quinta-feira

Avelino Ferreira Torres é um entertainer com alguma perigosidade...

Nota prévia do Macro: É por causa de cromos desta índole que Portugal há muito se transformara num País a meio caminho do trágico e do cómico, de modo que já não sabemos em que momento devemos chorar ou rir. Avelino Torres, que granjeava o apoio de Nobre Guedes e de Paulo Portas aqui há uns anos, entra no tribunal e insulta o procurador, acusa o tribunal de tendencioso e à saída dá mais um ar da sua graça com maneirismos verdadeiramente cómicos. Pensei mesmo tratar-se de umas filmagens para um novo filme sobre mafiosos à portuguesa, mas não... Noutra latitude, Alberto João Jardim cunha de "bando de loucos" os deputados regionais da Madeira - e perante esse facto cavaco - que parece ser o PR de todos os portugueses - pouco ou nada diz. Pergunto-me por que razão estas coisas sucedem desta forma atávica. E a resposta mais plausível que encontro nesta esquina do tempo é só uma: Deus resolveu pôr no mundo estes cromos para animar a malta, sobretudo num País tão triste quanto melancólico como é Portugal - que hoje já não sabe bem como há-de viver a crise que afecta todos.
SOBE O PANO...
Torres desafia tribunal e insulta procurador
Avelino Ferreira Torres foi igual a si mesmo no julgamento que ontem começou no Marco de Canaveses e onde é acusado de três crimes de abuso de poder, um de corrupção, outro de extorsão e um último de peculato.
Sem papas na língua, afrontou a juíza e pôs em causa a independência do Ministério Público. 'O senhor procurador é tendencioso', afirmou o ex-autarca quando pediu a palavra e depois de ter dito que não prestava declarações sobre as acusações. Foi de imediato advertido pela juíza, com quem trocou argumentos sobre quem tem autoridade no tribunal. 'Aqui, comigo o senhor não fala assim. Não vai tecer considerações pessoais sobre qualquer interveniente neste tribunal, incluindo o senhor procurador', avisou Teresa Silva. Avelino respondeu: 'Então tape-me a boca.' A juíza voltou a adverti-lo: 'Tapar a boca não é expressão que se use neste tribunal.'
Ferreira Torres reagiu e, de olhar cerrado sobreamagistrada, continuou: 'Não admito lições de moral quando sou mais velho do que a senhora.' O diálogo foi subindo de tom, com Teresa Silva a tentar que o arguido acatasse as advertências do tribunal para se manter em silêncio.
'A idade aqui não conta, senhor Avelino', disse, lembrando que no tribunal tem de se falar com correcção. 'Lá fora é que pode falar como entender', continuou a magistrada.
CAI O PANO