domingo

The Great Pretenders: o casal McCann

Na vida habituámo-nos a julgar as pessoas com base nas aparências, em sinais exteriores que ajudam a traçar um perfil, um modo de vida e até uma personalidade. Do conjunto desses sinais (mistos), traços e vivências encontramos um padrão de comportamento. No caso vertente há inúmeras contradições, incoerências, sinais atípicos - de carácter, de comportamento, de relacionamento, em suma, de comunicação global. Seja entre eles (o casal), entre eles e os media e entre eles e as autoridades competentes que em Portugal e no RU estão a acompanhar as investigações. E aqui as contradições são gritantes, no caso dela, a srª Kate, foi ao ponto de se recusar responder a questões formuladas pela PJ tendo por preocupação única encontrar o paradeiro da filha, obter a verdade. E como a senhora se recusou foi em devido tempo constituída como arguída, e bem. Mas isto é um indicador entre vários da tal conduta sinuosa que aqui presenciamos na estratégia de comunicação deste estranho casal cujo background ninguém conhece em rigor.
Daqui podemos extrair uma grande conclusão, sem que ela, contudo, se aplique na íntegra ao casal referido, mas que denuncia uma coisa: os grandes impostores contam sempre com uma ocorrência assinanável à qual devem o seu "poder", neste caso tratar-se-á de um poder de ocultação de informação - que pode ser fatal para a globalidade da investigação.
Mas no próprio acto de enganar, simulando ou dissimulando, os agentes activos dessa marosca são sempre suplantados pela crença neles próprios, é isto que faz um great pretender, ou um grande fingidor. Creio firmemente estarmos perant essa situação.
E é isso que vejo este casal fazer, de forma tão empenhada, obsessiva e dedicada junto daqueles que os rodeiam: quer junto do Papa, quer na sociedade global onde têm angariado recursos para fazer valer a sua "causa".
Confesso aqui que nunca dei um chavo pela veracidade dos comportamentos e declarações deste casal, mas posso estar enganado e nem tenho sequer o direito de lançar este ou aquele estigma sobre alguém que até trânsito em julgado é presumido inocente. Mas neste caso terá de haver um auto-engano - se se pretende produzir um grande efeito, e se este casal produzir esse engano será meio caminho para o jogo das contradições vir à tona e os nós-górdios que montaram meticulosamente, como uma Penélope - [que de dia tecia e à noite desfiava o novelo para se manter ocupada e ser fiel ao marido que ela julgara perder na guerra de Tróia] - um dia virem a ser desmontados pela PJ e, se possível, provar aquilo que são as suas mais fundadas suspeições e hipóteses de trabalho.
Até lá o sr. Gordon Brown vai dando umas (estranhas) ajudinhas, um tal Mitchell (que aqui já comparámos a Al Sahaf ministro da Propaganda de Saddam) - vai assessorando e o casal representando, como se tivesse no Teatro Aberto alí em Sete Rios mostrando quão bons são em cena ou "na cena"... De igual modo, os portugueses também achariam muito estranho que amanhã o engº Sócrates vá em socorro do sr. Carlos Cruz tentando, assim, provar a sua inocência, pressionar os tribunais e apelar à opinião pública para fazer o resto do trabalhinho.
Ante isto, até apetece citar o tão genial quanto louco Frederico Nietzsche - dizendo que o Humano é demasiado Humano.
Mas uma pessoa nunca se esquece do sítio onde estava quando alguém lhe disse que a amava, nem do sítio onde morrem ou desaparecem os seus entes queridos e os seus amigos do lado esquerdo do peito.