sexta-feira

Os sete pecados

De Hieronymus Bosch. Távola dos Sete Pecados Capitais e as Quatro Últimas Coisas (Óleo sobre painel).
A dado momento das nossas vidas temos de nos interrogar por que razão somos tão sacanas, pecamos a torto e a direito, e não me reporto aqui a uma perspectiva meramente religiosa. No plano biológico somos autênticos animais, a nossa diferença do macaco não é assim tão grande, e com o tempo habituámo-nos a colocar uma cobertura de verniz que não é mais do que os valores, as normas e os códigos que regem o comportamento do nosso mesquinho dia-a-dia.
Na prática, tornámo-nos uns animais morais dotados dessa tal camada fina de verniz que responde pelo nome de cultura. Sucede, porém, que essa camada de verniz já começou a estalar e, com isso, tendemos a emigrar de novo para o sítio donde viemos: o macaco. Os crentes que perfilham outra leitura da evolução que me perdoem aqui este darwinismo macacóide de 6ª feira, mas é assim que penso. Aliás, fico mesmo sem dúvidas de que descendemos do macaco quando SLopes vai à tv dizer coisas estranhas que já nos habituámos a desculpar. O mesmo raciocínio também se aplica a Al Berto J.Jardim da Madeira ou mesmo durão barroso quando grita de Bruxelas coisas sem nexo. Isto significa que quando o verniz estala o homem tende a libertar-se da máscara, depois anda por aí...
Esse é, aliás, um comportamento cada vez mais aceite na sociedade. Os gestores de estados de espírito sabem isso perfeitamente, não apenas os "gestores" da tanga da Edp. De tal modo isto á verdadeiro que muitas empresas exploram emocionalmente esta vertente procurando, dessa forma, inovar, criar valor para melhor oferecer um produto/serviço de qualidade ao mais baixo custo ao cliente/consumidor final que somos todos nós.
O problema é que para muitas dessas empresas aquele desejo de inovação converte-se numa "pecaminação", ou seja, numa degração global dos objetivos préviamente fixados cujos propósitos depois são agravados porque os actores que estão por trás dessas empresas são indolentes, imorais, incompetentes, em rigor, não servem para nada, senão andar mesmo por aí...
Infelizmente, a realidade desta fórmula encontra aplicação na gestão da economia portuguesa, é o que normalmente chamamos oportunismo e de que o exemplo mais gritante, porque o homem tem uma catrafada de filhos e pouco ou nada saber fazer, num ex-PM que arribou a S. Bento de forma capciosamente não democrática.
Se nos lembrarmos aqui dos Sete Pecados Mortais (do filme) encontraremos o fio à meada, além dos anos de vida religiosa e civil que cada um de nós terá. Mas é aqui que vejo os maiores estrangulamentos ao desenvolvimento da sociedade e da economia portuguesa. Vejamos cada um desses estrangulamentos:
1. Somos Orgulhosos - o que nos confere um excesso de confiança nas nossas capacidades que depois se traduz em zero. A vaidade tipo Carrilho - nunca levou a lado algum;
2. Somos Invejosos - porque cobiçamos em demasia o lugar e o estatuto dos outros, e às vezes cobiçamos mesmo a mulher, meu Deus...
3. Temo a Gula - que passa por um desejo extravagante de ingerir mais do que conseguimos digerir, um dia morremos por implosão;
4. A Luxúria continua a dar cabo de nós, e não me reporto aqui à senhora do Carrilho, refiro-me aos prazeres carnais em geral que nos desconcentram do resto, por vezes essencial;
5. A Ira - traduz-se numa raiva que denunciamos ou demonstramos para com os outros, basta ir para a estrada para o perceber;
6. A Cobiça e o desejo de riquezas ou ganhos materiais também é muito nosso, nem que seja à custa do trabalho alheio, coisa muito sentida da universidade portuguesa - povoada de répteis e de outros rastejantes oportunistas, e alguns até vão estudar para o seminário para serem padres e terminam directores de conselhos directivos. Alguns outros estão nos impostos pensando que são génios...
7. Por fim a Preguiça - que é o acto de evitar trabalhos físicos ou mentais, coisa que noto sempre que o ministro da Economia fala. Manel de Pinho tem azar com as palavras, ou são as que ele escolhe que não são as mais adequadas, e por vezes as palavras são mais pesadas do que calhaus.
Mas a questão que aqui avulta é que cada um destes pecados, sobejamente conhecidos por todos nós, é que hoje - mais do que nunca - se verificam existir grupos de empresas bem sucedidas - que constroem o seu sucesso sobre a descarada exploração das fraquezas do homem. Nuns casos de forma explícita, noutros de forma implícita.
Para aqueles que queiram experimentar aqueles Sete pecados at once sugerimos aqui uma viagem a Las Vegas ou mesmo a Moscovo... Os com menos recursos fiquem por Lisboa, já apanham uma mão cheia de exemplos...