terça-feira

Sócrates e as pequenas coisas. O jornalismo Pitbull

Alguém dizia de Richelieu que era um grande homem, mas que tinha, em grau elevado, o fraco de não desprezar as pequenas coisas. Ora, isto sucedeu com Sócrates na gestão que fez da sua própria imagem académica, depois foi o que se sabe: foi apanhado no meio do turbilhão mafioso da Uni e dos dois clâns rivais que estão metidos na cadeia como se fossem traficantes de cavalos contaminados.
É óbvio que isto surpreende vindo de Sócrates, alguém muito tático e ao mesmo tempo estratégico na racionalização da informação. Fazendo mesmo um apurado e sofisticado gatekeeper da informação que passa pera os media. Algo alí falhou rotundamente, quiça por pura ingenuidade, como ontem, e bem, sublinhou António Vitorino.
Daqui tiro uma conclusão, que pode servir a Sócrates ou a qualquer outro político, até a MMendes, apesar deste muito dificilmente chegar a PM, mesmo com a ajuda da Sic, do Expreso de Balsemão e, por extensão, com a mão invisível do Público de JMfernandes, funcionário de belmiro de Azevedo da Sonae, ainda em ressaca pela derrota em toda a linha da sua Opa à PT.
Essa conclusão/lição é a seguinte: ao político, conseguidos os seus objectivos, não basta confiar a outros a tarefa de os alcançar. Terá de estar atento a todos os movimentos dos seus partidários e dos seus adversários. Terá ainda de se manter informado acerca dos interesses, das ambições e das amizades de cada um. Pois não há acções realizadas com êxito sem sobrelevar destes aspectos e destes pequenos grandes detalhes na gestão da coisa pública desta nossa miserável polis.
Em rigor, e foi essa a lição de António Vitorino ontem nas suas Notas Soltas, é que a desconfiança, infelizmente, é o dispositivo de salvaguarda e a garantia da sua própria sobrevivência. Lamentavelmente, a vida não nos deixa respirar em confiança, por vezes até dormimos com o inimigo, há sempre poluição por todo o lado, daí a vida, mormente na arena política, nos impôr o mecanismo da desconfiança como sendo um dos factores infra-estruturantes para fazer o que quer que seja. A alternativa a isto é a morte política. Infelizmente, esta norma também encontra aplicabilidade nas relações interpessoais, à latere das relações políticas...
E por falar em morte política, já tinha ouvido falar de muitas espécies de jornalismo, mas não nesta inovatória modalidade de jornalismo Pitbull - teorizada com folgado êxito pelo Jumento. Pela íntima correspondência à realidade - cruzando o conceito com a realidade que visa explicitar - diria que é mais um conceito operacional que integrará a nossa gramática política futura.
Até nisto os portugueses são bons. Menos no essencial..., e é pena.
Mais um coice conceptual inovador do Jumento - que deve andar a fava de cristal d´ouro comprada nos Almeidas da Av. de Roma. DEve ser o ferro e a soja que lhe perimitem dizer estas coisas...
JORNALISMO PITBULL
Ao assistir à conferência de imprensa de Mariano Gago através da SIC Notícias, a televisão oficial de Pinto Balsemão, cheguei à conclusão de que há um jornalismo que poderia ser designado por jornalismo pitbull, o jornalista agarra a presa com os dentes e não pára de a morder, e por mais pontapés que leve não a larga. Tornou-se evidente que o jornalista da SIC notícias não foi à conferência de imprensa senão com a intenção de levar Mariano Gago a dizer algo que pudesse ser usado contra Sócrates. Teve azar, Mariano Gago foi mais inteligente.