das grandes batalhas com os marroquinos e em muitas frentes de luta e combate contra o Imperialismo Americano.
No PS não é necessário dar o lustre ao chefe e a grande maioria dos militantes acreditam numa democracia normal e progressista no âmbito das circunstâncias mundiais em que até o maior país comunista do mundo se tornou no maior país capitalista.
Curiosamente, acabo de ouvir o debate entre o director do Público e um tal Bento da SEDES e fiquei convencido que não há ali nada que se aproveite. O Bento diz que falta um pensamento estratégico para o País. Utiliza um termo militar sem especificar o que quer dizer com isso em tempos de paz. Pelos vistos ele não tem qualquer pensamento concreto para o País. Houve países que se desenvolveram com pensamentos estratégicos e cito em particular a Alemanha e o Japão com resultados catastróficos. Depois ainda diz que há um descontentamento difuso. Pois há, estamos num período de transição em que o capitalismo deixou de viver apenas da mão-de-obra barata para ter de viver de iniciativas de alto conteúdo em inteligência, e isso é um problema para os empresários e reflecte-se num sentimento de desorientação. Veja-se o caso do eng. Belmiro. Queria meter-se na PT e o Governo não facilitou a tarefa, mas o homem não percebe o que é o telefone de hoje e de amanhã. Nunca deve ter ouvido falar em VoiBuster, Skype, etc. e em telefonar quase de graça para todo o Mundo como faço diariamente no meu trabalho e em casa. O telefone móvel está saturado e o fixo vai sofrer uma grande quebra por via dos referidos programas, pelo que não são investimentos de futuro.
O Bento não citou o carácter catastrófico do documento da SEDES, mas falou apenas em descontentamento difuso e falta de confiança nos partidos e citou os casos caricatos de pessoas, expulsas dos seus partidos por corrupção e outros crimes, terem ganho eleições como a Felgueiras, o Isaltino e o Valentim. Tal como na também falada Itália, o eleitorado descontente preferiu o bandido ao mal difuso e hoje aquele país está entregue à ditadura televisiva do Berlusconi e às máfias que mandam em tudo, incluindo o lixo. Nem o exército as consegue dominar.
O Governo Sócrates tem um programa e um pensamento táctico e estratégico que está a pôr em prática. Antes, muita gente reclamava aquilo que Sócrates está a fazer, hoje criticam e precisamente porque querem sempre uma outra reforma, uma coisa que não lhes toque na sua vidinha sem grandes ambições e esforços.
No debate televisivo falou-se do peso do Estado sem referir ao Programa PRACE que já fez desaparecer mais de uma centena de direcções gerais para racionalizar o Estado. Criticou-se a ASAE que resulta da fusão de três serviços inoperante para algo que funciona e por funcionar é mau. Dias depois do deputado Botas do PSD do Algarve chamar Pide à ASAE, esta entidade apreende 50 toneladas de carne estragada, mas pronta a ir para restaurantes e supermercados. Quem sabe se o Continente não estaria entre os compradores? Espero que não. A muitos começa a faltar um certo sentimento de impunidade quanto a alimentos, etc. e o Bento da SEDES criticou isso. Talvez esteja a ser “prejudicado” pois parece que o homem é administrador de qualquer coisa e pugna pela excelência, mas pelos vistos não pela saúde alimentar, direitos de autor, pagamentos de IVA, etc., etc.
As inspecções do trabalho têm detectado nos últimos dias um grande número de irregularidades que põem em perigo a vida dos trabalhadores. Que grande maldade para os pobres empresários que não fazem seguros de trabalho, não compram equipamentos de segurança, etc.
O Governo Sócrates acha inaceitável que num país com o dobro dos professores por aluno e milhão de habitantes que a média europeia tenha resultados tão negativos em termos de eficiência escolar. Conseguiu obrigar os professores a trabalharem 35 horas semanais nas escolas e darem aulas de substituição para suprir faltas de colegas. Que horror? Que crime? Que mal estar para o Sr. Bento da SEDES. Agora quer avaliar os professores na base de um sistema justo porque baseado em muitos parâmetros, o que torna complicado. A justiça é sempre mais complicada que a injustiça ou qualquer fingimento de justiça.
O Governo instala mais de uma centena de Centros de Medicina Familiar e fecha algumas urgências nocturnas com pouquíssima utilização. Que mal-estar para os 350 mil portugueses que passaram a ter médico de família.
Sócrates foi criticado pelo PSD de fechar a embaixada no Iraque onde não temos interesses alguns e aquilo nem é país como fechou dezenas de consulados onde quase não há portugueses para gastar menos dinheiro.
Em tribunais de província com poucos processos juntaram-se secretarias de tribunal com secções de finanças para fazer economia de escala e procura-se especializar alguns tribunais para tornar a justiça mais célere e eficaz. Organizam-se os hospitais em agrupamentos não muito grandes nem muito pequenos para tornar a gestão conjunta mais eficaz e controlável. Vai arrancar agora o centro Hospitalar Lisboa Norte.
Nunca um governo agarrou com tanta energia a reorganização do Estado e o aumento da sua eficácia, mas é claro, estamos numa economia de mercado e o eng. Belmiro, como todos os outros empresários, são responsáveis pelo sector privado.
Mesmo assim, o ministro Pinho esforça-se por captar capitais produtivos e vão sendo feitas umas coisas, principalmente no campo das energias renováveis e não só.
No fundo, eu compreendo o director do Público. Falta matéria-prima para os jornais e outros meios de comunicação. Falta uma catástrofe nacional, um grande escândalo e o ideal até seria uma pequena guerra civil interna para vender mais jornais. Umas tropas sob o comando do general Garcia Leandro revoltarem-se, ocuparem São Bento e fazerem da nossa democracia uma réplica da República com 48 governos em 16 anos ou o presidente Cavaco dissolver a AR e convocar novas eleições como fez o presidente Manuel de Arriaga Brum da Silveira ao inaugurar a instabilidade que se prolongou por toda a vigência da República. Sempre dava matéria noticiosa, mas Cavaco teve um lucro de 750 mil euros na sua última campanha eleitoral e sabe-se lá de onde vieram os milhões gastos nas duas campanhas eleitorais e para quem eram os 30 milhões de euros que a Holwaldswerk (construtora dos submarinos P209) depositou na filial do BES em Londres.
Por mais que procure ver, não encontro diariamente no Metro uma única pessoa a ler um jornal comprado; só vejo com os novos jornais gratuitos. Imprensa escrita e telefones? Só à borla ou quase.
TEMAS: governo, partido socialista
Publicado por: DD às 00:03 Link do post Comentar