domingo

Mª Ferreira Leite investiu em "imagem" e apareceu em Castelo de Vide, a "Sintra do Alentejo". Foi previsível, o punho fast-food de Pacheco estava lá..

Give us a sense of humor, Lord,
Give us the grace to see a joke,
To get some humor out of life,
And pass it on to other folk
Manuela Ferreira leite fez, nitidamente, um investimento em imagem e lá produziu a sua aparição em Castelo de Vide lendo, ponto por ponto, a cábula que Pacheco Pereira lhe escreveu.
Leu durante meia hora, no final saíu e não aceitou perguntas. De seguida Carlos Coelho, o mordomo de serviço do convénio, encerrou o evento. Isto revela bem a insegurança de Leite: perguntas só por escrito, ela dá, mas em diferido. Ou então enviem-se as mesmas questões para o mail-box de Pacheco Pereira, o autor do texto lido, que ele talvez responda. Com sorte, o velho maoista talvez tenha algumas reacções na Quadratura do Círculo - donde se poderia adivinhar boa parte da lenga-lenga que Leite verberou, sem tirar os olhinhos do papel.
Se na forma da comunicação foi isto que se passou, uma srª que chegou e leu um papel, sem expressão, sem sentimento, 100-nada, no conteúdo o texto estava organizado e visava, ponto por ponto, atacar o Governo em cada uma das políticas públicas e dos sectores mais prementes: desemprego, economia, Administração Pública, segurança/crime, e, claro, ao nível da imagem do próprio Governo - que, segundo Leite, não passa duma mistificação e só existe para enganar os portugueses. Até o desgraçado do Computador Magalhães - que é um sucesso - serviu de arma de arremesso. Naturalmente, isto compreende-se porque Leite, ainda é como Marcelo Rebelo, só escreve à máquina e envia fax's...
Tudo isto era - discursivamente - previsível. Assim, aparecer em público ou estar calada - a diferença foi igual a ZERO. Será caso para dizer, que Ferreira Leite teve, em Castelo de Vide, essa bela Vila do Alentejo, a Sintra do País, uma oportunidade de bronze para estar calada. Também já ninguém se admiraria ante tanta omissão e vacuidade intelectual.
O desemprego e o crime aumentaram, as pessoas emigram, a produtividade e a competitividade económicas também falharam, logo, conclusão óbvia de Ferreira Leite: o Governo só investe em imagem e em propaganda, manipulando os números e fazendo show-of dos resultados através das suas acções de propaganda. Era de esperar...
Em parte, sejamos sérios, tudo aquilo que Ferreira leite disse do Governo socialista em funções desde 2005 - poderia ser replicado pelo PS se fosse o PSD que estivesse no Governo. Quem está no Poder - acaba sempre por cometer erros, abusos e até excessos. Por vezes, esses excessos podem até traduzir-se nalgum corte de "apoios, perseguições e demissões". Não é por vivermos em democracia que isto desaparecerá definitivamente da cena pública. Nem as nomeações públicas, etc, etc...
Mas para isso é que serve o Parlamento - para fiscalizar a acção corrente do Governo e denunciar, caso existam, esses tais excessos do exercício do Poder. E aqui Sócrates tem, quer se goste ou não, dado não só lições de permanência no hemiciclo - como também tem ganho todos os debates parlamentares, e é isso que, naturalmente, irrita o PSD e as várias lideranças que ao longo destes últimos três anos se têm sucedido à velocidade da luz.
O PSD tem mudado mais depressa de líder (Durão, Mendes, Santana, Meneses e Leite, tudo isto em 3 anos!!!) do que o Governo socialista em funções tem mudado de ministro da Administração Interna, para desgosto de Ferreira leite - que só revela a sua ignorância política e inoperacional em termos de segurança ao pedir a demissão de Rui Pereira.
Não é a fazer considerações sociológicas sobre as barracas e o crime que Leite vai a algum lado. Nem ela nem Pacheco Pereira, o redactor do texto lido por Leite. Que, de resto, pedem mais escolas/Educação, mais hospitais/Saúde, mais e melhores acessos/Vias de Comunicação, mais postos de trabalho/Emprego, menos crime/Segurança. No fundo, Ferreia leite, ainda que não tivesse dado conta disso, veio reclamar mais reformas na sociedade e na economia de molde a aumentar a produtividade e competitividade nacionais.
