domingo

Santana segundo ele mesmo - por Vaco Pulido Valente -

Image Hosted by ImageShack.usImage Hosted by ImageShack.usImage Hosted by ImageShack.us

O sublinhado é nosso e a foto também.
Santana segundo ele mesmo
por - Vasco Pulido Valente -
(in Público - Assinantes
)
"Para se perceber o livro de Santana e o próprio Santana, talvez seja preciso começar pela página 40, onde ele declara, de passagem e como quem constata a evidência, que Durão Barroso "se tornou um dos portugueses mais influentes no mundo, depois de D. João II". Só uma criança escreveria isto. E Santana é uma criança (não sei se "guerreira), a que se reage às vezes com irritação (quando o disparate excede o permissível) e às vezes com a complacência fácil do adulto. Claro que um primeiro-ministro com a idade mental de um pré-adolescente não ilustra especialmente o país, mas pelo menos mostra um lado inesperado do PSD e da política. Santana não se fez sozinho.
A personagem é um poço de surpresas. A seguir ao desastre do discurso de posse, concluiu que "preferia o improviso". De improviso as ideias "surgem-lhe de forma muito mais célere" do que na leitura de "frases escritas". No fundo, quer dizer o que lhe vem à cabeça e não suporta nenhuma espécie de disciplina. Durão Barroso, que o conhecia, recomendava-lhe gravitas. Mas Santana obviamente não compreendia essa coisa da gravitas e não lhe apeteceu mudar. Continuou "alegre, comunicativo, ele mesmo, como sempre procurara ser", deixando sair, se lhe dava para aí, "uma espontaneidade quase interdita (por assessorias ou teóricos) a quem exerce o cargo de primeiro-ministro". Não gostava "do forçado e do artificial": nem ele, nem, de resto, os média "do século XXI". Em resumo, como a certa altura explica, com o ar de birra e desafio de um menino mimado: "cada um é como é" e ele é "assim".
É assim. E, assim, não admira que metesse um pai no governo, Álvaro Barreto, "uns cabelos brancos" para tomar conta dele. Como não admira que desde o princípio, a pretexto de uma absurda conveniência táctica, se pusesse numa posição filial perante Sampaio. Pedia (suplicava) apoio e protecção ao Presidente e ficou muito espantado, quando o Presidente o começou a tratar como o irresponsável que ele era. Hoje ainda acha que ninguém o compreende (uma queixa típica) e que toda a gente o traiu (outra queixa típica). Em 8 de Outubro de 2004, estava a jantar em Roma com o grande amigo íntimo, Durão Barroso, "saboreando o significado" de Barroso ser presidente da Comissão Europeia e ele primeiro-ministro de Portugal. Onde eles tinham conseguido chegar! Que "momento impressionante"! O último, felizmente, porque em Novembro, para espanto dele, caía. O nosso espanto, no fim do livro, é maior do que o dele: como foi possível?"

Image Hosted by ImageShack.us

Notas Macroscópicas:

Já aqui temos classificado esta cadeia de factos como relevantes para a um tema-quadro da Ciência Política - a Mentira na Política - que danificou a imagem de Portugal atrasando-o económica e politicamente. Uma mentira que foi iniciada por Guterres e continuada de modo mais grave com Durão barroso - interrompendo mandatos de 4 anos por experimentalismos de 2 anos e "obrigando" sampaio a presidencializar o regime.

SLopes foi apenas o "idiota útil" que estava no caminho e que ajudou Durão a pirar-se para Bruxelas (neste sentido foi instrumentalizado), o mesmo que dizia estar a apoiar António Vitorino - homem de superior inteligência e muito melhor preparado técnica, intelectual, cultural e políticamente - para o cabal desempenho do cargo. Mas, na realidade, aquilo que barroso fez foi cozinhar a sua própria candidatura ao cargo, trair Portugal e conseguir o cargo com a guerra do Iraque e com o instrumento concebido para o efeito: a Cimeira dos Azores de que barroso foi o mordomo dos conhaques...

