quarta-feira

O Proteu de Marques Mendes e deste Psd caseiro

A técnica de criar imagens por meio de computador, conhecida por morphing, permite que um objecto projectado no ecrã se transforme noutro, mesmo à nossa vista, sem deixar marcas. Num sentido semelhante, as correntes virtuais de alta velocidade da mudança circulam pela nossa vida diária concorrem para nos transformar enquanto pessoas. Decorre isto do facto de, ante o caos político de Lisboa, Marques mendes vir dizer que só fala depois se saber se Carmona é ou não efectivamente constituído arguído, revelando uma concepção reactiva (e não antecipativa) da política. Mesmo com tudo de mau que já se passou, Mendes ainda procura ser cautelosa neste pântano de incoerências, imprudências e incompetências.

Imagem picada no morphing Jumento, só não percebo porque, desta vez, colocou o original do lado esquerdo. Ou será que haverá aqui uma interpretação mais sofisticada. Depois disto ainda será convidado como consultor no novo filme Matrix..a estrear na Lapa dentre em breve.

Tal evoca Proteu, um dos velhos do mar que conhece os abismos marinhos e que é capaz de responder a qualquer pergunta. No entanto, ele procura, como Marques Mendes e Carmona (como se viu por ocasião da inauguração do túnel do Marquês) escapar a qualquer questão, nem que seja mediante truques ou expedientes. O mais rasca é desligar o tm e deixar de aparecer, pode inventar-se uma gripe, um formigueiro no rabo apanhado nas cadeira de pau carunchoso da AR, uma qualquer dor testícular que afecte os neurónios, casos existam ou outra mais surrealista...
Ou seja, Carmona, Mendes, todo este Psd aguarda pela decisão do Juíz ou do Ministério Público para se saber da gravidade da situação. Se a coisa cheirar a plástico queimado o Psd de Mendes retira a confiança política ao sub-produto Carmona (uma invenção conjunta de SLopes e Mendes); se a decisão for mais suave, não obstante o caos já instalado, o aparelho do PsD faz um comunicado de imprensa e diz renovar a confiança política na criatura. Ou então abre-se uma ruptura aceite por todos e entra em campo Marina Ferreira, vice-presidente de Carmona, que parece já se encontra há muito em estágio pelos corredores da autarquia.
Aparte o que as pessoas possam ou não valer, e Carmona até pode ser um bom engenheiro hidraúlico (apesar de se ter revelado mais um plantador de minas e armadilhas..), a política não se deve reduzir a estes apêndices, a estas esperas, a estas dependências, aos restos e às sobras da socidade pela ausência de ventos favoráveis que levem a política a bom porto. A política exige muito mais: inventividade, criatividade, rasgo e nobreza. Nada disto se vê em Mendes ou carmona, bem pelo contrário...
Nem com o recurso à técnica do morphing eles já lá vão... Especialmente num mundo em que a sobrevivência exige uma rápida mudança, e não deixar arrastar esta podridão em que há meses a situação política na autarquia da capital do País caíu.
Mendes é o responsável-mor por toda esta embrulhada política: impôs Carmona ao partido e à cidade sem que este gozasse de experiência ou prestígio para o efeito, teria sido preferível Maria Carrilho - pelo PS, hoje terei de o reconhecer. Até porque o efeito Bárbara como vitrine de Lisboa traria um novo élan à Capital... Ao invés, Mendes transformou a autarquia num tranpolim para meter todas as suas cunhas, desde assessores cola-cartazes made in António Preto, a vereadores néscios - (alguns nem falar sabem, aparecem sempre nas fotos de braços cruzados e com os olhos fechados, fingindo que são grandes pensadores, mas aquela pose é só disfarce e pura ausência de ideias) até ao pessoal maior, que Mendes queria ver colocado em tachos dependentes de empresas municipais e que foram chumbados ou vetados pela Zézinha Nogueira Pinto que então integrava a coligação (estranhamente desfeita). Ante tanta desgraça e incompetência dá a sensação que MMendes é um arrivista da política, como Carmona, só que não é.
Mendes já nasceu numa banheira pequenina que dizia: eu quero ser político, e desde então que ele não tem feito mais nada, salvo uma brilhantérrima experiência académica como docente, imagine-se onde!??? Na UnI, pois então!!!
Em suma: temos aqui criticado Mendes, mas nunca pensávamos que a sua inépcia fosse tamanha. Quando se esperaria que ele fosse antecipativo, ele é reactivo - andando sempre a reboque dos acontecimentos, pois agora nem o Carmona lhe atende o telefone; quando se esparava que ele fosse informativo, faz gatekeeper da informação e hiberna como os ursos polares ou as gibóias; quando se esperava que ele fosse directivo reflectindo um caminho, uma estratégica, Mendes mete o rabinho entre as pernas e diz só falar após o Ministério Público se pronunciar. Em política deve-se ser prudente, mas ser temerato é excessivo e reflecte bem que como este tipo de conduta, de personalidade, de "projecto" nem em 2040 Marques Mendes se senta na cadeira de S. Bento como PM.
Aliás, estou mesmo convencido de que se hoje Mendes se candidatasse à Capital num quadro de eleições autárquicas antecipadas ele perderia para para o PS ou até mesmo para a Zézinha, caso esta quisesse concorrer como independente, ou até, quiça, lavadas as lágrimas e lambidas as feridas, apoiada pelos novo soft-ligth do Paulinho do Caldas.
A política à portuguesa converteu-se nisto: feita de ursos, gibóias que hibernam e de pessoas mal educadas e arrogantes que já nem os telemóveis atendem. E alguns piram-se para Inglaterra para ver o smog, quiça na esperança de que a resposta à crise esteja desenhada nas nuvens poluídas. Se foi para isso, ficaria mais económico e seria mais rápido ter ido alí à praia da Adraga, do Magoito ou até da Ericeira. De caminho, ante o nevoeiro sebastiónico, também se viam motos... (antigas!!! e modernas)