quarta-feira

Ironia do destino: enquanto o ditador Brejnev negociava o SALT desmaiava às mãos de Carter. Recordar Gorby...

Brejnev à esquerda, Honecker à direita. Mais um traço da Guerra Fria e as contradições de um regime que agoniava sob as fraquezas do Império que gravitava em torno de Moscovo.
O SALT II, ou Strategic Arms Limitation Treaty, previa que ambas as partes reduzissem a 2400 cada os seus lança-mísseis, depois de o SALT I, assinado em 1972 por Brejnev (na foto) e Richard Nixon, ter congelado a colocação em terra de mísseis balísticos intercontinentais e interditado a construção de novos mísseis para submarinos.
O encontro terminou meia hora antes, relembra a BBC, porque o secretário-geral do Partido Comunista da URSS se sentia demasiado frágil. Já havia tropeçado quando deixou a embaixada soviética na capital austríaca.
Quase a desmaiar, teve de agarrar a mão do interlocutor norte-americano. Ficou evidente, segundo o jornal The Washington Post, "uma atmosfera de tolerância e até de companheirismo" entre os dois líderes, apesar das divergências, que "não ameaçavam a paz mundial".
A assinatura do SALT II foi o culminar de longas negociações e o reflexo do empenhamento de Carter e Brejnev em chegar a um compromisso mínimo em circunstâncias adversas. O Senado em Washington recusou ratificar o tratado, a 3 de Janeiro de 1980, como protesto contra a invasão soviética do Afeganistão. Carter emitiu uma declaração garantindo que cumpriria o estipulado. Moscovo agradeceu.
Obs: Com Yeltsine o espectáculo era ainda maior: metia-se com as secretárias em público, denunciava os efeitos do seu alcoolismo - e só não caía porque tinha sempre um segurança a ampará-lo... Gorby - de entre os homens de Moscovo, era o que tinha mais dignidade, o único que fez a Glasnot e a Perestroika e, no entanto, foi o líder que mais maltratado foi pelo sistema, exterminou a Guerra Fria e deu cabo do muro de Berlim - com a ajuda de Reagan. Será aquele que, porventura, a história melhor tratará. Ainda está vivo e mexe.