terça-feira

António Vitorino "obriga" Cavaco a falar e deu aos tugas uma metáfora da Madeira de Alberto: "o touro da Baviera"...

As leituras que aqui fazemos são exclusivamente pessoais, por isso qualquer erro ou desvio interpretativo é apenas da nossa responsabilidade. Todavia, apreciei ver hoje António Vitorino no seu Notas Soltas - comparar o "feitor" (a expressão é minha) da Madeira a Franz Joseph Strauss (ministro de K. Adenaur que teve um cv impressionante) não obstante os erros que cometeu.
Nesse sentido, compará-lo a Alberto João é uma injustiça relativa tremenda para Strauss - 1º membro do Bundestag (Parlamento Federal), ministro para os Assuntos Especiais no 2º governo de Konrad Adenauer, depois ministro da Energia Nuclear e fundador de um partido de grande incidência local - o CSU - Christian Social Union of Bavaria; Alberto João - no seu cv conta com 30 anos de caciquismo, três décadas de ofensas e injúrias (à classe política e aos jornalistas) - digo eu - muitos milhões de cts transferidos pelo "contenente" e, claro está, uma obra de betão digna de um Ferreira do Amaral que ora até Jaime Gamas (2º figura do Estado) - que um dia cunhou Alberto de "Bokassa" (de Bokassa!!!") - o elogia publicamente num registo que hoje nem Marcelo consegue perceber se Gama está falando sério ou sendo irónico... Creio que nem o próprio Gama saberá, tamanha a confusão de registos em que o próprio Alberto cristalizou os seus interlocutores, alguns dos quais também ilhéus. Pergunto-me se não haverá aqui uma solidariedade mais forte e profunda que remete para essa insularidade e que, em boa medida, justifica as declarações abstrusas de Gama?! Ter ensadecido também é uma alternativa explicativa, como defendem alguns sectores no Parlamento...
Seja como for, creio que a ideia nuclear de AV foi a de comparar Alberto a Franz Josef Strauss - pelo facto de, tal como este - aquele nunca teve, tem ou terá uma dimensão nacional, porque ficou prisioneiro da sua pequena dimensão regional, tal como Strauss, salvaguardadas as devidas distâncias entre um e outro. Pois Strauss viveu o pós-Guerra em tempo de reconstrução social e económica altamente problemáticas; o Alberto da Madeira, ao invés, vive hà 30 anos em tempos de "vacas gordas" e faz um banzé birrento (ofendendo todos os ministros das Finanças da República - que ele nunca respeita) sempre que não obtém do ministro do Terreiro do Paço em exercício de funções o montante e os termos do capital que ele - Alberto - desejaria obter para satisfazer as respectivas clientelas - pelos jornais amigalhaços e pela administração pública regional que ele empregou em toda a ilha. Por isso se diz, à boca pequena que o Alberto é o padrinho com mais afilhados na ilha..., excluindo do acesso a esses mesmos empregos quem não é do partido e apaniguado do Alberto João votando-lhe uma fidelidade canina. Daí a dualidade de sentimentos na ilha: ou o odeiam ferozmente, ou o amam caninamente.
Naquele grupo estão os que ficaram nas margens do sistema - cujos recursos e acessos o Alberto João politica e administrativamente telecomanda; neste grupo, estão aqueles que o adoram e o bajulam, ou seja, o "bando" de afilhados que, como se compreenderá, são aos milhares, dezenas de milhares... Pessoas que devem a vida, a carreira - e a carreira e a vidinha (senão mesmo a existência) - ao Alberto João. Por isso o defendem das "balas", se necessário for.
Se um dia o Alberto João os mandar deitar para ele passar por cima, essas pessoas, esses yes man - obedecer-lhe-ão e transformam-se num imenso tapete vermelho para o Alberto desfilar, como se estivesse no Lisboa fashion..., sem a presunçosa da Fátima Lopes, de preferência.

Nesse quadro de relações assimétricas, Alberto João Jardim é um pequeno ditador que, par hazard vive em democracia - mas que ainda desconhece o verdadeiro significado da palavra democracia, pluralismo, rule of law, tolerância, igualdade de oportunidades, decência, mérito e meritocracia e por aí fora... Basta falar com alguns madeirenses que estudaram e estudam em Portugal - sobretudo ao nível universitário - para confirmar esta generalizada convicção. Alguns, como eu próprio testemunhei nas décadas de 80 e 90 em caldo de cultura universitária - sempre que ouviam falar no nome de Alberto João começavam a espumar uma raiva indescritível... Algo profundamente visceral anti-Alberto. Com a passagem do tempo percebem-se as razões dessa fúria e raiva por parte de todos aqueles que ficaram ou foram postos precisamente nas margens do sistema...
Regressando à "vaca fria", ou seja, às declarações lamentáveis de Alberto (chamando aos parlamentares regionais um "bando de loucos") - que colocou Cavaco numa situação ultra-delicada e embaraçosa - a linha de sistematização de António Vitorino - aponta para que esses 6 dias de presidência na ilha sejam, de facto, uma eternidade. Serão, porventura, os dias mais longos da vida de Cavaco na Madeira, pelo que terá de fazer uma declaração para "puxar as orelhas" ao feitor da ilha - que a governa como se fosse o seu próprio quintal.
Há, pois, como sublinhou AV - "mais autonomia para além de Alberto".
Em matéria de Educação governo e sindicatos recuaram e acertaram posições. Resultado: haverá uma avaliação mais moderada e daqui a um ano a questão da Avaliação colocar-se-á de novo sobre a mesa. Até lá uma Comissão Paritária do ME e dos Sindicatos (que creio foi proposta pelo próprio AV) acompanharão esses resultados e proporão medidas, sugestões..
No mundo, i.é, na República Imperial - seria desejável que Obama começasse a granjear a maioria dos apoios dos superdelegados - que, ao que se supõe pela dinâmica da campanha, irão desempatar com voto de qualidade a renhida concorrência entre dona Hilária e Barack Obama. Pois quanto mais eles se digladiam maiores serão as chances de o candidato republicano assumir os comandos da Sala Oval, e este é um tempo de alguma rotatividade...
Felizmente, o mesmo não se deve (ou pode) dizer em Portugal..., porque quando se olha para a oposição da Lapa só apetece fugir (para Bagdad).