segunda-feira

A Prostituição e a Lisboa Boémia do séc. XIX aos Inícios do séc. XX - por José Machado Pais -

A Prostituição e a Lisboa Boémia do séc. XIX aos Inícios do séc. XX Editorial Querco, 1985

Nota prévia/Macro:

Autor à esquerda, obra à direita: José Machado Pais é aquilo que se denomina um sociólogo denso e de boa formação. Dispensa apresentação, cada um dos seus livros fala por si e reflecte um saber cruzado, interdisciplinar que deixa poucas variáveis fora da análise. Conduzido por uma curiosidade espontânea, partindo de contingências e curiosidade e até banalidades integrantes do nosso quotidiano - rápido chega a conclusões sólidas povoadas com um universo de significações que nos ajudam a compreender os fenómenos que trata. São essas mediações entre os níveis particulares e globais, os níveis subjectivo e objectivo - que o sociólogo nos dá em cada uma das suas obras uma pincelada firme acerca das identidades que se propõe caracterizar. É assim José Machado Pais, um sociólogo tão discreto quanto eficiente e abrangente, senhor duma obra que já ultrapassa a vintena de monografias em Portugal, e, agora, curiosamente, irrompe no mercado aquela que foi a sua 1ª Obra, data de 1983, cujo título é - A Prostituição e a Lisboa Boémia - do séc. XIX aos inícios do séc. XX. Mas o que é mais curioso no perfil rico deste investigador e docente é que a exploração dos caminhos e dos temas que escolhe para trabalho - acabam por situar-nos numa encruzidalhada e, a dado passo, nós próprios, leitores, já não sabemos se somos só leitores ou também players duma trama do quotidiano que não podemos deixar de integrar: seja como sujeitos activos, seja como sujeitos espectadores/passivos no complexo de todas essas mediações sociais. As quais nem sempre obedecem a uma lógica de demonstração, mas sim a uma lógica de descoberta permanente, na qual a própria realidade se insinua, e a que este título, já com 23 anos (uma vida a que muitos rins, corações e figâdos não aguentam!!!) - constitua uma importante realidade social do nosso tempo que não deixa nenhum de nós indiferente. Julgo que só alguns sociólogos conseguem realizar tal proeza...

Viajar até à Lisboa Boémia do séc. XIX é conhecer o tecido social desse mundo tido como marginal em que participavam fadistas, marialvas, toureiros, boleeiros, vagabundos, marinheiros e, naturalmente, prostitutas, chulos e proxenetas. É confraternizar, de certa maneira, com os espaços sociais dessa vivência boémia: as horas, as esperas de touros, as tabernas, os bordéis.[link]

Disponível na Livraria Apolo 70

Índice
Introdução 5
I - Elementos para uma sociologia do bordel 15
II - A prostituição, o poder e a moral pública no séc. XIX em Portugal 23
III - A Lisboa boémia 43
1. Fadistas e baiucas 45
2. Fadistas e aristocratas 50
2.1. Nas tabernas 53
2.2. Nas esperas de touros 58
2.3. Do marialvismo fadistola à aristocratização do fado 61
IV - Costumes e mudança na prostituição 71
1. Proxenetas 73
2. Chulos 77
3. Prostitutas 80
3.1. Origem e condição social das prostitutas 81
3.2. Esboço de uma estratificação das prostitutas 93
3.2.1. Usos e padrões de comportamento 93
3.2.2. Preços 102
3.2.3. Área habitacional 104
3.2.4. Zonas de giro 107
3.2.5. Clientela 112
V - À laia de conclusão 127