quarta-feira

Previsões do Banco de Portugal... As aparições de Constâncio são piores do que uma ida à bruxa: maus prenúncios

Nota prévia do Macro:
As aparições de Vitor Constâncio são sempre um mau prenúncio: agoira mais do que acerta. Além de se passear no Terreiro do Paço de Finantial Times nas mãos, ser omisso e laxista na averiguação e fiscalização das operações de of-shores de bancos privados (com que se devia preocupar a fundo e do forma preventiva) que dessa maneira escapam ao fisco e ludibriam as autoridades monetárias nacionais - a "Dona Constança" - sempre que aparece é para personalizar a figura do "espantalho" montada nessas searas do Portugal-profundo. O resultado final por vezes é subvertido pelos factos, e nem sempre a desgraça proclamada de Constâncio está à porta. Ele é economista, por isso padece das vistas curtas próprias dos economistas - tout court, pois basta que as energias renováveis arranquem em força na Europa, o Nuclear (de que ele próprio - pasme-se!!!! - já começou a falar por referência ao exemplo finlandês. Até já se defende um referendo popular ao tema como forma de sair do impasse e, desse modo, introduzir a questão em Portugal - por forma a diminuir a nossa dependência da economia gananciosa do petróleo. Com esse decréscimo da procura o preço do crude baixaria substancialmente, a confiança regressaria aos mercados, o investimento e a confiança retornariam e aqueles números relativos ao crescimento poderiam revelar-se falaciosos.
O Banco de Portugal terá de ser perguntar que papel poderá ter na economia nacional para além de personificar o sistemático espantalho (do investimento directo estrangeiro). Que não raro é ignorado, pois os pardais continuam lá a pousar...
Invente-se um novo papel para a "vaquinha sagrada" na sociedade portuguesa representado por Constâncio.
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Previsões do Banco de Portugal 2008-07-16 00:05
O Banco de Portugal reviu as projecções em baixa, confirmando que a economia vai travar este ano. Vítor Constâncio deu outra má notícia: a crise vai continuar em 2009. Os problemas que chegam do estrangeiro são a principal razão.
Luís Reis Ribeiro
A crise económica vai continuar até 2010, prolongando o ciclo de empobrecimento dos portugueses e a divergência do país face aos níveis de vida europeus, mostrou ontem o Banco de Portugal (BdP).
As previsões do banco central, ontem divulgadas no boletim económico de Verão, indicam que a economia vai crescer bastante menos do que o esperado: 1,2% este ano e 1,3% no próximo. Há seis meses, os cálculos do BdP apontavam para 2% e 2,3%, respectivamente. O prognóstico do Governo, tornado público há dois meses, dizia 1,5% em 2008 e 2% em 2009; o Fundo Monetário Internacional (FMI), cujas previsões o Executivo de Lisboa qualificou de “demasiado pessimistas”, apontava em Abril para 1,3% e 1,4% naqueles dois anos, respectivamente.
Ao Diário Económico (ver pág. 38 e 39), o Governo diz que não há necessidade de rever as suas metas para a economia. Citado pela Lusa, Fernando Teixeira dos Santos, ministro das Finanças, aceitou que as previsões do Banco de Portugal reflectem “uma situação particularmente delicada e difícil da situação económica internacional [...] em que se desenvolverá a economia portuguesa”.
Já Vítor Constâncio, o governador do banco central, foi ontem ao Parlamento fazer um retrato desanimador do cenário económico do próximo ano e meio: disse que as perspectivas de 2008 e 2009 “são marcadas por um fraco crescimento da actividade”. E conclui que a expansão de 1,2% para 2008, ontem apresentada, pode vir a ser mais fraca (a probabilidade de ser inferior é de 59%) e que a de 1,3% para 2009 ainda é mais arriscada (probabilidade de 66% de ficar abaixo).
E porquê? Constâncio diz que as dores de crescimento da economia portuguesa são praticamente todas importadas do exterior, onde há poucos sinais de alívio: a quebra na procura externa dirigida à economia, os custos do crédito (taxas de juro) crescentes, o choque petrolífero e a subida do euro são referidas, por esta ordem de importância, como as barreiras que determinaram as fortes revisões em baixa. No entanto, Constâncio relembrou que, crise internacional à parte, a economia está hoje internamente mais forte, elogiando as reformas iniciadas, como a consolidação orçamental, da Administração Pública e da Segurança Social.
Os números do BdP mostram que a crise mundial chegou à economia doméstica em várias frentes: haverá menos consumo face ao que era esperado há seis meses, muito menos investimento face ao previsto, os exportadores vão vender menos do que se previu no Inverno, a economia terá de se endividar ainda mais em 2008 e 2009 para não crescer menos de 1%. Em contrapartida, a inflação foi revista em alta.
Constâncio sublinhou que a adversidade e a incerteza externa crescente, fruto da crise que rebentou em Agosto nos mercados financeiros e de crédito e que rapidamente alastrou às economias reais de todo o mundo, continuará a condicionar Portugal, não concretizando até que ponto. Incerteza é uma das palavras de ordem do boletim: aparece 23 vezes em 45 páginas de análise sobre a situação económica.
O impacto dos choques externos na economia portuguesa
1 - Valorização do euro rouba competitividade
O euro tem vindo a valorizar de forma contínua face ao dólar, tendo ontem atingido um novo máximo (1,6038 dólares). A subida do valor da moeda faz com que os produtos da zona euro percam competitividade quando comparados com os bens denominados em euros. Os efeitos são visíveis tanto do lado das exportações, como na própria economia da zona euro, que se torna mais permeável à entrada de bens norte-americanos.
2 - Preço do petróleo dispara e pressiona economia
A desvalorização do dólar, provocada pela crise dos EUA, é um dos muitos factores que têm contribuído para a escalada do preço do petróleo – o brent fechou ontem nos 138,6 dólares. O aumento da procura e a entrada de investidores financeiros no mercado das matérias-primas são outras razões para a subida dos preços. Como consequência, o aumento dos preços dos combustíveis esmaga o poder de compra dos consumidores.
3 - Procura externa abranda e prejudica as empresas
Com o estalar da crise, a procura externa dos produtos portugueses caiu, pressionando ainda mais as empresas, a braços com o forte arrefecimento do mercado interno. Se em 2007 a procura externa cresceu 5,1%, este ano o Banco de Portugal prevê um abrandamento do ritmo para 4% e um recuo para 3,7% em 2009. Perante o abrandamento da procura, espera-se que as empresas adiem as suas intenções de investimento.
4 - Aperto dos critérios de concessão de crédito
Foi uma das primeiras consequências da crise e tem-se agravado com a subida dos juros na zona euro. Retraídos pela conjuntura adversa e pela subida do incumprimento, os bancos aumentaram os requisitos de acesso ao crédito, tornando a sua concessão mais difícil. Por outro lado, os ‘spreads’ praticados pela banca nos empréstimos conseguidos também subiram, reflectindo a maior percepção.