sábado

ORIGINALIDADES BLOGOSFÉRICAS E TRIBUTO A GILLES DELEUZE

Esta, salvo melhor opinião, é a posição mais inteligente e criativa de conceber a auto-representação na blogosfera. Mesmo que não sejamos os primeiros podemos supôr sempre que somos os melhores (co comedimento e ironia, naturalmente!!). É isso que o Armadilha para Ursos Conformistas faz - com sentido de auto-ironia e nunca se levando muito a sério, que é um vício e uma perdição de que padecem os parolos intelectuais (como em tempos me referia Agostinho da Silva) que andam por aí vendendo gato por lebre, que é como quem diz: "percepções por realidade".

São necessários filtos para desmontar as cabalas desses aprendizes de hidden persuaders (que ainda nos procuram convencer que Elvis está vivo e que Belmiro anda a pedir esmola no metro de Alvalade) e alguma cultura política e sociológica para ir denunciando esses tristes figurantes da política à portuguesa que andrajasoamente se arrastam no espaço mediático (e por ele são parasitados até ao tutano) - a troco dum prato de lentilhas, de 20 min. de fama que anseiam como o sol na terra.
Foi isto que SL foi peregrinar à rtp: um verdadeiro mono que tudo faz para se fazer passar por protagonista duma história que, afinal, nunca existiu e cujo registo ficará como nota-de-pé-depágina negra na historiografia portuguesa da post-modernidade. Lopes sempre se preocupou com uma coisa: saber o que a imprensa diz dele, o que é mais um sinal da sua congénita frustração por não ter conseguido ser um empresário de comunicação social como balsemão.. Mas no termo do trajecto chega-se à conclusão que nem de figurante se trata, apenas biblôs para adornar os corredores do poder por onde o verdadeiro poder efectivamente passa.
Um dos grandes erros de SLpes foi ter acreditado na confiança que Sá Carneiro nele depositou (e ao durão) para rever aquele projecto de Constituição-macaca. Doravante, eles ficaram com uma aura de génios que nunca mais largaram, converteram-se em pupilos e ficaram mesmo convencidos que eram líderes, homens de Estado, elementos tão singulares quanto imprescindíveis à República e à nação - que acabou por os apadrinhar indevidamente, e o resultado está bem à vista: cá e em Bruxelas. Essa frase de G. Delezeuse citada pelo Armadadilha segundo a qual há homens que nunca sabem estar à altura das circunstâncias - arruma-os de vez no baú da história. Aguardemos para ouvir o que a história dirá de durão. Coisas bem piores... Embora duvide que saibam que foi Deleuze...
Todavia, quando se evoca Deleuze à propos de SLopes e conexos - pensei que fosse mais na linha da sua filosofia do desejo e da vitalidade - que tão bem explica a patogénese de SLopes na esfera pública nacional e a sua conflitiva e obsessiva relação com os media. Ou seja, com a crítica radical do complexo de édipo, Deleuze consagrará uma parte da sua reflexão à esquizofrenia, reflectindo aí uma concepção sedutora da loucura que podemos atribuir a alguns políticos em Portugal. E aqui Slopes não está, obviamente, sózinho.

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Cremos que é isto que faz sentido comparar - quando se compulsa a personalidade política de Slopes e toda a sua trajectória na esfera pública. O que é, afinal SLopes? O que revelou ele naquela sua lamentável entrevista feita à medida para a rtp fazer receita e casa cheia (e assim combater as audiências da sic que entrevistava Cavaco à mesma hora!!??). O que traduz ou acrescenta o seu livro que os portugueses já não saibam? O Macroscópio responde assim, embora coadjuvado por Deleuze:
Há políticos em Portugal que são como aquelas máquinas voadoras, máquinas de desejo, hiper-narcisistas, ensimesmadas que não conseguem pensar nas melhores políticas públicas para a nação e o bem comum - de tão alienadas que estão com o seu próprio umbigo político. Só que há um pequeno problema com essas máquinas do desejo: elas não passam de órgãos imperfeitos, limitados e mui esquizofrénicos (visível na composição do seu governo e em alguns dos seus ministros) cuja patologia molecular as faz cair num buraco negro. Ora, em Portugal há quem faça isso editando livros com a chancela comunista de dona zita hoje diminuindo o espaço sociológico desse albergue espanhol em que se transformou o psd.

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