quarta-feira

Simpatizo com Carmona, mas não é fácil desculpá-lo: À espera de Godot

CARMONA À ESPERA DE GODOT NUMA RECRIAÇÃO EM LISBOA DA OBRA DE SAMUEL BECKET - EM CENA NUMA BARRACA BEM PERTO DE SI...
Nota prévia:
Olhos sofridos numa cara macerada que sofreu às mãos deste Psd que - sempre que perde uma posição na malha apertada do poder tritura os seus filhos, mesmos os filhos "independentes", que por vezes são ainda os mais dependentes. O Psd não é bem um partido, é mais uma máquina de destruir papel, uma trituradora de Homens, senão forem ganhadores. Mas ganhadores de quê?
Em declarações aos jornalistas à margem da apresentação de um livro sobre o aeroporto da Ota no Palácio Municipal das Galveias, em Lisboa, Carmona Rodrigues escusou-se a indicar qual foi a sua decisão, mas revelou que nos últimos dias tem sido «insistentemente apoiado e contactado por muitas pessoas e entidades» que o incentivam a mudar a sua decisão de não se recandidatar anunciada na quinta-feira passada.
«Não deixo de ser sensível [a esses apoios]. É gratificante saber que há milhares de pessoas que me apoiam. Chega para ponderar. Não posso ser insensível às vozes de muitos lisboetas».[...]"
Obs: Tendo a simpatizar com o prof. Carmona, mesmo sabendo que a vocação dele para a política é como a minha para a gestão de lagares de azeite. Oferece aquele ar ingénuo, prestável, meigo à cidade - como se os buracos dela lhe agradecessem e..., no fim, reflecte um ar tolo. Tolo porque se deixou enredar pela entourage daqueles vereadores sem escrúpulos do Psd que o manietavam em todas as decisões autárquicas que acabaram por enfraquecer a sua visão e projecto para Lisboa. Visão e e projecto que era teleguiado pela S. Caetano à Lapa, por isso defendemos aqui que o candidato natural do Psd a Lisboa seria o próprio Marques Mendes, mas ele entende que lhe caíam os "parente na lama" se se candidatasse. Até aqui PPortas foi cínicamente oportunista - oferecendo-se para um lugar que sabia à partida não concorrer, porque segundo parece Portas também quer ser PM. Tantos candidatos para uma só cadeira.
Mas voltando a Carmona e à simpatia que ele me suscita: desejo-lhe boa sorte, mas não sem antes dizer que a sua performance na vida pública nacional me evoca a peça À espera de Godot de Samuel Becket.

Súmula da obra de Samuel Becket (link): - À Espera de Godot

A peça de Beckett suscitou no meio crítico teatral um debate infindável que perdura até aos dias de hoje. Afinal, o que é o Godot? O que Beckett - um dos principais representantes do teatro do absurdo ao lado de Eugène Ionesco, Adamov e Jean Genet - queria dizer com aquele diálogo interminável entre dois mendigos que diante do tédio da vida pensam constantemente no suicídio mas não levam a cabo a intenção, pois a corda disponível é fraca. O outro mendigo deveria ser MMendes...

Com isto não desejamos, naturalmente, que Carmona se suicide, especialmente após o assassinato político que o Psd já sobre ele exerceu. Apenas desejaríamos que Carmona regressasse ao conforto do casa, ao aconchego da casa, desse mais carinho e amor à esposa e depois, com calma, regressasse à docência donde, aliás, nunca devia ter saído.
Mas também compreendo que Carmona se queira candidatar a Lisboa para sofrer uma 2ª humilhação, não porque seja masoquista mas porque desta feita actua cirúrgicamente contra o Psd de MMendes que o maltratou públicamente. Em rigor, Carmona já contraíu o vírus do resssentimento político e, agora, dificilmente perderá a oportunidade para servir a sua pequena vingança a quem o maltratou. Dizem que é sempre a frio - o que contrasta com o calor do Verão que temos aí à porta.
Voilá, Carmona À espera de Godot....