Lepidópteros e Carta para Paris - evocação de Fernando Pessoa -
Sempre que se passa alí ao Martinho da Arcada a memória transborda Fernando Pessoa: pelo poeta, pelo sociólogo, pelo politólogo, pelo gestor, plo tradutor, pelo publicitário, por tanta coisa útil e excepcional que dentro de Pessoa se manifestou e acabou por valorizar Portugal. Neste filão reproduzo aqui dois poemas deste génio talentoso que nos contagiou a todos. Vejamos Lepidópteros para depois conhecer a Carta para Paris.
Lepidópteros
Por entre a neblina
de dois copos de bagaço
vejo passar
a mulher-menina
sem norte.
Mais uma alma em fuga
que se aluga.
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Carta para Paris
Tenho andado a pensar,
meu caro Mário,
por que será que os poetas
sempre morreram
e ainda morrem
de cirrose, overdose, tuberculose
e outras formas de suicídio programado!
O inconformismo e a luta
dão-lhes uma vida filha da puta
(desgaste de energia
sem fim!).
Por isso não se pergunte
aos poetas da poesia
mas aos políticos da orgia
por que morrem assim?...
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