domingo

Ainda Litvinenko...

(..) Certo é que segundo a Sky News a substância radioactiva que matou Litvinenko havia sido depositada numa chávena de chá. O antigo membro dos serviços secretos russos, que se tornou opositor do regime e se exilou em Londres, morreu a 23 de Novembro do ano passado, na capital britânica, três semanas após ter sentido os primeiros sintomas de envenenamento com polónio-210.(link). Anteriormente, a 1 Novembro, Litvinenko tomara chá com outros dois russos, Andrei Lugovoi, um antigo agente do KGB, e Dmitri Kovtun, um empresário, no Hotel Millennium, na capital britânica. A partir daí começou a evidenciar os primeiros sintomas de envenenamento. Um outro russo, Viacheslav Sokolenko, igualmente ex-membro do KGB, encontrou-se igualmente com Litvinenko no Millennium. Numa carta escrita pouco antes da sua morte, Litvinenko acusava o presidente russo, Vladimir Putin, de ser responsável pela sua morte. O pai do ex-espião, Valter Litvinenko, acusou igualmente o presidente russo ao afirmar em Londres, durante o funeral: “Foi Putin quem matou o meu filho.” As autoridades médicas diagnosticaram que Litvinenko foi envenenado pela rápida deterioração do seu estado de saúde, a qual o levaria à morte alguns dias depois.Recorde-se que Litvinenko recebeu asilo político no Reino Unido em 2001, após ter denunciado uma alegada conspiração do FSB (antigo KGB) contra o empresário russo Boris Berezovski. Quando Litvinenko foi envenenado estaria a investigar o assassínio da jornalista russa Anna Politkovskaia, abatida a tiro em Moscovo, a 7 de Outubro do ano passado. LUGOVOI NEGA ENVOLVIMENTOO empresário russo Andre Lugovoi, que algumas fontes já consideraram se o principal suspeito na morte do ex-espião russo Alexander Litvinenko, negou ontem qualquer envolvimento no homicídio. “Não tenho ideia de quem esteve por detrás do assassinato”, declarou ontem. “Claro que tenho as minhas próprias suspeitas, já que conversámos algumas vezes”, declarou Lugovoi, que acrescentou ter colaborado com a Scotland Yard quando alguns detectives o interrogaram na Rússia. A Justiça russa desmentiu já informações segundo as quais o Reino Unido tencionava pedir a extradição de Lugovoi para este ser julgado pela morte de Litvinenko.
Obs: Nem após a Guerra Fria a Rússia consegue ser uma Democracia, os seus métodos de resolver diferendos ou meras diferenças de interpretação em democracia são uns, em ditadura são outros. Isto evoca-me uma distinção que era feita sobre ambos os regimes há uns anos: numa democracia quando nos batem à porta é o correio ou o leiteiro; numa ditadura quando nos batem à porta é o KGB para engaiolar alguém. E o Sr. Putin certamente que não foi alheio a tudo isto, e deveria merecer uma forte censura internacional por parte dos seus congéneres europeus e norte-americano a fim de apurar as suas responsabilidades neste assassinato. E depois deveria ser destituído. Mas, lá está, estes processos de investigação também só funcionam em regimes democráticos em que há separação de poderes, garante maior da plena liberdade de investigação.