Zé Sá Fernandes - o autêntico "menino-guerreiro"
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Sá Fernandes interpôs uma acção popular contra a Câmara e a Bragaparques contestando a legalidade da permuta entre os terrenos privados do Parque Mayer, propriedade da empresa de Braga, e parte dos terrenos municipais da antiga Feira Popular, em Entrecampos.
O actual vereador do Bloco de Esquerda questiona igualmente a legalidade da hasta pública dos restantes terrenos de Entrecampos, onde a Bragaparques exerceu direito de preferência.
«Nós vamos requerer que se faça uma reavaliação dos terrenos. É absolutamente indispensável», disse o representante de Sá Fernandes, José António Pinto Ribeiro.
O advogado falava ao juiz do Tribunal Administrativo de Lisboa encarregue do processo, quando argumentava a necessidade de a audiência prévia marcada para hoje ser adiada, o que veio a acontecer, estando a nova audiência prevista para dia 25.
O director-geral da Bragaparques, que detém a sociedade P. Mayer, Hernâni Portovedo, afirmou contudo que empresa «não admite que se faça uma reavaliação» dos terrenos.
«Não é isso que está aqui em discussão, o que está em discussão é a legalidade dos actos da Câmara e da Assembleia Municipal de Lisboa», disse Hernâni Portovedo aos jornalistas, à saída do tribunal.
Para o autor da acção popular contra o negócio, Sá Fernandes, «a sociedade Parque Mayer não quer fazer a reavaliação dos terrenos, porque vai perceber-se que trocou carvão por ouro».
Sá Fernandes considerou que o juiz deu hoje «indícios» de admitir que se faça um «exame pericial».
Tanto a Bragaparques como Sá Fernandes afastaram a hipótese de virem a chegar a um acordo.
«Um acordo parece inviável. Não vale a pena estarmos a marcar prazos contando com um acordo», disse Rita Matias.
Também o director-geral da Bragaparques sublinhou que «a questão de um acordo não se coloca».
Sá Fernandes garantiu, por seu turno, que «o único acordo é o negócio voltar todo atrás», ou seja, com a declaração da nulidade da permuta.
A Bragaparques reafirmou a legalidade do negócio, tendo Hernâni Portovedo afirmado aos jornalistas que a permuta e a hasta pública se realizaram com base em «deliberações tomadas ao mais alto nível» pela Câmara e a Assembleia Municipal.
O director-geral da Bragaparques lamentou o adiamento da audiência prévia, que classificou de um «esquema dilatório».
«A própria Câmara não ter arranjado advogados para se fazer representar é, no mínimo, caricato», disse.
O juiz do Tribunal Administrativo encarregue do processo adiou a audiência prévia para dia 25 de Fevereiro porque a autarquia lisboeta não se fez representar e também devido à existência de novos documentos que podem vir a ter relevância para o caso.
Os documentos evocados pelo advogado de Sá Fernandes são o relatório da sindicância aos serviços do Urbanismo da Câmara e a acusação do Ministério Público no âmbito do processo-crime relacionado com os mesmos factos.
O relatório da sindicância concluiu serem passíveis de nulidade loteamentos aprovada em zonas em que o Plano Director Municipal (PDM) exige planos de urbanização ou planos de pormenor, que é o caso dos terrenos do Parque Mayer e da Feira Popular.
O Ministério Público acusou a semana passada o antigo presidente e actual vereador independente Carmona Rodrigues, os antigos vereadores Fontão de Carvalho e Eduarda Napoleão e o ex-director municipal Remédio Pires no âmbito do processo criminal sobre a permuta dos terrenos.
Diário Digital / Lusa
24-01-2008 13:43:00
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