A democracia da betoneira de que o Psd ficou prisioneiro
À falta de melhor tema ou problema para discussão a tsf agarra-se às migalhas da informação que a espuma diária vai regorgitando para a sociedade, e é assim que a rádio-rainha desta pasmaceira de País, uma espécie de camara de eco da populaça, vai fixando a sua agenda diária para aqueles seus fóruns com o sr. Manel Acácio. Que, segundo uns é "dótor", segundo outros é senhor", e segundo outros ainda é "senhor dótor". Em todo o caso, o facto de a rádio existir é mais vantajoso se não existisse. Por isso, a tsf até está de parabéns - se comparada com outras rádios.
Dito isto, como diria o Marcelo, vamos ao tema da vaca fria: as mais poderosas construtoras civis em Portugal, quiça descontentes com a democracia que temos, resolveram tomar a dianteira e serem elas a propôr ao desgraçado partido (digo bem, "partido") da Lapa, o psd, que aceite a ideia e/ou metodologia de implementar pactos de regime com o PS no quadro da determinação das obras estruturais que urge (ou não) fazer em Portugal nos próximos anos.
O PSD, que anda falho de ideias, liderança, estratégia e visão de futuro, aceitou o frete e depois tentou impingir a gosma ao PS - que disse não obrigado, e bem.
Então agora são meia dúzia de betoneiras, sem qualquer legitimidade popular, que se arrogam o direito de propor ao maior partido da oposição aquilo que ele deve agendar como tema de interesse nacional a seguir?!
Isto é do outro mundo. Se essas construtoras estivessem, de facto, de boa fé, elas próprias teriam ido alí para o CCB fazer uma conferência sobre a matéria, com meia dúzia de carolas que pensam a gestão estratégica do país, operam na área do ordenamento e planeamento do território e, depois duma discussão séria e fundamentada com estudos, proporiam um conjunto de medidas que poderiam (ou não) servir de guia para que os partidos da oposição, e também o PS, explorassem esse filão em sede parlamentar. Esta, creio, seria a metodologia mais adequado num regime de democracia pluralista onde impera o rule of law.
Mas não foi isto que foi feito. E o que foi feito é que um ou dois Teixeiras da Mota ou Engil e Soares da Costa deve ter agarrado no telefone e disse ao Meneses: "olha, se não controlares o agendamento de algumas grandes obras públicas em Portugal ficas sem o apoio das "betoneiras" para o financiamento eleitoral nas próximas eleições: autárquicas, legislativas e europeias. E o Meneses, submisso, percebeu a ordem e agiu em conformidade e lá fez o frete às construtoras propondo aquela enormidade de pacto ao PS para, a partir desse momento, as grandes obras públicas se realizarem segundo interesses de patos-bravos e não, como seria desejável, segundo um planeamento ordenado do território tendo em linha de conta as suas principais assimetrias regionais e índices de desenvolvimento que importa estimular e racionalizar.
Com efeito, esta tirada do psd diz mais acerca da sua própria condição política do que do estado das betoneiras em Portugal. Pois estas querem é facturar, nem que para isso tenham de construir uma 2ª ponte Vasco da Gama sobre o Palácio de Belém e S. Bento ou uma chaminé totalmente suspensa no ar.
Por seu turno, o psd, desnorteado, não sabe o que quer e aceita qualquer ideia, por mais estapafúrdia e ilegítima que seja, assim caberá ao PS manter o sentido de Estado e agendar esse debate para o Parlamento e não nos gabinetes das grandes betoneiras que em Portugal, além de se evadirem aos impostos, andam por aí a pagar facturas de Pub. pré-eleitoral ao Psd no valor de 200 mil cts e depois ainda têm a lata de vir a terreiro querer substituir-se à democracia representativa que julgo ainda existir em Portugal.
Gostaria de perguntar daqui aos Motas Soares, Texeiras Duartes & Compª se eles gostariam que fosse o deputado Anacleto Louçã a fazer a contabilidade das suas empresas!?
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