quarta-feira

A PÓS-GLOBALIZAÇÃO JÁ CHEGOU - defende e propõe o - Claro - de José Mateus -

A PÓS-GLOBALIZAÇÃO JÁ CHEGOU E É IMPRESCINDÍVEL CONHECÊ-LA
réplica a Rui Paula de Matos, do Macro Rui Paula de Matos, no Macro, teve a amabilidade de retomar e comentar um post do Claro sobre “pós-globalização". O que agradecemos, com sinceridade. Sobretudo porque o Rui pegou na coisa para discordar e debatê-la. O que é óptimo para quem se interessa por estas matérias. É óptimo debater a coisa da "globalização", saber do que falamos quando falamos disso. Tentar percebê-la em tempo útil e não passear por aí uma parafernália “conceptual” com cinquenta anos de atraso, como faz um certo bonzo salazarento do ISCSP, por exemplo. Discordo, como é óbvio, da crítica de RPM e até me atreveria a dizer que ele não leu com tempo o post sobre a “post-globalização” e os vários textos e eventos que ele linka… Até me atreveria a mais. A desafiar o Rui para uma leitura mais pausada. Mas, desta sua nota ao post do Claro, há uma coisa em que lhe reconheço razão. É esta: “Já agora, aproveito para sublinhar que os principais teóricos mundiais desse tema não são aqueles supra-referidos, que têm interesses legítimos mas muito sectoriais, mas David Held e Anthony McGrew.” De facto, por exemplo, Thomas P.M. Barnett, autor do livro "The Pentagon's New Map", não é um teórico, nem dos principais e nem dos secundários. Ele é apenas quem está a fazer o mapa… O que ele publicou é uma síntese (a possível...) de um trabalho diário, de muitos, anos no Pentágono, no U.S. Naval War College (onde é senior strategic researcher and professor), no Center for Naval Analyses, no Office of Force Transformation (onde é Assistant for strategic futures), no Institute for Public Research e outros onde tem trabalhado sobre estas matérias, desde a queda do muro, quando abandonou os seus trabalhos sobre a guerra fria e o afrontamento leste-oeste. E, acresce, que o livro não circulou muito (ou não circulou, mesmo) na Europa… Portanto, Barnett não é propriamente um teórico. Talvez que, dentro de alguns anos, ele seja debatido pelos teóricos. Por agora, o “mapa” é feito por ele. Daí o interesse em conhecer o seu mapa bem “pós-global”… e os seus conceitos de "gap" e "core" , que sustentam o sub-título de “The Pentagon’s New Map”: War and Peace in the Twenty-First Century. Ele mesmo define-se como “a strategist who expresses a new definition of how war and peace operate in this world...”. [...]
Uff, agradeço ao José Mateus os reparos, a concordância e, especialmente, a discordância e os desafios que aqui nos deixa. Com tantas referências, confesso, assustei-me. Mas sempre é um desafio mais interessante do que tentar rearrumar a clássica distinção entre direita e esquerda, apanágio de alguns burros ainda por desalfandegar no Terreiro do Paço que estão sempre a mastigar a mesma erva.
De facto, a leitura foi mesmo muito superficial e à pressa, mas quando nos adaptamos ao mundo da globalidade e, logo de seguida, temos de fazer um upgrade desse fenómeno emergente sem, contudo, apreender bem o fenómeno e as consequências do anterior - dizemos: algo aqui não está bem. Nos conceitos, na realidade e até nas nossas percepções. Tentarei ver o pensamento de Barnet, o homem do Mapa e, oportunamente, escrevinhar umas coisinhas a preceito. Que mais poderei fazer...
Em todo o caso, pergunto-me se neste mundo basculante não será possível ele ser ao mesmo tempo global e post-global!? A China consegue essa proeza relativamente ao comunismo e ao capitalismo. Nós, por cá, também temos capitalismo de mercado e de Estado; oligopólios do crude; e até, veja só, a dona Zita Seàbra foi para ao avental do psd, nem que seja para editar os livrinhos do Santana Lopes. Portanto, penso que nessas dialécticas vários mundos são possíveis coexistir, para o bem e para o mal dos nossos pecados.
Mas aceito a leitura mais pausada, talvez no próximo fdsemana. Seja como for, Barnett se está a gizar o mapa do mundo terá, necessáriamente, de ser (também) um grande teórico, pois terá de lidar com conceitos novos e correlacioná-los às realidades emergentes, depois - na linha de Kant - e do racionalismo da época moderna - aprendemos que não há nada mais prático do que uma boa teoria.
Tentarei actualizar-me em Barnett, mas promete - porque parece ser prospectivo e, nessa onda, ajuda a comprar futuros. Esperemos, agora, é que não nos calhem acções do bcp...