O novo individualismo blogosférico: o intelectualismo emergente
Desconhecemos quem são os organizadores desta iniciativa, mas há uma regra d'ouro nestas coisas da organização de eventos: quem (pretende) organizar quer liderar, quer capitalizar, é natural e pertence à naturaza das coisas. Soubemos desta iniciativa pelo blog Pululu do nosso amigo Eugénio Almeida. A coisa tem um regulamento, o qual manda que se cumpram alguns requisitos, estatuídos aqui. Todavia, aquilo que nos interessa avaliar, até porque provavelmente os melhores espaços de reflexão nem sequer irão concorrer - ou por desinteresse natural ou por mero desconhecimento da iniciativa, ou ainda por uma natural arrogância inerente à condição humana - são algumas linhas de pensamento que cremos estão a dinamizar a blogosfera em Portugal. Desde logo, o esprit de missão que esta nova ferramenta (porventura, a mais madura do Rizoma) faculta a cada um de nós para afirmar pontos de vista e opiniões sobre tudo e sobre nada: da política à culinária passando pelos petróleos e o ballet contemporâneo que Gulbenkian deixou de apoiar... Que pena!!! A essa luz a blogosfera, com muito erro à mistura, acaba por revolucionar culturalmente a forma de comunicar em Portugal, acentuando os germens daquilo que poderemos designar por individualismo reflexivo (ou filosófico, mais exageradamente). Em 2º lugar, esse novel individualismo - com mais ou menos estilo, mais ou menos controvérsia, mais ou menos princípios e ética, e rigor, - já agora, não deixa de desafiar a ideologia dominante (à esquerda e à direita) - com a afirmação do seu objectivismo - por entre inúmeras provocações, mas também derivas ensaísticas e de jornalismo de ideias que acabam por "dar cartas" aos chamados jornalistas encartados da nossa praça - que por vezes se metem a falar do que desconhecem e depois são corrigidos de forma até algo humilhante. Ainda recentemente um jorrnalista que respeito, Miguel sousa Tavares meteu a "pata na poça" quando quis fazer mergulho sem bomba de oxigénio, o resultado ficou à vista...Tudo por causa da treta dum blog anónimo... Ao espírito de missão e ao invividualismo blogosférico soma-se a velocidade voraz da gestão da informação feita na blogosfera - que fragmenta e desactualiza os media (a mediasfera), ou melhor, quando estes pegam nas notícias colhidas nos factos que as originaram - já a blogosfera fez a digestão da "feijoada" informativa - gerando-se, portanto, um jet-lag entre a mediasfera e a blogosfera. Daqui resulta um balanço positivo em relação aqueles espaços de análise e de reflexão que pontilham o rizoma com os seus contributos. Como, pergunta-se(??): promovendo uma cultura da razão e da análise, o individualismo filosófico (e reflexivo), em suma, promovendo a LIBERDADE. Nesta onda, achamos que qualquer iniciativa que promova a troca de experiências no ciber-espaço é salutar e estimulante, senão mesmo inspiradora para a mediasfera que está cada vez mais perra, não-criativa, escassamente reflexiva e até autista... Então, se isto tiver algum fundamento nos factos podemos concluir que o ciber-espaço é (já) um contribuinte líquido para a promoção da Cultura e da Razão - de forma inovadora, criativa e até provocante e inspiradora - para outros que no mundo inteiro nela colhem os germens para os seus comentários, discursos, pensamentos entre outras componentes da realização pessoal do Homem do nosso tempo. Assim sendo, encaro este tipo de iniciativas como um misto de folclore barato e de algum motivo para realização pessoal (mais sério, em razão dos contributos de cada um, que são forçosamente desiguais) em que os participantes procuram dramatizar a sua própria existência, exagerar o peso do seu intelecto, racionalizar o seu mistério e narrar estórias únicas de vida que tornem cada blogger um ser especial nesta breve passagem pela vida. E para não ser cínico, desde já deixo aqui lavrado o meu modesto contributo à iniciativa - que saúdo - dizendo que o nosso ideal de vida deverá ser o de conseguir harmonizar todo esse capital de conhecimento e integrá-lo na ética, na metafísica, na política, na filosofia, na economia e, naturalmente, no sexo - e no amor - que assegura a nossa própria sobrevivência - enquanto espécie. Se conseguirmos realizar 10% deste ideário - então estaremos não só a criar uma imensa rede de redes - mais ou menos atomisada (na república de citações que está institucionalizada na rede) - mas também a aperfeiçoarmo-nos moral e intelectualmente - enquanto homens deste tempo. E se um dia deixarmos de ser figurantes duma história pobre e mal contada para passarmos a ser homens livres..., então já terá valido a pena. O que terá isto a ver com os melhores blogues de 2006 (!?) será uma aventura cujo desfecho ainda não conhecemos. Mas somos "animais" de esperança...
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