Foucault: uma evocação necessária dedicada aos doidos que conheço. Recuperação da filosofia
Nesse contexto Foucault referia que os hospitais são estranhas zonas intermédias onde a doença e a saúde se transformam em estados ambíguos e relativos.
E o mais curioso é que há pessoas perturbadas, histéricas, agressivas, cheias de recalcamentos, castradas, narcísicas e egocêntricas e poderosamente invejosas - e é nesses sentimentos que ardem as suas emoções que fronteiram, não raro, nos 7 pecados capitais que colonizaram a condição humana. A novidade é que são tudo isso sob uma tremenda aparência de normalidade, por isso ninguém desconfia.., até abrirem a boca, até se relacionarem CARNE E OSSO, até saírem da cápsula em que vegetam e navegam como se de universos múltiplos de libertação sublime se tratasse.
Hoje lembrei-me de Foucault a propósito de alguns doidos que conheço e deambulam na cidade, alguns não saem de casa, mas mostram-se da pior forma. E é essa vontade de saber que nos parece, também, particularmente significativa. Pois há momentos em que a questão de saber se pode pensar e apreender as coisas de forma diferente é necessária para que continuemos a observar e a reflectir.
Mas o que é a filosofia senão esse atalho crítico do pensamento sobre si próprio, ainda que feito à custa de alguns doentes mentais que vivem sob aparência de normalidade!? Em inúmeros casos isto legitima aquilo que já sabemos acerca de certas pessoas, noutros permite-nos furar o limite de pensar de modo diverso.
Ora, é este pensar diferente que também esteve na raiz do pensamento de Michel Foucault, daí a razão de aqui o evocarmos num Sábado - feriado. O que nos permitirá, de caminho, perspectivar a loucura com uma espécie de assembleia de heterónimos (pessoano) que nos facilita a desdobragem dos pensamentos, i.é., das loucuras encadeadas.
E se isto goza de algum fundamento podemos, então, permitir-nos perguntar qual será o significado dessa loucura num cemitério?
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