Free Ugs Campaign e uma interessante entrevista blogosférica
UMA INICIATIVA INTERESSANTE DO JUMENTO. ESPEREMOS QUE ELE POSSA ENTREVISTAR TAMBÉM O SR. LUÍS CARMELO QUE TINHA UM BLOG DE ENTREVISTAS OU SEMIÓTICO OU...
BLOGUE EM DESTAQUE: "MEMÓRIAS DO CÁRCERE" [Link]
"Assumidos ou anónimos, bom ou maus, de jornalistas ou não, de personalidades públicas ou de cidadãos anónimos, de políticos ou de meros eleitores, de maiores de idade ou de jovens ou mesmo crianças, escritos em Portugal ou lá fora, em português ou bilingues, os blogues multiplicam-se, influenciam a opinião públicas, constituem movimentos de opinião, preocupam e influenciam políticos, irritam o JPP, levam o ministro da Administração Interna a escrever um, incomodam directores-gerais e enervam secretários de Estado, estão por todo o lado.
Mas o que leva alguém a abrir uma porta ao mundo sem sequer saber se alguém a vai passar ou quantos vão espreitar? O Jumento vai passar a dar a conhecer alguns dos blogues portugueses ou escritos em português começando por aquele que poderia ser considerado um dos mais originais, o "Memórias do Cárcere".
O que sucederia se um "encarcerado" conseguisse voar para além das paredes da cela graças a um blogue? O que escreveria, como escreveria, para quem escreveria, quem o leria, o que poderia pretender?
Esse blogue existe, nele escreve-se muito bem e é um dos melhores blogues portugueses,
Fizemos cinco perguntas ao autor do "Memórias do Cárcere", foram cinco perguntas banais para cinco respostas que merecem ser lidas e que justificam uma visita ao único sítio do EPL sem hora marcada para visitas e onde se pode entrar ou sair sem passar por um detector de metais:
1. Com que motivação criou um blogue?
«Para além da experiência-piloto que um curso informático nos proporcionou no EPL, a descoberta de podermos extravasar o que nos vai na alma com gente que nunca chegaremos a ver convenceu-nos a abraçar este projecto. A ideia de sabermos que podemos aprender coisas mais úteis e ir ao encontro do lado de fora, mesmo presos, cativou-nos.»
2. Como define o seu blogue?
«Não o fazemos. A definição é retratada pela presença de quem nos lê ou escreve. Na atenção que nos emprestam quando nos dirigem a palavra e aconselham ou incentivam.»
3. Até onde tenciona levar o blogue? «Até onde a utilidade que ele tem possa ter. Aos que daqui escrevem a medo. Aos que daqui se sentem inseguros, intranquilos. De penas pesadas que a vida não suporta, e vê nele uma forma de contar coisas que estão recatadas e escondidas.»
4. Que relação estabelece com quem lê o blogue?
«A melhor possível. Ao contrário do que acontece no sistema prisional, somos mais acarinhados. Temos uma excelente compreensão de quem passa por aqui e nos entende. Sentimos nessa relação anónima muitas das vezes o arrependimento dos nossos próprios actos e só nos apetece dizer; "- Foda-se! Porque é que não somos gajos normais?"»
5. Qual o post que teu maior prazer?
«É complicado, amigo. Estamos nos limites da segurança interna e quem nos ajuda está a colocar em risco a sua própria carreira por nos querer reabilitados o mais depressa possível. De qualquer forma, arrisco que possa ter sido este que vai publicar, seguramente.
Não apenas pelo sentido da divulgação. Não só pelo significado que pode traduzir. Talvez pela simples razão da importância que nos deu.
Um abraço da malta toda.»
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