terça-feira

A Primavera Silenciosa de Rachel Carson

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Sei que ajudei pouco o meio ambiente. Afinal, não seria muito realista pensar que um livro poderia mudar algo no mundo.O homem é parte da natureza e sua guerra contra a natureza é inevitavelmente uma guerra contra si mesmo... Temos pela frente um desafio como nunca a humanidade teve, de provar nossa maturidade e nosso domínio, não da natureza, mas de nós mesmos.

O mais contundente capítulo do livro, intitulado "uma fábula para o amanhã", descrevia uma cidade americana anônima na qual toda vida —desde os peixes, os pássaros, até as crianças — tinham sido silenciadas pelos efeitos insidiosos do DDT.

Em 1962, o mundo já tinha atentado superficialmente nos problemas do ambiente. Nesse ano foi publicado A Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, um best-seller alarmante que trouxe à luz do dia os problemas do pesticida DDT e tornou pela primeira vez grande parte do Governo Americano e do público consciente de que todos os seres vivos dependiam uns dos outros, e de um ambiente saudável, para sobreviverem. Para corroborar esse teorema, Carson referiu os esforços empreendidos na cidade de East Lansing, Michigan, para acabar com os escaravelhos que estavam a destruir os seus ulmeiros. O resultado foi o seguinte: a municipalidade pulverizou as árvores com DDT; no Outono, as folhas caíram e foram devoradas por vermes; os tordos, ao regressarem na Primavera, comeram os vermes; ao fim de uma semana quase todos os tordos da cidade haviam morrido.
“O nosso mundo, escreveu Carson, resumindo os perigos dos pesticidas, tem sido amplamente contaminado pelas substâncias utilizadas no combate aos insectos - produtos químicos que já invadiram a água de que todos os seres vivos dependem, penetraram no solo e espalharam uma película tóxica sobre a vegetação… Os efeitos no homem, onde já são conhecidos, demonstraram ser destruidores. Para além desses encontra-se a perspectiva ainda mais assustadora dos danos que só podem ser detectados ao fim de longos anos, e dos possíveis efeitos genéticos que não podem ser conhecidos durante gerações”.
Os agricultores combateram-na vigorosamente, afirmando que sem pesticidas as colheitas seriam reduzidas em cerca de 90%. Em resposta, Carson aconselhou a utilização do controle biológico através de outros insectos, fungos e bactérias, a fim de combater as pragas que destroem as plantas. A Primavera Silenciosa levou o Senado Americano a rever o caso do DDT e, finalmente, a decretar uma quase total proibição do seu uso nos EUA. Anos depois os cientistas descobriram concentrações deste produto químico nos Pinguins e Ursos polares na Antárctida, longe de qualquer área onde tenham sido feitas pulverizações contra insectos. Também foram encontrados vestígios de DDT em baleias criadas ao largo da costa da Gronelândia, situada a longas milhas das áreas agrícolas mais próximas.
Portanto, o livro de Rachel Carson foi vital porque fez soar o alarme, e nos anos 60 países em todo o mundo começaram a examinar cuidadosamente a sua terra, os seus rios e mares. As pessoas e as autoridades começaram seriamente a preocupar-se com os global commons. Por outro lado, os danos causados ao ambiente eram claramente óbvios em todo o Mundo. Descobriu-se que a fuzilagem da área industrial do Ruhr, Alemanha, tingia de cinzento as neves da Noruega de cuja nacionalidade, curiosamente, é a ex-Primeiro Ministro Norueguesa - Gro Harlem Brundtland. Líquido derramado dos petroleiros que passavam ao largo cobriam os pés dos banhistas na Costa do Marfim. Eram só sinais de mundialização negativa, embora já sob o olhar distante da lei da complexidade crescente a operar em sede de primitiva globalização.
Portanto, a grande lição a extrair do livro - A Primavera Silenciosa -, de Rachel Carson foi o tocar do alarme que chamava a atenção do mundo de que se o ambiente, que é global, não fosse devidamente equacionado o mal começava nos insectos passando para os tordos, depois para os ursos polares e, por fim, para o homem, que é o fim da cadeia.

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