No fundo, se virmos bem, Lopes foi fiel ao seu sonho e bateu-se por esse objectivo, doutro modo nem a sua vida tinha sentido. Fez a fuga em frente: durão rumou a Bruxelas, Lopes rumou a S. Bento - ambos pensavam da mesma forma (instrumentalizar o Estado para obter objectivos e desígnios pessoais), apenas escolhendo destinos diferentes. Durão fala melhor inglês e francês, está melhor na Europa; Lopes fala só o português, está melhor no burgo - mas ambos assaltaram o Estado, os seus lugares, as honrarias, trocaram os verdadeiros objectivos da nação pela agitação e a intriga, combinaram ambas com os seus próprios propósitos no assalto ao poder do Estado, nem que para isso tivessem de mergulhar Portugal na indecisão, na entropia e na inércia, na falta de reformas. Para o efeito, nada melhor que encontrarem pelo caminho outro "idiota útil" (como diria Lenine): - jorge sempaio - que ratificou as maiores barbaridades que dois rapazes da política - encebados por Francisco Sá Carneiro - vinte e tal anos antes - promovera. E assim eles acreditaram que eram mesmo geniais e indispensáveis à República e à nação. O resultado viu-se..

Agora vem o livro alí analisado por Vasco Pulido Valente - coadjuvado por dona Zita, o que também não deixa de ser sintomático, uma ex-comunista a chancelar o livro dum homem (dito) de direita... Qual o objectivo desse livro??? Será limpar a face do seu autor enquanto PM - e também servir como documento para a posteridade - para filhos e netos (que diz ainda não ter???); ou para fazer mergulhar alguns círculos no turbilhão das intrigas, dos ódios e das invejas - sempre mesquinhas - ante os dissabores, os contrangimentos e as decepções causadas pela privação do poder?!

Aqui parece-nos não haver qualquer dúvida. Contudo, esta é a nosso ver o maior pecado em SL - porque razão ele ainda hoje se interroga com o que lhe sucedeu - se ele sabe - tão bem quanto nós - que de nada vale buscar o poder, subordinar-lhe tudo - memórias, afectos, história, amizades - se depois não se tem projecto para lhe dar corpo!!

Daqui resulta uma verdade comezinha mas fatal para o autor do livro: ele sempre teve ambições desmedidas para o valor intrínseco que na realidade tem. Sempre teve uma vontade de dominar enorme, mas uma medíocre visão e projecto para o país. E o mesmo se diga de durão, este apenas é mais contido e polido - valores que interiorizou na escola maoista.E também mais disciplinado - técnica que apurou nos anos do cavaquismo na Cooperação.

Haverá desculpa para estes dois homens - que encadeadamente arrastaram Portugal para o lodo? Será que a imoralidade e a enormidade dos seus objectivos e meios utilizados poderá, um dia, levar os portugueses a desculparem os actos mentirosos e danosos que infligiram a Portugal???

Eis as questões que no plano da Ciência Política (ciência do Poder), da Sociologia(ciência do comportamento do homem em Sociedade) e da Filosofia Política (em busca da sociedade Ideal) que aqui o Macroscópio (re)coloca.

E para tal temos já um quadro de aparente resposta: esses males poderiam bem ser desculpados e absolvidos caso a sua devoção à grandeza da "missão" que escolheram fosse autêntica.. Mas quem é que hoje acredita que a dupla "Gabriel Alves & Zandinga" (como durão apelidou Lopes num congresso, identificando-se também a si próprio) teve essa devoção???

Ninguém, certamente... Durão queria mudar de vida, ganhar mais dinheiro, obter um status europeu e cosmopolita e viajar pelo mundo (coisa que ele sempre fez) e foi para Bruxelas; Lopes pretendia mandar num governo e ter os media a seus pés. Mas nenhum, efectivamente, governou Portugal.. Pelo que aqui concluímos que ambos tiveram uma missão: governarem-se à pala dos poderes do Estado - que assaltaram para cumprir esses desígnios pessoais.

O livro não é mais do que uma gratificação que o autor se atribui - pelas memórias boas que o poder lhe concedera, embora o preço que atribui hoje a essa experiência seja penoso. Uma pena que se mede pelo índice de sofrimento que alguém padece pela privação do próprio poder que um dia teve por alguns meses. Santana também é um homem sofrido por causa disso. Aquela entrevista a dona Judite da rtp se alguma coisa denunciou foi esse sofrimento da privação do poder. Em quantas intrigas ele teve de se meter para chegar a PM?!!!

Quanto a barroso, causa primeira da desgraça política que se abateu sobre Portugal, a história julgá-lo-á em breve, por enquanto ainda se passeia impune pela Europa. Mas já o imaginamos contar as suas memórias... Quiça também com a chancela de dona zita, pois aqui as solidariedades ideológicas dos velhos maoismos com os novos comunismos hoje reciclados no psd, ainda deverão ser mais fortes.

Se calhar dirá logo no Prefácio que Portugal ainda lhe deve dinheiro...e que a Europa encheu-se de pérolas à sua custa.

Pobre Europa!!! Hoje há gente para tudo...