O balanço das eleições intercalares em Lisboa
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MARQUES MENDES & A ABSTENÇÃO Só não implodiu politicamente porque hoje as elites do Psd valem todas menos do que ele. Mas fica-lhe uma grande lição: nunca triturar quem caíu em desgraça; nunca infiltrar a CML de boys injectados pelo Preto e pelo Lipari rebentando com orçamento da autarquia em inutilidades, clientelas e vaidades pessoais; nunca transformar a CML num Centro de Emprego da S. Caetano à Lapa; e, já agora, nunca injuriar terceiros, porque as atoardas que Mendes lançou sobre o arq. Manuel Salgado acabaram depois por esmagar Mendes no caso da Uni. Atlântica - que contou com a ajuda preciosa do seu querido "amigo" Isaltino e da sindicância jornalística feita pela manchete do CM. Tão perniciosa para a democracia só a abstenção - que se ficou pela módica quanto de 62,6%. Ora isto, do universo do meio milhão de eleitores nem 200 mil alminhas dá. Miséria!!! É bom que ninguém conte isto "lá fora" (dado que agora estamos a presidir à UE), espelha bem a nossa pequenez: em quantidade e em qualidade...
RUBEN DE CARVALHO/CAMARADA TORNEIRO-MECÂNICO JERÓNIMO
Já deveriam ter mudado o lema das suas enjoativas campanhas: trabalho, honestidade e competência. E aquela música de campanha em vez de atrair repele. Nem os ratos gostam daquilo. Com tanto valor pergunto-me porque razão é que o PCP ainda não se democratizou, mesmo após a morte de Cunhal, a queda do Muro de Berlim. Mete dois vereadores - que negoceiam tudo o que houver a negociar com o PS, coisa em que o "electricista" da Festa do Avante já se tornou especialista. O que vale é que António Costa conhece-os bem... Assim, não será surpreendido com mais um fusível rebentado no quadro eléctrico da política geral da autarquia.
HELENA ROSETA - A DAMA - DOS NÚMEROS DE BICICLETA
É uma independente-dissidente que demonstrou que, afinal, Roma paga aos traidores: mete dois vereadores. Com a treta da cidadania enganou meia dúzia de pacóvios que nela votaram. Antes não queria convergências e até foi mal-educada com António Costa, quando soube que meteu dois vereadores foi a 1ª a sublinhar que já está disponível para o "coito político" na autarquia de Lisboa. Sempre que vejo Roseta nunca sei de que porta-vox se trata: se do antigo PSD, se do antigo PS. Creio que ela é, no fundo, a sua própria porta-vox, embora venda essa ideia como estando ao serviço da humanidade. É uma enfermeira política que representa como ninguém. Dramatiza melhor do que o santana e vitimiza-se melhor que muitos traidores e vira-casacas da política. Todavia, a srª arqª Roseta poderá dar um conributo nas áreas da sua competência. Lisboa agradece e o poeta Alegre bate palmas e vai administrando os apoios. Gostei muito do número de teatro, cujo facto político deve ter sido inspirado em Marcelo, de chegar de bicicleta e trocar as malas e não saber do cartão de eleitor. Conseguiu, durante 69 ss. pôr dois jornalistas a falar dela, do seu esquecimento e, acima de tudo, da sua vaidade pessoal - embora mitigado com o tal atruísmo de enfermeira política em que há muito se converteu. A Helena sabe viver e explora bem as fraquezas da democracia. Mas antes ela na CML do que o Telmo..
ANACLETO LOUÇÃ/ZÉ SÁ FERNANDES
Lá conseguiu segurar o seu Zé. Mais parece um agente do SIS a investigar os arquivos da CML no âmbito da espionagem na II Guerra Mundial. É uma voz de denuncia, um pregagor da cidade-Ideal, faz mais bem do que mal. Deverá, por isso, continuar a existir políticamente na CML. Além disso é um tipo com piada e humor, coisas raras em política. Só ele se lembraria de meter o irmão a entalar um pato-bravo que tentou corromper um vereador a troco dumas benesses de terrenos camarários. Assim, o Zé ainda termina este mandato e depois é convidado para Director do SIS pelo Rui Pereira. Esperemos que aí não desenvolva nenhuma política autárquica capaz de competir com António Costa. Com o Zé na CML temos a certeza que os buracos e as crateras na política não cessarão. Faz falta o Zé... O Anacleto agradece.
MANUEL MONTEIRO
Ainda conseguiu ter menos votos que o racista e xenófobo do PnR. Já aqui dissémos que Monteiro teve o seu tempo, não o soube aproveitar. Hoje a agricultura, mesmo como jovem-agricultor com umas estufas de tomate e de feijão verde, caíam-lhe que nem ginjas.. Anda, por isso, a perder o seu tempo. E o nosso, porque quando foi ao debate da RTP a sua obsessão com PPortas revelou uma nóia que só Freud conseguiria explicar. Ao fim de tanto tempo... Haverá aí algum recalcamento?!
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ANTÓNIO COSTA
Propositadamente deixado para último, apesar de ser o Primeiro. É o real e virtual vencedor destas intercalares. Não tinha a vida fácil, sobre ele impendia o odioso do governo e de algumas políticas públicas e casos que o PM tem de saber aplacar imediatamente, sob pena de estragos irreversíveis na sua imagem e na do governo. O caso da DREN é o paradigma invertido, o dos professores doentes obrigados a trabalhar revela que os casos administrativos jamais poderão transformar-se em viroses políticas. Sócrates terá aqui que ser mais preventivo do que reactivo, e até tem bons assessores na área... Basta ouvi-los. Mas Costa ganhou porque efectivamente reune em si as melhores qualidades políticas: é um estudioso nato dos dossiers; tem uma experiência política considerável; tem liderança e capacidade de trabalho a coordenar equipas; é prospectivo e planificador; além disso reuniu uma boa equipa e tem projecto. De tudo resulta uma estratégia que, certamente, conhecerá a sua máxima potencialidade depois de 2009 - em que os verdadeiros projectos modernizantes para Lisboa mais e melhor se afirmarão, já com o saneamento financeiro aplacado e novos projectos na calha para tornar Lisboa numa cidade europeia e cosmopolita.
António Costa ganhou porque simplesmente merecia ganhar. Além disso, e isto é digno de registo, Costa nunca se enervou, não injuriou, não lançou lama sobre ninguém. Autocontrolou-se, naquele seu ar mais sério de respiração mais intensa de narinas abertas, mas isto significa que quando tiver de negociar com a turba que o rodeia ele saberá ser aquele leão rodeado de ienas prontas a atacar, e negociará com todos e um-a-um - até os desgastar e os vencer. Não por capricho ou vaidade, mas, simplesmente, porque é o que tem o melhor projecto e porque Lisboa não deve andar ao sabor de pequenos caprichos decorrentes da fragmentação sociológica traduzida em tantos mandatos dispersos.
A sorte não se conquista por acaso, muito menos em política. Lisboa está, doravante, em boas mãos.
Parabéns, portanto, a António e daqui desejamos as maiores felicidades ao seu projecto e à sua equipa. Lisboa merece todo esse trabalho e sucesso.
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