segunda-feira

Mourinho: Me, my self and I. Uma personalidade histriónica

Me, my self & I: O SÍNDROME DO NARCISO
Começo por dizer que Portugal merecia melhor. E quando digo melhor, digo mesmo melhor. Um líder com algum pensamento, alguém que não dissesse: "não quero a selecção, clubes nacionais, não quero porque não quero". Coisas assim, coisa de puto, birras, caprichos que acabam por condicionar a vida das organizações e envergonham aqueles portugueses que não indo à bola gostam de futebol, como é o meu caso e de muitos outros, certamente..
Apesar do sucesso desportivo que Mourinho atingiu no Chelsea é para mim discutível a forma como se posiciona no mundo do futebol. Por ter um palminho de cara, por ser milionário, por ter uns contratos publicitários onde aparece em D. Juan de doca a promover uns produtos alienantes, este pequeno embaixador de Portugal poderia ser mais discreto e não se apresentar no olho macroscópico das camâras de tv e dizer: eu sou especial..Só se for na verborreia e numa mania que só o limita.
Essa petulância que roça a arrogância e esbarra na soberba só revela insegurança, uma necessidade de afirmação bairrista e provinciana que mostra, afinal, que Mourinho nunca saíu do FCP e é um sub-produto do Pinto da Costa, mas mais novo, mais moreno e com mais cabelo.
O que critico nele é, pois, o seu padrão global de emotividade que o faz querer sempre o centro das atenções, e quando assim não é o homem desfalece e entra em turbulência. Se calhar já começou a ler o livrinho do Greenspan, ex-boss do Fed.
Vejamos então as razões que me levam a justificar o meu enunciado:
1. Mourinho sente um tremendo desconforto em situações em que não é o centro das atenções, daí o seu histrionismo;
2. Mourinho interage com os outros através dum jogo de seduções múltiplas, por vezes recorrendo ao método da provocação para atingir os seus resultados;
3. Mourinho exibe expressões emocionais que mudam à velocidade da luz e se revelam superficiais;
4. Mourinho usa sistemáticamente a aparência física para atrair as atenções sobre si, melhor fora desfilar na passarelle;
5. Mourinho tem um discurso que impressiona excessivamente mas é fraco nos detalhes, ou melhor, aquela prosa é duma pobreza terrível. Ele nos balneários deve prometer o paraíso e 12 virgens a cada jogador, e eles lá vão acreditando nas suas lérias e os resultados justificam essa crença. Veremos se o Camacho faz o mesmo no Benfica;
6. Mourinho dramatiza mais do que o Marcelo (já nem falo do fernando Seara, que é uma lástima), teatraliza, exagera emoções, tudo alí é um exagero, qualquer dia não cabe nos estúdios e tem de entrar pela tecto;
7. Mourinho considera-se um iluminado.
Mas para mim este Mourinho será sempre um "caga-milhões", uma espécie de Joe Berardo do futebol. E é por causa disso que os portugueses, os mais alienados, certamente, e não são poucos (espero que nenhum deles leia este espaço de análise) o apreciam: é rico, famoso, atingiu resultados, tem um palminho de cara, penetrou no mundo da Pub. e considera-se o máximo. Eu, confesso, como protuguês não me revejo nesse tipo de performance.
Pois o homem vende ao mundo uma ideia de que Portugal e os portugueses são ricos, famosos e arrogantes quando, na verdade, somos pobres, discretos e humildes, sobretudo na Europa. Mourinho fala como fala porque tem a conta bancária que tem. Por outro lado, ele tem de agradecer à fortuna da sorte os resultados que tem obtido, porque se há pessoa que tem tido sorte na vida é este Mourinho.
Quanto aos comentadores de serviço que se reportam a este epifenómeno, considerando-o um caso de sucesso global, à frente de políticos e empresários, diria que Marcelo já se tornou demasiado previsível nas suas análises. Diria também que ele não desiste de um dia ser Presidente da República, e já começou a pensar em Mourinho para ser eleito.
Esperemos que nesse dia Mourinho esteja no estrangeiro e se esqueça de votar.