A Educação e a valorização do currículo escondido.
A Educação tem forçosamente uma relação estreita com a Política - no sentido mais nobre que esta assume. Ela estrutura culturalmente as pessoas para os desafios do futuro como também integra um vector primordial no domínio de luta do próprio combate político. Mas a educação centra-se hoje num debate mais alargado, visando incluir no sistema de educação aqueles que por razões culturais, económicas e sociais têm mais dificuldade nessa inserção. Portanto, a Educação é uma alavanca para combater as desigualdades na sociedade em geral. Actualmente, refere-se muito o termo de educação inclusiva - que foi um conceito que a sociologia da Educação e do Desenvolvimento encontraram para recolher o apoio de todo o espectro político e, desse modo, racionalizarem melhor as políticas educativas que o Estado e as autarquias têm de conceber, planear e de executar em vista do bem comum. Naturalmente, este termo de educação inclusiva - por ter um cunho eminentemente social, aproxima-se mais da esquerda do que da direita, até porque os mentores dessas políticas educativas acreditavam que as novas escolas iriam proporcionar mais igualdade de oportunidades à generalidade das pessoas do que era possível fazer através das velhas políticas educativas de direita, muito selectivas e, por essa razão, empurrando para as margens da sociedade muitas pessoas com potencial - (mas sem meios) - que assim se viam arredadas ou marginalizadas do acesso a uma educação que as preparasse para vida e para os novos desafios. Portanto, a tendência foi passar a dar mais importância à igualdade de acesso do que ao currículo de per se. Naturalmente, esta nova política educativa (de esquerda) massificou o ensino. Mas o que seria preferível: manter um ensino restrito e, de certo modo, elitista, ou democratizar o seu acesso?! Que ganhos para a sociedade representariam uma e outra tendência: a de esquerda e a de direita?! Qual seria mais justa socialmente e, a médio e longo prazos, mais competitiva? A resposta parece óbvia... Manter uma postura conservadora sobre a educação seria permitir que as escolas em geral reproduzissem e interagissem com as outras instituições sociais de modo perverso, i.é, contribuindo para dificultar o acesso à igualdade de oportunidades de todas as camadas sociais, ao longo das gerações. Ora, era este mecanismo de (re)produção de injustiças no plano das políticas educativas que, a dado passo, teve que se combater e, no limite, eliminar. Até porque, como é sabido, às desigualdades de acesso a uma eficiente educação se somam, posteriormente, desigualdades sociais e económicas mais graves que desestruturam ainda mais a vida das pessoas que, por força do seu nascimento e condição social e económica, se perpetuariam numa situação de pobreza que seria de evitar. Daí a importância estratégica que a Escola representa hoje na sociedade post-materialista no 1º quartel do séc. XXI. Ou seja, esta preocupação - que é tão pertença do Estado como das autarquias em Portugal (e da sociedade em geral) - deve ser o dispositivo que comanda a nossa atenção para saber quais os meios através dos quais as escolas influenciam a aprendizagem de valores, atitudes e hábitos que devemos [saber] promover na sociedade. Valores esses que deverão enriquecer sempre o chamado currículo escondido que cada um de nós, em maior ou menor intensidade, tem. Portanto, não é hoje novidade para ninguém que as novas TIC e a ascensão da chamada economia do conhecimento estão a transformar as concepções de educação e trabalho no mundo actual. O ritmo da mudança tecnológica é tal que cria uma rotação muito mais rápida de ocupações do que sucedia outrora. Factores de monta que colocam, necessáriamente, pressões sobre a própria formação e a obtenção de qualificações que desejamos para enfrentar os desafios emergentes que o mundo contemporâneo coloca a todos. E por vezes, o que mais irónico, tanto se pode perder o trilho de uma profissão que se gostaria de seguir para a vida, como um projecto de modernização e desenvolvimento para o parque escolar do País, ou ainda - o que seria mais grave - o próprio comboio da modernidade. Daí a extrema importância em os profissionais da Educação - em arranque ou fase de plena laboração nas suas carreiras - procurarem actualizar as suas qualificações através de programas educativos continuados e - o que é essencial - baseado numa aprendizagem realizada pela Internet, já que é por aí que, doravante, se conquistam ou perdem oportunidades de modernização e desenvolvimento - que já não são compatíveis com a velhinha cultura do lápil e do papel - ainda tão fortemente enraizadas entre nós. Talvez por isso, é que muitos empregadores já permitem aos seus funcionários e colaboradores a formação no local de trabalho como forma de reforçar não apenas a lealdade como também incrementar os índices de competência das empresas e das organizações em geral, onde estão o Estado e as autarquias... Estas pequenas notas representam hoje mutações constantes e determinantes na funcionalização de toda a nossa sociedade, já que é do seu perfeito sucesso que geramos crenças e instituições, e até lideranças, que habilitam a sociedade a não trabalhar no futuro com os métodos e as ferramentas do passado.
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