quinta-feira

Ferreira Leite - a "fiscal" & testemunha abonatória

Já aqui sublinhámos a ideia pela qual a nova imagem de "princesa do social" que Ferreira leite quer fazer passar para o país é tão credível como amanhã o país acordar e ver Santana Lopes ser um petro-monarca da Arábia Saudita a influenciar os preços de petróleo nos mercados internacionais. A bota não bate com a perdigota. Ninguém acredita. Apesar de tudo, os portugueses podem ser piedosos, mas não são parvinhos e também não sofrem de amnésia colectiva.
Hoje, para além duma contratação do Benfica que recrutou mais uma vedeta para uma promessa que deixará o Glorioso a marcar passo no campeonato nacional, vemos a líder do PSD, a dona Manuela Ferreira leite - dizer que não tem que propôr ideias ao País - porque não é um governo sombra do governo em funções dirigido por Sócrates.
É óbvio que Leite não sabe onde está nem o que pensa ou deve pensar de Portugal. Com efeito, cabe ao Parlamento fiscalizar os actos do Governo, mas também, se não se fôr comesinho e restritivo como parece ser F.Leite, não se deve ficar apenas pela fiscalização (para isso já temos a ASAE)...
A oposição, se fôr credível e pujante, deve criticar com seriedade, imaginação e criatividade - de forma realista e responsável o Governo em funções - mas também propôr sempre uma alternativa em cada uma das políticas sectoriais: saúde, educação, agricultura, ambiente, cultura, segurança social, etc.
Falta essa visão de conjunto à dona Ferreira leite, e a pasta das Finanças (e a de tesoureira numa universidade privada) apenas lhe dão uma experiência fragmentada da gestão vida pública.
Hoje Ferreira leite aparece dizendo que não quer ser governo sombra do PS, mas se ela pensar melhor - e dada a contradição de posições que assumiu num espaço curto de tempo - ela constatará que ela constituiu-se em sombra de si mesma:
- Dantes, no governo de Durão, desejava o TGV (e com 4 linhas) agora rejeita-o;
- Dantes queria um Serviço Nacional de Saúde nas mãos do Estado, hoje prefere privatizar;
- Dantes nunca se lhe ouvira a palavra ou preocupações com o "social" - hoje vende essa pastilha aos tugas, embora estes só recordem a senhora por ter estrangulado fiscalmente as empresas e as pessoas para conter o défice orçamental que acabou por bater nos 6%. Talvez por isso Durão tenha fugido para Bruxelas...
Ou seja, Ferreira Leite, no espaço de 3 aninhos diz uma coisa e o seu contrário, ela é o original da desgraça e a breu da noite - agora em versão "social" e amiga dos pobrezinhos e dos desvalidos da vida.
Sem ideias, sem projecto, sem equipa, sem visão articulada do que é ou deve ser a governação de um País - Ferreira leite é a sombra de si própria. Sempre que vejo a senhora na caixa negra ocorrem-me três coisas:
1- Mudar imediatamente de canal, por antever a futilidade das palavras gastas de que é sempre portadora;
2. Supôr que irá dizer aos portugueses que tem escondido, algures ao tempo de Cavaco, um investimento diversificado a longo prazo que permita uma alternativa à Segurança Social (que o governo PS teve a coragem de reformar) - e que a dona leite desejaria privatizar, quiça com a mão amiga do Citigroup...
3. Um saco.., ou numa mala preta cheia de reformas que ela, Ferreira leite - ainda não anunciou ao País com medo de as ideias serem tão boas e luminosas que o Governo do PS se aproprie delas e lhe roube os louros. É assim que a "dama-de-ferro" pretende ganhar eleições...
Eis o perfil da dama-de-ferro que deseja ser PM de Portugal, mas que será registada na estória da Lapa como uma espécie de Secretária-Geral que arrumou o partido, e, pelo caminho, cilindrou dois indesejáveis do PSD: Meneses & Santana.
Só de se pensar o que Portugal perde pela dona Ferreira leite não partilhar as suas ideias com o País -, nessa política de lucros-cessasntes, faz-me supôr que estamos a viver uma aventura no Corno d' África.
Nos últimos 10 anos (na linha desgraçada de Marcelo, Durão, Mendes, Santana e Menses) Leite será um (mais) um player a enterrar vivo o PSD de Sá Carneiro. E quando ele estiver semi-defunto - ela será convocada para testemunha abonatória.