António Vitorino é um "leigo" para o "desenvolvimento"
AV É O NOVO "LEIGO PARA O DESENVOLVIMENTO". QUALQUER DIA SÃO OS PRÓPRIOS ENGENHEIROS AERONÁUTICOS A PEDIREM CONSELHOS A AV ACERCA DA MELHOR FORMA DE PILOTAR UM AVIÃO EM CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS DE GRANDE TURBULÊNCIA.
Confesso que hoje fiquei algo preocupado com a massa cinzenta que ocupa a máquina de comando política, técnica e burocrática deste nosso querido Portugal. Explicito: há um ano que o País vegeta a falar nos terrenos anfíbios da Ota, que aqui temos dito serem úteis e adequados para a cultura do arrozal e a criação da gibóia e d' outras anacondas. Uma espécie de bananal, mas mais ventoso por entre as serras de Montejunto do que o microclima da Madeira do Alberto João... Os engenheiros da indústria aviónica vão ao programa da dona Fátinha Campos Ferreira o Prós & Contras - e não se entendem acerca da localização, ventos, custos e demais orografia; o PS tem andado obsecado com a Ota ou então é Mário Lino que se engana, e em vez de tomar ferro para o cérebro toma o Xanax que o SLOpes engoliu na sua tomada de posse no Palácio da Ajuda, e assim vai o País - paralisado na escolha dum local para construir um aeroporto, equacionando tudo com a barriga e os pés. Um pouco como meterem o Figo a comentar um documentário do National Geografic.. Não dá. Hoje, António Vitorino - naquela sua sabedoria espontânea que não é colada a cuspo nem combina as questões na véspera como outros prestidigitadores parecem fazer com os jornalistas, afirmou-se um "leigo" em matéria aeronautica mas conseguiu - como nenhum outro - fazer um favor ao governo e ao País que deve ser aproveitado. Na linha, de resto, do que Cavaco Silva também tem vindo a sugerir ante a surdez de Mário Lino e do governo. Hoje parece terem comprado o sonotone para a dita surdez. E os 10 milhões de tugas, que também são leigos, até são capazes de concordar com aquela metodologia, doutro modo começa-se a casa pelo telhado - como tem sucedido neste último ano, e até o Paulinho das feiras quer a Portela + 1 - para depois concluir que, se calhar, poderia ser só a Portela alargada aos Olivais ou ao Campo Grande (ou Tires), desde que se desalojasse o Dr. Mário Soares do seu apartamento, talvez seja por isso que o ex-PR vai morar sazonalmente para o Rio de Janeiro... E faz muito bem, porque o tempo não espera. Bom, ficção aparte, convinha fixar a metodologia com base na qual se responderia 1) aos custos do novo aeroporto; 2) ao seu impacto ambiental; 3) a sua expansibilidade; 4) e duração e/ou ciclo de vida - a fim de que possamos aferir pela longevidade dessa nova e vital infra-estrutura nacional e medir o seu retorno de investimento e taxa de exploração. Conhecer as respostas a estas questões para a Ota e para o Campo de Tiro de Alcochete (e, porventura, mais uma 3ª localização) alarga o campo de previsibilidade da opção política, coadjuva no processo de tomada de decisão, permite a comparabilidade dos estudos (compulsando vantagens e desvantagens de ambos os lados) e a racionalização de custos, meios e de estratégias para um desenvolvimento mais calibrado para um Portugal que, em rigor, sendo um país pobre que não se pode permitir continuar na anarquia em que tem reinado - procurando construir a casa pelo telhado. Tudo isto, num ápice, parece começar a fazer sentido. Primeiro identificar os critérios, depois estudá-los comparativamente e, de seguida, avançar com a decisão mais racional para o todo nacional. So far, so good... O problema é que esta "leigi-cidade" de António Vitorino, que despertou os espíritos para a metodologia mais correcta, - em duas penadas de 5 min. acabou, ainda que indirectamente, por passar um atestado de menoridade mental ao governo, aos engenheiros da indústria aviónica e aos demais agentes que directa e indirectamente têm andado a pensar esta coisa com a barriga parecendo até que fizeram uma aposta em como conseguir prolongar o tempo da decisão por mais uma década. Seria como se pudesse pilotar um avião só com os pés. Nessa conformidade o que AV hoje fez foi um duplo trabalho: um serviço público a Portugal e um pequeno "enxovalho" à nossa bela e garbosa "elite" política que talvez ainda não saiba distinguir a asa do avião da respectiva cauda. Assim, até dá prazer falar com um "leigo" (para o desenvolvimento) destes, confesso.
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