Até parece que Ferreira leite (e Pacheco Pereira) estão a copiar o Programa do Governo e a decalcar a acção política corrente de Sócrates, não obstante a alta do petróleo, a crise do endividamento e do crédito e o conjunto dos factores (exógenos e endógeneos) que acabam por condicionar a boa acção de qualquer governo, economia e sociedade.
Contudo, recordo-me de um caso que me chocou, e que levaria (no meu entender) à imediata demissão da srª Margarida Moreira, da Direcção de Educação da Região Norte, por ter censurado e denunciado alguém que em privado terá alegadamente difamado o PM. Sócrates perdeu aqui não apenas milhares de votantes, como uma oportunidade de ouro para demitir esta "carraça" da Administração Pública nacional. É óbvio que esta srª deveria ter sido demitida na altura. Mas no tempo de Governo do PSD e de Cavaco - estes excessos eram recorrentes, a quebra de apoios que Leite fala uma constante, as demissões dos "ajudantes" do Governo uma prática visível. Na altura, Leite andava caladinha que nem um(a) rato(a). Por isso, não tem qualquer legitimidade para falar como fala.
Portanto, a práxis do poder comporta - ela própria - alguns dos defeitos enunciados pelo discurso de Pacheco Pereira que Ferreira Leite leu, os quais, curiosamente, são tão imputados ao actual PS como o eram ao tempo de Cavaco, de quem Ferreira Leite foi ajudante e depois ministra. Tal deve-se, em parte, à própria personalidade mais austera e reservada que - em comum - têm Cavaco e Sócrates, apesar da diferença geracional entre ambos. Muitos desses excessos, são cometidos pelo aparelho dos partidos, pela Alta administração pública - que, por vezes, escapa ao ângulo de visão do PM - que anda mais preocupado acerca do modo como faz subir o investimento, cria novos postos e trabalho, moderniza a economia e o tecido social.
Preocupante é, além da (in)segurança, a pobreza e o fosso entre ricos e pobres em Portugal, que nos afasta da Europa onde estamos integrados. Apesar de essa pobreza - em termos absolutos - ter vindo a diminuir nos últimos anos, essa diminuição é tão ténue que exige, doravante, um reinvestimento e reforço e inovação dos programas sociais tendentes à erradicação das condições geradoras de pobreza em Portugal.
Isso resolve-se com um novo e mais ambicioso Programa Nacional de Emprego no País, envolvendo Estado, empresariado e sociedade.
Leite, no seu discurso, não apresentou uma única novidade, não apontou uma ideia ou caminho alternativo para Portugal. Aquilo foi um diagnóstico banal dos erros e insuficiências que qualquer Governo pode cometer volvidos anos de governação. Foi um decalque dos anos do fim do cavaquismo que Pacheco compilou em prosa a que Leite emprestou alta-voz.
De resto, estou até convencido que a forma como o Pacheco Pereira pensou e escreveu o discurso lido pela Srª Ferreira leite obedeceu ao seguinte critério:
  • Pacheco sentou-se à sua mesa de trabalho, ladeado por uma folhinha A4 e uma caneta (oferecida por Paulo Rangel);
  • Depois pensou em quem é que Sócrates era mais parecido em Portugal
  • Lembrou-se de Cavaco
  • Lembrando-se de Cavaco - elencou os principais erros e abusos de poder na parte terminal do cavaquismo

Et voilá - saíu o texto que Manuela Ferreira leite acabou por ler saído do punho fast-food de Pacheco Pereira.

O resto são banalidades que integram os prefácios de qualquer livro de Economia deixados por suspiros de António Borges, quando Leite refere as banalidades da inovação, competitividade e produtividade.

Ah, já me esquecia da poupança!!!!

Já agora, pergunte-se a Ferreira leite, que é ou foi administradora da banca (para inglês ver, é certo!!!), qual é a política económica do Totta/Santander nessa matéria, já que os tugas estão cada vez mais endividados...
Haja mais respeito pelos portugueses. Eles não comem discursos..., e também já estão fartos de discursos falsos e moralistas que se aproveitam das circunstâncias em que o País vive para - oportunísticamente - navegarem à bolina...

PS: Doravante, quando nos lembrar-mos daquele adágio popular que diz:

- a Montanha pariu um rato... -

Teremos de reproduzir a fórmula, mas no feminino...