Uma boa notícia: queda do Muro de Nicósia, no Chipre

CHIPRE

Cipriotas-gregos acabam com muro de divisão. Os cipriotas-gregos demoliram, sem aviso prévio, o muro que dividia Nicósia, a capital de Chipre. As autoridades gregas da ilha pretendem agora que os turcos respondam com a retirada das suas tropas de Chipre. (link)

Os cipriotas-gregos demoliram o muro que separa as zonas grega e turca em Nicósia, a fim de abrir um local de passagem entre o norte e o sul da ilha, uma demolição que começou na noite de quinta para sexta-feira.

Várias pessoas concentraram-se na rua Ledra para observar os trabalhos de demolição deste muro construído há mais de 30 anos e que permitiu que Nicósia deixasse de ser a única capital dividida do mundo.

A antiga barreira foi substituída por protecções de alumínio e permaneceu sobre forte vigilância policial, uma vez que as autoridades gregas pretendem que os cerca de 35 mil soldados turcos se retirem da zona que estão a ocupar.

«Demolimos a barreira do nosso lado. Agora veremos se as tropas turcas vão retirar para sabermos se a passagem vai ser aberta ou não. Porque se elas não retirarem não poderá haver passagem», afirmou o presidente cipriota, Tassos Papadopoulos, à margem da cimeira europeia em Bruxelas.

Por seu lado, Rasit Pertev, conselheiro do líder cipriota turco Mehmet Ali Talat, considerou que este momento era «extremamente simbólico». «O dinamismo criado levará à abertura da passagem», concluiu.

Ainda não são claras as razões que levaram as autoridades gregas de Chipre a fazerem esta demolição, que aconteceu sem aviso prévio, mas estas poderão estar ligadas à crescente pressão internacional para a existência de acordo de paz na região.

Em Dezembro, os cipriotas-turcos tinham desmantelado uma ponte pedrestre do outro lado da antiga barreira, uma atitude que levou aos protestos do governo cipriota que, na altura, alegou que tinham de ser cumpridos questões de segurança antes da demolição da ponte.

Por trás da antiga barreira, agora demolida pelos cipriotas-gregos, existe uma "zona tampão" de cerca de 50 metros e que divide as áreas habitadas por gregos e turcos e que é gerida pelas Nações Unidas.

Após a invasão das tropas turcas em 1974, que teve como objectivo impedir a união da ilha com a Grécia, Chipre tem estado divido entre a parte sul, habitada por gregos, e internacionalmente reconhecida, e a parte norte, habitada por turcos, e que apenas é reconhecida pela Turquia.

A questão cipriota tem estado na base de algumas das dificuldades que os turcos têm tido para aderir à União Europeia, sendo uma fonte de tensão com a vizinha Grécia.