A RTP trata bem demais Marcelo de Sousa

A RTP entrevista Marcelo de Sousa de Moçambique com o Navio-Escola de Sagres como pano de fundo. Ficamos a saber várias coisas: a RTP trata bem demais o comentador, quase lhe concede honras de chefe de Estado quando o entrevista, ainda não percebi porquê a avaliar pelas pessoas - em número cada vez menor que o ouvem, além daquelas, ainda em menor número, que lhe dão ouvidos. Desta feita, o comentarista disse um conjunto sério de "novidades" que até a conjuntura internacional se admirou. Vejamos essas novidades:

- o mundo mudou e a Rússia também já não é a URSS. A Geórgia foi esmagada, o ditador Putin desejaria viver como os mafiosos do futebol com riqueza feita no petróleo, como Abramovich, os EUA deviam ter eleito a dona Hilária e não Obama no Congresso Democrata - apesar de Marcelo preferir o velhinho republicano MacCain, mais umas tantas banalidades que estamos fartos de saber. Ainda bem que Marcelo não foi a Castelo de Vide, senão enjoava os jovens com esta definição redundante da conjuntura internacional: o mundo mudou, a Rússia também mudou. Ainda pensei que dissesse que o Papa já não era o mesmo no Vaticano.

Marcelo ainda não percebeu que o mundo está-se a marimbar para as suas preferências e desejos, e os portugueses também não apreciam aqueles analistas que vão para a tv dizer o preferem ou rejeitam.

Em relação a Ferreira leire e ao psd era, por demais, previsível que Marcelo dissesse que Leite falou muito bem, nem se engasgou e que o partido vai na senda certa para a derrota, perdão, da vitória. Basta que peça "maioria absoluta", desde que Sócrates, pelo PS, também a reclame. Confesso que esta estratégia do Marcelo ainda se revela mais fatídica do que a estratégia do silêncio a que os conselheiros António Borges e Aguiar Branco "obrigaram" a srª Leite a seguir, pensando que o Governo ao cometer erros - eles poderão ser automáticamente capitalizados pelo psd de Ferreira leite.

Por último, confesso não ter percebido quer a tirada de Leite - reforçada por Marcelo quando ambos criticaram a postura do MAI, Rui Pereira - na luta contra a criminalidade no País. De facto, ninguém esperava que uma onda sem precedentes de nova criminalidade irrompesse pelo País. Depois, também não é novidade para ninguém que as nossas forças policiais precisam de mais armas, treino e actuação (preventiva e repressiva) nas ruas.

Mas daí a culpar Balsemão, dono da Sic e sócio nº 1 do PSD - pela cobertura em directo ao sequestro na agência bancária em Campolide - onde as forças policiais estiveram a 100% e Rui Pereira - também soube acompanhar com discrição e eficácia - esse crime, vai um passo que só revela o ridículo da candidata a PM, Ferreira leite, e a inveja política que Marcela tem de Rui Pereira. Quer enquanto académico, quer também enquanto agente político.

De facto, o comentarista está cada vez mais parcial, pior que o director do pasquim de Belmiro. Já faz lembrar aquele tempo em que tudo corria mal a Marques Mendes, sobretudo em Lisboa - onde interferia diáriamente perturbando a vida ao Prof. Carmona Rodrigues (então edil da capital) - e, ainda por cima, lhe atribuía 16 valores.

Depois também achei piada quando a jornalista lhe submeteu o nome de Seara... - o mesmo que não foi convidado para o festa de Verão do PSD em Castelo de Vide, mas foi convidado para a festa comuna no Seixal. De marcelo nem se ouviu uma palavra, e por uma razão simples: Marcelo não promove os amigos quanto mais os inimigos políticos. E é por essas e outras que ninguém gosta do homem que só gosta de si próprio. Ao comentador falta, essencialmente, humanismo e humanidade. O que lhe falta nisto sobra-lhe em parcialidade política.

Ele que gosta tanto de dar mergulhos no Tejo para ver se assim papa eleições, talvez em Moçambique tenha mais sorte, e se dirija para a proa do Sagres e dê mais um mergulhinho. Já agora, leve a bóia de salvação, que está mesmo ao seu lado, nunca se sabe...

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