O dr. Lopes...em retrospectiva e a troca de favores
Registem: este deverá ter sido o momento em que SL estava a pensar dar uma cabeçada a dona Judite pelas questões que esta lá ía colocando e que o desagradavam. Mas o ponto não é esse. Sintomático foi o que o entrevistado disse aos 2,5 milhões que tiveram a paciência de o "ouver": "estou à espera que a minha situação profissional se resolva"... Depois poderá mudar de ideias e fazer novas incursões da vida pública. Leia-se, correr com MMendes do psd (que também ninguém sabe o que anda a fazer) e candidatar-se a PM, desta feita já sem a ajudinha e as dádivas de durão barroso. Isto foi mais ou menos o que o senhor nos disse, e mau de mais para ser verdade. E foi grave, porque revelou o esplendor de todo o inconsciente de SLopes e a forma mentis como pensa a política e a sua finalidade social (leia-se, pessoal). Creio que ele só compreenderá isso quando revir a cassette meia dúzia de vezes e Marcelo o farpear na rtp no próximo domingo (se é que lhe passará algum "cartão")... Aí verá os dedos dos pés esburacados pelos tiros que neles deu. Tal como fez enquanto PM nos meses que andou por lá, aos solavancos...Solavancando Portugal - por entre as permissões e os humores titubeantes de Belém. Ainda pensei que dona Judite fizesse convenientemente o Trabalho de Casa (TPC), mas não... A senhora não lhe perguntou que emprego era esse, como foi convidado, por quem e que habilitações, perfil ou mérito o senhor tem para o cargo que desempenha como consultor da EDP - oferecido a convite do sr. Mexia - que preside à empresa. A ser verdade, e nem importa que o ex-PM - (que nunca o deveria ter sido, para não empobrecer tanto Portugal) - ganhe a módica quantia de 2 mil cts/mês, isto é grave, na medida em que enferma do vício da cunhagem e da padrinhagem, como diz um amigo, que a sociedade portuguesa padece e, segundo parece, não tem remédio à vista. Antes pelo contrário, só temos péssimos exemplos que nos chegam do topo, como que a guiar e a estimular outros na nossa triste e macaca sociedade lusa. Mas que triste conduta alguns políticos nos dão a todos, péssimo exemplo de moralização da sociedade lusa e um espelho reflector acerca da forma como instrumentalizam a política - vendo nela apenas um mero instrumento de auto-promoção pessoal. Simplesmente LAMENTÁVEL!!! Talvez não fosse má ideia o visado solicitar a contratação de meia dúzia de assessores de marketing (ao seu amigo-engº camona, ora acusado de traidor pelo alinhamento que fez a MMendes) injectados à pressão na Câmara Municipal de Lisboa - para ajudar a rebentar o orçamento - a fim de que os mesmos deixem de alinhar nos "Portos de honra" - e o assessorem melhor nas entrevistas televisivas. Quem sabe assim se darão menos tiros nos pés... Ainda que tudo seja feito à conta do orçamento das nossas empresas públicas ou mesmo dos budgets autárquicos pagos com os impostos de todos nós. Simplesmente lamentável. Porra, onde fica o exílio!!! Talvez em Angola... Com a agravante de Portugal não ter petróleo nem diamantes (e ainda bem, senão...)
- PS: Veja-se uma opinião convergente por Marina Costa Lobo.
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Percepções e realidade (in DN)
Marina Costa Lobo
"Pedro Santana Lopes avisou que ia "andar por aí". Passado quase um ano da sua saída da cena política nacional, lançou esta semana um livro chamado Percepções e Realidade.
As mais das vezes, os livros de memórias procuram reabilitar politicamente os seus autores.
Por vezes conseguem, ou se não o fazem pelo menos servem para afirmar a sua verdade dos factos, sempre na óptica de valorizar o contributo positivo do autor para o desenrolar dos acontecimentos.
