sábado

Uma má notícia para Lisboa, a opção de Fernando Seara para a Capital

A hipocrisia e o cinismo em movimento...

Depois duma boa notícia, com a possível entrada em jogo de António Costa para Lisboa, este PsD deve ter encomendado alguma sondagem a Judite de Sousa e chegou à "brilhante" conclusão de que o menos mau dos piores candidatos do PsD para Lisboa seria Fernando Seara, actual autarca em Sintra. Isto é uma péssima notícia, por várias razões:

1. Seara é autarca em Sintra e como não recebeu o título por via monárquica ou teocrática deverá saber honrar o seu mandato e o compromisso com os sintrenses até ao seu termo, sob pena de ser acusado, e bem, de engrossar as fileiras dos irresponsáveis da política local, ser mais um salta-pocinhas, um trânsfuga do cds que aterrou no PsD por mero calculismo político, alguém que usa e abusa do poder local a seu belo-prazer sem nenhum respeito pelo eleitorado que o elegeu. Conhecendo-o como professor e homem não me admiraria nada que ele sucumbisse a esta tentação - antecipadamente perdedora. A sua ambição desmedida sempre o cegou. Quantas aulas ele interrompeu para comentar a merda bola... E os alunos a pagarem elevadas propinas para ouvirem aqueles dichotes de bancada sem nenhuma qualidade técnica. Como já sabia da mestela que era servida após os fim-de-semana passei a chegar atrasado 30 min., para não ter de gramar com aquela pastilha enjoativa.

2. Depois Seara tem uma tendência natural para confundir a gestão autárquica ou o poder local no seu conjunto com uma Assembleia Geral do Benfica, porta através da qual caçou e furou na política - gozando do apoio dos caciques do meio mafioso da futebolítica bem conhecido dos portugueses, e de que Valentim Loureiro é um desses resíduos da República.

3. Em terceiro lugar, não reconheço obra, peso ou trajectória política a Fernando Seara para ele - ou o Psd de MMendes - se acharem no direito de entender que o dito autarca de Sintra tem "estaleca" para ombrear em Lisboa e ter uma visão de futuro para a cidade. A bola só não chega, e a sua obra em Sintra também não é reveladora de que em Lisboa conseguiria fazer melhor.

Por outro lado, Seara é um académico sem obra escrita, sem investigação produzida, apenas muita sede de poder e vaidade pura, serviu-se do trampolim da futebolítica para ascender a autarca, manipulando as massas associativas, conquistando posições no aparelho mediático (a ligação a Judite de Sousa também ajudou) para dizer umas balelas sobre a bola, os cantos e o cartões amarelos. E foi assim que ascendeu a autarca: sem experiência no sector e hoje é manifesto que se João Soares tivesse ganho Sintra muitas infra-estruturas já estariam concluídas para bem e vantagem dos milhares de pessoas que vivem em Sintra e trabalham em Lisboa, os mesmos que levam quase duas horas para percorrer 20 kilómetros, o mesmo que levamos para percorrer a distância de Lisboa a Abrantes.

Por último, uma nota pessoal. Infelizmente, lembro-me bem do Seara da fase da universidade. Fui seu aluno durante 3 anos consecutivos, não aprendi um chavo com o senhor. Era um homem profundamente vaidoso, convencido, a roçar o arrogante e o soberbo, um cínico puro, usava e abusava das introduções dos temas da Bola quando, em rigor, as aulas versavam Introdução ao Direito Público e Internacional Público - mas era assim que ele, então, perspectivava o seu futuro: servir-se dos proventos e da alienação da bola para ascender na política. Conseguiu, mas sem glória nem honra. Trataram-se de meros expedientes para enganar papalvos.

Hoje creio que os seus expedientes já não servirão para enganar os lisboetas.

PS: Infelizmente, lembro-me bem do seara - alguém que promovia certos alunos em detrimento de outros; regra geral, os betinhos da linha, por regra duros de cabeça, idolatravam o senhor; os outros, como eu e muitos, que aos 20 anos já tinham rasgado os livros pelos quais o bom do Seara estudara a política internacional, eram por ele marginalizados. Uma ocasião, já não na Universidade Lusíada onde leccionava mas no ISCSP, vim a encontrar o bom do Seara - que tinha por mania ou defeito - cumprimentar os alunos com o dedo indicador.

Um dia disse-lhe que era capaz de partir o dedo. Desde então passou a ser uma pessoa educada, mas a ideia que hoje guardo dele é muito negativa e a imagem de simpatia que dele, eventualmente, a opinião pública possa ter não passa duma distorção que a política poliu e cínicamente aperfeiçoou: como professor fracturava, como político é um demagogo e cínico que ascendeu à custa do expediente da bola e da futebolítica, e como homem prefiro nem sequer comentar, porque também não é preciso.

Espero que ele possa ler isto e meditar bem no que fez como docente aos alunos do curso de Relações Internacionais da Universidade Lusíada de 1986-91.

Se essa for a decisão deste PsD será mais "bola" na cidade, mas Lisboa precisa é de políticas públicas com visão de futuro - que Seara jamais poderá oferecer. Nem em Sintra, quanto mais em Lisboa...

Há que combater a promiscuidade entre o futebol, as autarquias e o pato-bravismo que graça hoje no país - tremenda fonte de corrupção em Portugal que urge debelar.

Ele que tenha juizinho e tente fazer o melhor possível por Sintra e os sintrenses que já sofrem em demasia pela escolha paraquedista que fizeram.