sábado

A força das caricaturas e da sátira do Fliscorno

Estas eleições intercalares em Lisboa colocaram um problema teórico-prático à democracia representativa: os dissidentes poderão ser considerados verdadeiramente independentes?
Consabidamente, Helena Roseta do PS e Carmona Rodrigues suportado pelo PSD nos últimos dois anos (apesar de independente) apresentaram-se mais como candidatos ressentidos com os seus partidos, PS e PSD. Aquela porque Sócrates não lhe respondeu à carta nem nunca a convidou para uma qualquer secretaria de Estado; Carmona poque foi vilipendiado por MMendes quando deixou de servir os interesses da liderança da S. Caetano à Lapa que hoje está como está, curiosamente por causa da ferida aberta pela perda da fortaleza de Lisboa para o PS.
Dito isto, faz pleno sentido que o blog Fliscorno tenha satirizado, com algumas derivas históricas interessantes que remetem para o tempo do cavaquismo e o triunfalismo dos fundos comunitários da então-CEE que viabilizou muita rodovia e a emergência da classe média que fez enriquecer o sector da Distribuição em Portugal cujo arauto é Belmiro-Sonae, o papel dos agentes políticos nestas eleições para Lisboa, parodiando - até duma forma artística - a representação política que cada um dos partidos teve na Capital.
O efeito de justaposição entre a sátira, o humor e o carácter cómico de toda a situação leva a que valha a pena visionar o referido blog e ler essas caricaturas da realidade.
Mas antes o autor deixa-nos uma reflexão mais séria, que enquadra a situação. Vejamos:
Este post conclusivo será formado pelas contribuições recebidas e por uma parte minha, a qual sumarizo a seguir para que a possam ter em conta. A democracia assenta no princípio do voto igualitário do individuo no processo de decisão. Em política significa a escolha dum programa eleitoral e dos respectivos executores. Questões:- o eleitor apenas pode usar o seu voto na eleição das propostas legislativas que lhe são apresentadas pelos partidos; os partidos não são necessariamente uma estrutura democrática; o eleitor não tem, universalmente, voto na escolha de quem o partido vai escolher para ser candidato; assim, em vez de democracia tempos antes uma espécie saco de rifas.- outras eleições, que não as legislativas, já têm um carácter diferente, havendo o conceito de candidato não partidário; há de facto "independentes"?; se um "independente" não corresponder ao esperado e não havendo um partido para ser responsabilizado, como se deverá proceder nessa situação?- é pensamento comum que o eleitor julga o mandando dos políticos no momento da eleição; deveria existir outro género de responsabilização pessoal pelos actos políticos? é suficiente a não eleição perante o não cumprimento do programa com o qual se fora eleito?- deveria existir o sistema do deputado como representante duma zona geográfica do país?