Podem inclusivamente juntar informações não divulgadas previamente, com vista a explicar comportamentos que à época talvez tivessem sido mal interpretados pela população em geral.
Neste livro, Santana Lopes, em vez de fazer isso, fornece novos argumentos àqueles que nunca consideraram que ele tinha competência para ser primeiro-ministro.
Na crise política que ocorreu entre a saída de Durão Barroso, no seguimento das eleições europeias e a dissolução da Assembleia da Republica entre Junho e Dezembro de 2004, a análise pode ser feita em dois planos. Em primeiro lugar, temos as importantes questões do funcionamento do sistema de governo em Portugal. Nesse contexto, as duas decisões de Jorge Sampaio, primeiro de nomear Pedro Santana Lopes e depois de dissolver a Assembleia da República, assim levando à convocação de eleições, serviram para presidencializar o regime. Ao contrário do que teria ocorrido se tivessem sido convocadas eleições na altura da saída de Durão Barroso para Bruxelas. Sampaio presidencializou o regime duas vezes: primeiro ao nomear alguém que não tinha sido sufragado pelo eleitorado, tendo por isso que intervir mais directamente na governação do dia-a-dia, sem no entanto se responsabilizar por ela, aliás como fica bem patente no livro. Presidencializou segunda vez, quando dissolveu a Assembleia da República com uma maioria funcional entre o PSD e o CDS/PP lá dentro.
No plano do sistema de governo, este livro não vem adiantar nada, porque o funcionamento interno mais ou menos conflituoso de um governo, que é essencialmente do que trata o livro, continua a não ser razão para se dissolver uma Assembleia da República.
Que utilidade tem então o livro, do ponto de vista da compreensão deste passado recente? É importante para conhecer melhor o político Santana Lopes, a sua visão do País, do seu papel como primeiro-ministro, os seus ministros. Realçaria dois pontos que qualificam o líder político: o livro retrata uma sucessão de eventos, reuniões, jantares, almoços. Nunca se materializa uma visão de Pedro Santana Lopes para o País. E há inclusive contradições. Por vezes sugere grande entendimento com Paulo Portas e com o eleitorado do CDS/PP (pág. 100); noutras afirma que Durão Barroso era mais liberal do que ele (pág. 22).
O dia-a-dia da política não será certamente grandes ideias e propósitos, mas quando se escreve uma biografia esse elemento tem de estar presente como fio condutor da acção política. Em segundo lugar, toda a análise feita confirma o mundo mediático em que o primeiro-ministro vivia. Santana Lopes está constantemente a avaliar-se, a justificar-se, a vitimizar-se, em relação ao que dizem o Expresso, o DN, o Público, o 24 Horas, o JN. Certamente que os media são um elemento muito importante da governação hoje - mas não podem sobrepor-se ao País real, ao Programa de Governo, às propostas concretas, às implementações particulares. Santana Lopes é o político inocente, trabalhador, leal aos seus amigos, que apenas pretende servir Portugal, aplicando-se da mesma forma na organização do Rock in Rio e no crescimento da economia portuguesa, rodeado por conspirações políticas inter-partidárias de políticos mal-intencionados que só pensam na sua ambição própria. Mais preocupante será talvez o facto de Pedro Santana Lopes achar que em consciência essa é a sua verdade, que ele quis imortalizar neste livro.
No fim de tudo, termina-se este livro com uma ideia muito reconfortante: ao contrário do que sugere o título do livro, as percepções negativas da opinião pública sobre Pedro Santana Lopes são inteiramente vindicadas pela realidade retratada pelo próprio sobre a sua conduta como primeiro-ministro.
Tal como sugerem os estudos sobre opinião pública, as pessoas sabem que existe uma crise económica, mesmo sem conhecerem o valor exacto do desemprego e da inflação. Do mesmo modo, também identificam um mau primeiro-ministro, mesmo não estando a par da forma como este vive o seu dia-a-dia".
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