quinta-feira

A cadeira-baloiço de Durão Barroso nesta Europa desgraçada, velha, cega - ajoelhada ao petróleo

É fácil imaginar que esta é a cadeira-balouço que Durão barroso usa para se sentar na sua Comissão de Bruxelas na Europa - destacado que foi pelo governo português de então. Ou seja, todos os dias, pela manhã, Durão balouça-se e como todos os balouços - anda para cima e para baixo, seguindo os verdadeiros donos do mundo. Uns discutem, outros fingem que discutem, mas só ouvem e acatam ordens. Os que discutem mandam; os que só acatam ordens dos grandes poderes europeus seguem as regras by the book, mas nunca chegam depressa a qualquer sítio. Durão - nesta sua comissão de serviço em Bruxelas - afigura-se assim uma espécie de montador do balouço - anda para cima e para baixo - mostra-se mas, na realidade, não consegue mostrar aos povos da Europa a direcção para que todos deveriam olhar. O tal enxame de abelhas condensadas num só vôo e seguindo uma só direcção. O Tratado de Lisboa ainda deu algum élan a Durão mas a sua flagrante falta de iniciativa política e de visão para a Europa - faz com que ele ande sempre para cima e para baixo no velho balouço. Um balouço corporativo, limitado a consolidar, a banalizar as permissividades delirantes mitigadas com a anarquia de um mundo dos negócios e de uma economia de mercado caídos numa economia puramente especulativa; que apenas favorece e legitima as desregulações e as deslocalizações e fugas de capitais que têm sacralizado e sabotado as moedas neste assalto conhecido que hoje os ditadores do petróleo têm imposto ao mundo. Isto até parece uma tirada do Louçã contra o consolado de Durão, mas não é. É apenas o up & down do balouçar de Durão na sua Comissão de serviço bruxelense. Um mandato cujo resultado não envergonha só Durão mas o país de que é original. Falar só línguas não basta. E em certos casos, mais vale o franciú do dr. Mário Soares do que aquele aparente cosmopolitismo da Junqueira em permanente pose de Estado com sede temporária na Europa. Aí reside a impostura, aí reside a ambição de quem não tem capacidade é crime, como diria Chateubriand. Esta é a Europa de Durão, a mesma que também se ajoelhou ao crude e agora - como uma ave presa de um derrame de tanque-petroleiro que cruzava os mares - já não anda nem para cima nem para baixo, como o balouço, apenas afoga-se diante todos.