Uma soberba irritante. Um discurso tão saloio quanto auto-destrutivo
Nota prévia: Mourinho tem-se em grande conta, mas eu pagava-lhe para não ser meu secretário.
21.09.2007 - 20h22 Lusa
José Mourinho, ex-treinador do Chelsea, recusou hoje a ideia de treinar a selecção portuguesa de futebol ou qualquer clube luso, preferindo “uma equipa grande”, dos “grandes campeonatos”, como Itália, Espanha ou Alemanha.[...]
Obs: Sou dos que não releva a personalidade de José Mourinho, que acho espanpanante, excessiva, arrogante, soberba mesmo... É óbvio que algumas qualidades ele terá na forma como treina e motiva os seus boys. Mas a fortuna que o persegue não é de somenos, depois as suas declarações - por regra - são duma petulância que roça a arrogância, o narcisismo e o (seu mesquinho) pensar o mundo faz crer que tudo gira em torno do seu umbigo.
Mas gostaria aqui de sublinhar que o acho um treinador mediano, como comunicador um bronco, seja quando fala português, seja quando fala inglês, o que agrava. Depois, deverá ser alguém para quem uma sugestão é lida como imposição, logo torna-se fácilmente caprichoso e arrogante e, in extenso, conflituoso. Abramovich ao pé dele deve ser um cândido discípulo de Madre Teresa de Calcutá. E como é multimilionário tem autonomia para reforçar esse seu défice de personalidade. Só por isso Mourinho fala como fala, i.é, com a mente entalada entre o figado e a bílis.
Resultado: numa frase é capaz de dizer uma multidão de pataculadas, a ponto de se dissolver, desmineralizar e diluir - nelas. Há, contudo, quem o ache objectivo, e um triunfo nacional no mundo, como faz o douto Marcelo. Pois para mim, é mais um símbolo dum certo novo riquismo saloio que pelo facto de ter obtido um certo número de vitórias confunde isso com fair-play, credibilidade e pretígio.
Hoje o mundo não falou doutra coisa, ontem também, parece que o Mourinho assumiu mais importância que as Nações Unidas, o combate à fome ou à Sida. Enfim, uma vergonha planetária - a que o mundo deveria meditar para não repetir, desde logo, os "chouriços" dos directores de informação que fixam o agenda-setting das suas grelhas alienantes - para vergonha do mundo civilizado e que pensa. Ou que pensa que pensa algo...
Há dois, três anos Portugal estava encharcado com os casos de pedofilia que "mataram" políticamente Ferro Rodrigues (despachado para a OCDE, sem, contudo, se curar do fundamento de tão graves acusações) hoje andamos alienados com o caso Madeleine (que parece não configurar-se na pedofilia) e para agravar as coisas, levamos com os discursos, ambições e gestão de carreira desse moreno presunçoso tipo D. Juan da Brandoa que julga ter alguma influência no mundo e que este, mesmo quando dorme, está sob a sua alçada.
Tal como a zaramago, se Mourinho mudasse de nacionalidade para mim seria um alívio, confesso. Não é que esteja alienado, sinta alguma inveja quanto aos seus títulos, méritos e competências (para mim todos discutíveis, menos a sorte que o persegue e bafeja) mas a forma como se posiciona no mundo - (eu isto, eu aquilo, eu aqueloutro) é de bradar aos céus. Até apaga os putativos méritos que o dito diz ter em quantidades industriais.
Para mim, após o que disse, ele nem para o Alverca servia... Talvez o club da Madeira do Alberto João...
PS: Qualquer dia ainda veremos Mourinho dizer ao mundo que é o verdadeiro responsável por duas coisas: a manutenção da monarquia no RU e a ascenção de Tony Blair ao poder e responsável directo pela colocação de Goldon Brown no Cabinet. Com jeitinho talvez Mourinho pressione Goldon Brown a dizer ao mundo qual a sua verdadeira relação com os pais de Madeleine... Seria um favor que fazia à PJ, à Madeleine, à Justiça e, em última instância à Verdade - que ainda anda foragida.
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