segunda-feira

O Papa da consciência planetária à boleia da pedofilia. O gurú das almas

Nesta posição até penso que o Papa bento XVI está a fazer um milagre que faça recuperar todas as crianças desaparecidas na sequência dessa perversão dos tempos que é a pedofilia e afecta hoje milhares de famílias destruídas por verem os seus filhos ceifados à normalidade da vida, ao convívio com os seus pais e amigos, ao sufoco dum crime hediondo praticado por esses tarados que são os pedófilos.
Ante aquelas mãosinhas milagreiras, o Papa resolveu abrir um precedente e receber os pais de Madeleine - como se estes fossem representativos dos demais pais que padecem exactamente do mesmíssimo problema. Creio que estas motivações papais, à posteriori e cirurgicamente atentas à realidade deste casal, denuncia uma perversão ainda maior no tratamento que a religião deveria conceder a este tipo de crimes hediondos. Que, curiosamente, também tem afectado a honorabilidade da igreja, porque muitos são já os padres autores desse tipo de crimes sexuais cometidos contra menores, sendo que a maior parte deles são abafados e nunca chegam a ver luz do dia. São, pois, crimes que morrem na clandestinidade e na perversão dos seus fautores.
Mas isto não responde à razão pela qual Bento XVI resolveu receber uns e deixar o "outro mundo" de fora. Presumo não decorra do montante dos rendimentos dos pais... Embora pareça que o Papa só receba os pais de crianças desaparecidas acima de um certo valor.
Creio que aqui o oportunismo do Papa - ainda que possa ajudar nessa sua recepção - não anda desligado na tecnologia do número associado às correntes de informação que fazem hoje as agendas noticiosas, estruturam a opinião pública internacional, condicionam os governantes, influenciam empresários, artistas, futebolistas e homens do "show bizz" que, nestes momentos, estão sempre dispostos a aparecer para ostentar o seu troféu através do seu oportunista donativo. Ora, é a este espectáculo mercadológico e da teologia do mercado a que hoje Bento XVI e esta igreja se pretendem associar - a fim de mostrar ao mundo quão bons e altruístas são os seus sentimentos e corações.
E eu digo: tamanho oportunismo e hipocrisia. Então este papa não deveria já ter agendado uma Conferência religiosa internacional sobre a matéria - independentemente de ser A, B ou C o desaparecido?! E o que é que as igrejas nacionais - em articulaçaão com Roma - têm feito?! Zero. Esta inércia da Igreja leva-me a supôr que o Papa tem faro de político em véspera de eleições, uma espécie de Alberto João Jardim que inaugura obras até aos segundos prévios ao actos eleitorais.
Este oportunismo politico-religioso do Papa revela bem, por outro lado, como é que ele se afirma agora como gurú da gestão de almas - capitalizando para si o foco das atenções mundial ao receber os pais de Madeleine em audiência privada e a título excepcional. Isto não sucede par hazard, mas porque no caso vertente a situação envolve mais de um certo nº de milhões d'almas que estão sincronizadas com esse registo de comoção e de compaixão, daí o oportunismo do Papa Bento XVI.
Ao receber os pais de Madeleine Bento XVI sabe que está a ser autor dum acto político e não dum acto do foro religioso, pois assim participa nessa comoção à escala planetária e ainda fica mais próximo dos seus fiéis - que assim passam a aderir melhor ao seu pontificado. Confesso que isto é assustador, gerir uma política religiosa à boleia dum drama que se globalizou a partir de Lagos, no "Allgarve".
Actualmente, o refrão do Papa tem nome e chama-se Madeleine... Só é pena ele não ter pensado nisso há mais tempo e nele ter incluido os demais casos e tratá-los conjuntamente - como se uma orientação superior da Igreja se tratasse. Infelizmente, constatamos por este caso que são as estatísticas que determinam aquilo que move o Papa, é a lei do número coberto pelos media que dizem ao Papa quem é que ele dever receber e quem deve excluir.
Seria, pois, útil que o Papa tivesse coluna vertebral e passasse a desenvolver uma política única para todos os casos - de firmeza, de denúncia e de apelo aos cristão no mundo para ajudarem nessas investigações. Não agir assim, com ética e moral, o Papa está a comportar-se como uma espécie de autarca em véspera de eleições atendendo ao seu oportunismo.
Pela minha parte ainda não percebi se o Papa se predispôs receber os pais de Madeleine na sequência de um pedido de Gordon "Castanho", o futuro PM do Reino Unido, se a pedido dos media ingleses ou de algum accionista das empresas do Vaticano - ou de alguma das suas participadas...
Pela PJ portuguesa é que não foi, certamente!!!
Adenda:
JOSÉ MANUEL OLIVEIRAMIGUEL VETERANO (imagem) Um dos computadores apreendidos pela Polícia Judiciária (PJ) há duas semanas na vivenda da mãe de Robert Murat - único arguido no processo do desaparecimento de Madeleine McCann e sujeito a termo de identidade e residência por suspeita de rapto-, contém "referências a um cidadão inglês, dono de um iate na marina de Lagos", apurou o DN junto de fonte ligada à investigação.[...]