As novidades dejá-vous num País dos restolhos
Por conseguinte, do mestre Adriano pouco há a dizer, ele já escreveu tudo aquilo que os franceses e os anglo-saxónicos sistematizaram em livros de Ciência Política ano antes - e que depois ele repescou. E como bom feitor que é dos conceitos dos outros, amalgamou, perfilhou e adoptou um corpo de conceitos como se fossem originais. Ainda assim valerá a pena repetir aquilo que o ex-ministro de Salazar vem dizendo desde a década de 60 do séc. XX: na ONU todos falam com todos (uma grande novidade!!, desta nem o Kofi Annan sabia...); o Estado é exíguo (sabemos que as auto-estradas também); é de direita porque se considera um cristão e um seguidor da doutrina do Papa (Amén, mas será que pratica mesmo essa doutrina no quotidiano?! duvido); evocou a Geografia da Fome mas esqueceu-se de citar o autor da obra, Josué de Castro (aqui nada de novo).Depois leu uma passagem do Sarkosy para sublinhar que ele pensa que o fundamentalismo islâmico é tão perigoso quanto o fundamentalismo cristão (foi bonito e deu uma imagem de tolerância multicultural que nem sempre o seu velho e querido CDS tem sabido dar ao País, antes pelo contrário, pois parece que um fidalgo de traça indiana ou preta bateu em Zézinha, e disse que zézinha era racista (porque lhe chamou "preto"), tudo, portanto, declarações que colam bem aos valores e aos pilares da ética do doutor Adriano acerca da tolerância multi-étnica no Largo do Caldas); acho que também falou na teologia do mercado (digo acho, porque mudei de canal várias vezes, e o National Geografic mostrava como uma águia dava cabo dum pedaço de carne, até achei que a analogia era razoável, atendendo ao facto de que em alguns países da Europa alguns servidores das ditaduras fazem a transição pacífica para a democracia); recitou outro conceito de B. Buzan, o da Anarquia madura, mas também voltou a não citar o autor do conceito. Foi feio, até porque as pessoas na assistência e os telespectadores ficam a pensar que foi o ex-ministro de Salazar que inventou tudo aquilo. Tudo que é um nada, bem entendido. Em suma: o bispo Adriano é um dejá-vu como o século, até evocou os demónios da Europa na IGrande Guerra (1914-18) e na IIGM (1939-45),articula bem (chega a convencer!!!), esfrega as mãos como um bispo de aldeia cheio de vícios sob a batina, mas ideias originais e infra-estruturantes para Portugal é que não sopram daquela testa e olhinhos de formiga com tremeliques. Nada de novo, portanto. Noto, por último uma última observação quando fez um reparo a Miguel Portas acerca das elites. Adriano asseverou Portas acerca das elites para defender que elas em Portugal não são assim tão más, pois as universidade produzem alguns vultos (mas não disse quais), e rematou dizendo uma coisa "brilhante": as elites existem, e são boas, só que elas não procuram o poder do Estado... Pergunto-me se isso se deve ao facto de um ministro em democracia ganhar 800/900 cts e um qualquer administrador duma fodação dos Orientes - nutrida pelo jogo de má proveniência - ganhe cerca de 3000 mil cts/mês. Contudo, faltou ao delfim de Salazar (como se via num dado momento da história do séc. XX, quando se digladiava com Franco Nogueira nos corredores do poder para rivalizar a atenção de Salazar) explicitar a sua tese sobre a putativa positividade das elites em Portugal... Se calhar ele ilustra a mestela com a sua própria teoria para pacóvios: pois um curador ou administrador duma fundação ganha cerca de 3000 cts/mês, razão pela qual ele jamais aceitaria ser ministro em democracia...Além de que teria também imensa dificuldade em adaptar-se a essas novas funções em contexto de democracia pluralista. Nada de novo portanto, ele que continue a esfregar as manápulas porque quem conhece aquele terreno minado, de clara falta de autenticidade entre o verbo e a acção, sabe que o chão alí ainda é pior do que a OTA: é puro pântano. Procurei uma única ideia aproveitável para Portugal e de lá só veio um sopro de ZERO.
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