E se?
Há dias desenvolvemos aqui um artigo meio surrealista em que equacionámos a possibilidade de António Vitorino vir a ser o homem que pegaria no PSD e ajudaria a fazer oposição ao PS e, dessa forma, conceber e propôr novas políticas públicas que tirassem Portugal do geto social e económico em que está. Mas a história não se deixa manipular assim, muitos menos os homens com coluna, daí o nosso exercício ter sido isso mesmo: um pequeno ensaio de ficção política que nos obrigasse a pensar de forma algo subversora. Nesta senda neorealista poderíamos pensar que rumo seguiria o País caso AV estivesse na oposição a este PS de Sócrates. Que sectores se dinamizariam? Que políticas públicas entrariam em marcha? Como se geriam certos dossiers? Como seria e/ou estaria hoje o País. Neste quadro prospectivo faz algum sentido equacionar que desenvolvimentos conheceria Portugal caso certos acontecimentos tivessem tido outro desfecho. Daí a pertinência do exercício, não apenas para Portugal mas também aplicado ao mundo. Como estaria hoje o mundo se o 11 de Setembro não tivesse acontecido? Ou se o Hitler não tivesse nascido? Ou ainda se a construção da União Europeia nunca tivese ocorrido na sequência da II Guerra Mundial - que só muito dificilmente teria tido lugar sem a presença no terreno do ditador Adolfo. Se quisermos podemos recuar mais um pouco, e perguntarmo-nos que América hoje o mundo conheceria se John F. Kennedy não tivesse sido assassinado? Ou, por extensão, criar factos políticos que, na verdade, nunca chegaram a acontecer como faz Marcelo Rebelo de Sousa naqueles mergulhos do Tejo ou naquelas missas domingueiras em jeito de monólogo de fim de semana; e se a URSS tivesse ganho a Guerra Fria a Reagan, à América e ao Mundo? E se Portugal tivesse feito a descolonização na década de 60, como estariam hoje os "Palops"? E com o Brasil - que relações bilaterais existiriam se as parcerias económico-empresariais e de carácter científico fossem multiplicadas por 10 - relativamente aos níveis de relações hoje existentes no quadro político? E se..., apesar de sabermos que o tempo não regressa nem a história se pode manipular. E se a vida de Jesus Cristo tivesse começado no séc. XIX, como estaria hoje a Igreja na sua relação de fé com os crentes de todo o mundo bem como no diálogo com as outras religiões monoteístas? E se as guerras não tivessem tido o papel desastroso que tiveram, como viveriam hoje os refugiados de guerra, ou estariam as economias e a situação da Imigração no mundo? Ou se Bush tivesse contemporizado com Saddam e hoje fossem bons amigos e aliados, como o foram na década de 80 do séc. XX, quando isso interessava a ambos? E se Durão barroso ainda hoje fosse Secretário de Estado da Cooperação ou MNE de Cavaco - gabando-se da possibilidade de sucesso dos acordos de paz de Bicesse - que depois degeneraram numa violenta guerra civil? Estaria Angola hoje mais ou menos desenvolvida? O campo das possibilidades são quase infinitas, a história é o que é, montada sobre factos e não sobre ficções. Mas ao menos enquanto surrealizamos a história com todos estes "ses" não pensamos no presente que é capaz de ser bem pior do que o quadro ficcional que aqui traçámos. Sendo certo que a lição, se é que existe, que aqui pretendo partilhar é que o exercício do Poder é, essencialmente, um acto da imaginação e da criatividade, i.é, uma actividade nobre que deveria beneficiar mais da inventividade dos homens que acabam por ficar escravos das suas regrasinhas e disciplina. Hoje a política tem falta de sonho, e porque não sonha não é nem criativa nem inventiva. Talvez por as coisas serem como são é que hoje estamos onde estamos...
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