quarta-feira

Quebra de produtividade pelo ataque do mosquito

Portugal está hoje confrontado com uma quebra de produtividade por múltiplos factores, todos eles conhecidos e que vão desde razões culturais ao absentismo passando por uma débil formação profissional e académica até incapacidade congénita de planearmos de forma racional e de trabalharmos em equipa.
Sucede que áquelas razões, todas de monta, soma-se agora mais uma e que é de natureza tão inesperada quanto ridícula: o ataque sistemático de mosquitos que inundou a Capital. Creio que isto, desta vez, nada tem a ver com Carmona nem com Santana Lopes. Não sei se este flagelo ataca Portugal inteiro, mas na região de Lisboa a cadência deles e dos seus ataques aos humanos, tem sido massiva. Confesso que por dia devo matar mais de 200 mosquitos, mas nem por isso o seu número diminui ou a repetição dos seus ataques baixa. É de facto uma situação inesperada, e desde que me conheço não tenho memória de tantos bichos deste entre os humanos.
Recuso-me a aceitar que foi uma praga rogada por G.W.Bush ou mesmo durão barroso - como forma de vendetta pela ausência de confiança dos respectivos eleitorados - de um e do outro lado do Atlântico. Também não creio tratar-se dos enviados pelas moscas da fruta - que além de comerem a fruta pretendem picar os humanos e sugar-lhes o sangue. Nem tão pouco por parte dos emissários das moscas da areia - que actuam como pragas visando surpreender os humanos em estado de dormência ou mesmo enviados das moscas varejeiras - que têm características peculiares.
Seja o que for, denuncio aqui esse enxame de mosquitos que sobrevoa e ataca Lisboa, atacando os humanos perturba-lhes a serenidade e tranquilidade para trabalharem. Nem quero (já) contabilizar o número de vezes por dia, por hora, por minuto que vejo a minha concentração e o meu trabalho interrompidos só por causa desses insignificantes miseráveis que vivem de picadas quase invisíveis e de suganço do sangue alheio. Admito que o mesmo se passe com milhares de outras pessoas que também não ficam indiferentes a estes vermes.
Julgo que para além da necessidade que eles têm de se alimentarem, sucede com eles o mesmo que acontece às moscas, i.é, as moscas diante da janela não percebem porque é que não passam para o lado de lá. A nossa tarefa, interrompido que está o nosso trabalho, e este texto é uma prova cabal disso mesmo, é reflectirmos sobre isto, e identificarmos a existência desse vidro, que é não só desconhecido para a mosca como também, infelizmente, o é para o irritante mosquito.
Lamentavelmente, sucede em política (doméstica e na Europa) algo de semelhante ao que acontece aos mosquistos e também às moscas...
Confesso que já vou compreendendo melhor as palavras de Jaime Gama quando ele dizia que nunca tinha ido a África por detestar moscas. Ora, muita gente boa que eu conheço recusa-se a ir à Europa por causa de certos vermes... Seja como for, esperemos que eles - os mosquitos - compreendam cabalmente esta nossa mensagem e não voltem a atacar.
Deixem-nos trabalhar, safa)))