Paulo Portas: o cinismo e a hipocrisia em movimento
Quem não viu já PPortas em lares de 3ª Idade a distribuir bacalhaus e beijinhos com aquele ar de falsete aos idosos de Portugal em véspera das eleições?! Quem não viu já PPortas a olhar para a câmara para ver se está bem na imagem com aquele seu sorrisinho amarelo-pepsodente?! Apesar de secundários, estres traços revelam uma constante na sua maneira de estar na vida pública: resultante duma necessidade compulsiva em agradar, nem que seja por recurso aqueles expedientes que só enganam ou ludibriam quem já não conhece a "peça" nem consegue avaliar a forma mental como pensa e actua. Mas quem já conhece Portas não se surpreende, pois há muito que ele se tornou um homem previsível, mesmo para os de dentro do seu partido..., como recentemente verificámos com Ribeiro e Castro. Doravante, os problemas recomeçam com base nesta investigação que remonta ao passado recente - em que o dito PPortas teve responsabilidades no ministério da Defesa - que hoje diz processar por causa das fugas de informação, pasme-se, sobretudo vindo isto de quem vem, o campeão dessas mesmas fugas de informação em Portugal e até fautor e dinamizador de um jornalismo político verdadeiro assassino de personalidades então ligadas ao cavaquismo - quando aquele era director do Indy - entretanto extinto por rejeição do mercado. A 15 de Abril de 2003, um ano após a tomada de posse do Governo PSD/CDS-PP, Durão Barroso assinou uma resolução que iria provocar uma reviravolta completa no negócio dos submarinos: em Julho de 2001 a francesa Direction des Constructions Navales International (DCN-I) tinha a melhor proposta, com um preço inferior em 32,8 milhões de euros, mas em Novembro de 2003, com a mudança nos métodos de análise das propostas, o Governo adjudicava ao German Submarine Consortium (GSC), por proposta de Paulo Portas, a compra dos navios, com o argumento de que o consórcio alemão tinha uma proposta inferior à francesa em 106 milhões de euros.
Mas isto vai para além da responsabilidade (a apurar em sede de investigação) política e jurídica de PPortas, este problema remete-nos para um problema maior: o de saber o que encobre a palavra "consciência". É sabido que o mais vulgar é o sentimento medo de ser descoberto. Mesmo que actue farpeando o Estado - para inglês ver e/ou dissuadir a prossecução das investigações. É óbvio que o leitor inocente que nunca praticou nenhum crime não sente esse medo, porque não teme nenhuma investigação, pois está verdadeiramente inocente, mas se interrogarmos alguém que tenha cometido qualquer acto para o qual, uma vez conhecido, haja punição, constatará que esse alguém se arrepende do que fez assim que se sente descoberto. É óbvio que isto não se aplica ao gatuno profissional que encara sempre um certo de período de prisão como um risco inerente ao seu ofício, mas aplica-se já ao administrador de um banco que se apropriou de fundos que lhe estavam confiados (dos accionistas e dos depositantes), ao padre que foi à caixa das esmolas e vilipendiou as dádivas de Deus ou que sofreu de alguma arremetida sexual cuja paixão não conseguiu controlar, ou de qualquer outra paixão ou capricho pelo Poder, pela Influência, pela Autoridade emanada de algum agente político ou partidário que - não sabendo conter a sua fúria e ambição desmedida de poder - prevaricou. Daqui decorre que tais homens podem esquecer tais delitos quando há poucas probabilidades de serem revelados pelas polícias criminais e de investigação, mas se, ao invés, tais actos ilícitos forem descobertos ou estiverem na iminência de o ser, sobrevem-lhes o desgosto de, no momento em que governaram, de não terem sido virtuosos, e é esse desgosto que gera o sentimento de culpa (ainda que recalcado) e dissimulado como alguns jornalistas armados em políticos procuram fazer, embora comportando sempre uma terrível sensação da enormidade do seu pecado político. Sobretudo porque vivem na iminência de amanhã poderem vir a ser descobertos pelos alegados ilícitos que cometeram no âmbitos das funões políticas que na altura desempenhavam. Mas mais grave do que este sentimento de medo político - resulta um outro medo, igualmente indesejável: o de se tornar rejeitável pela sociedade. Porque, na realidade, um homem que fura as regras do jogo, simula e dissimula a todo o tempo, não paga as suas dívidas de honra, quando é descoberto não encontra nada em si próprio que lhe permita pensar que ainda pode ser útil à sociedade ou dela poder defender-se diante da desaprovação geral. Quando isto ocorre nada mais resta senão a "reflexão", antecâmara da partida para o exílio...
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