Notas Soltas post-congresso PS e eleições intercalares nos EUA
António Vitorino fez o balanço do congresso do PS e falou-nos de muitas coisas que mexem com a micro e a macro-economia: salários, emprego, inflação, crescimento, globalização (o decisor oculto que alterou a natureza das coisas) e mudou o ritmo com que elas acontecem. Outros factores que remetem para outra escala de valores como o aborto, a política de imigração que pode e deve ser pontilhada pelo debate intercivilizacional e interreligioso no decurso da futura presidência da UE - porque só assim se fomenta a tolerância que facilitam, por sua vez, as políticas de integração social e cultural. A guerra do Iraque, o processo de retirada e os resultados das eleições para o congresso norte-americano - também foram avaliadas. De resto já escalpelizados no seu artigo de 6ª feira passada no DN - sob o título - Rescaldo. Entre a divisão do Iraque em três zonas de influência (curda, xiita e sunita) - ao estilo do mapa cor-de-rosa da conferência de Berlim do séc. XIX ou do retalho de Yalta de 1945 - que dividiu a Alemanha hitleriana - talvez seja mais razoável e prudente negociar e recorrer intensivamente à diplomacia com as potências regionais: Irão e Síria. Mas já que G. W. Bush engoliu o sapo de ter de afastar o sr. Donald Rumsfeld da Defesa - na sequência da derrota na Câmara dos representantes e também no Senado - terá, doravante, de redefinir a sua política de negociações no Iraque. Assim como assim ela também não existia, ou se existia não tinha consistência porque há muito deixara de ser credível - e já ninguém acreditaria que por aí também passaria o combate eficaz ao terrorismo em rede e desterritorializado que tem gerado o pânico no mundo inteiro - travando, desse modo, muito investimento impedindo a dinamização da actividade económica.
Sublinhou-se ainda a iniciativa de Belém sobre o Conselho para a Globalização que reuniu em Portugal grandes empresários do mundo. Esperemos que a iniciativa tenha sequência e passe da fase da esperança à lógica das concretizações no terreno, o que dependerá da dinâmica do tecido económico e empresarial nacional e da agilidade do Estado em o saber apoiar e potenciar - dentro e fora de portas. Frisou-se, por último, um ponto que é da maior relevânvia para a regulação da globalização competitiva (esse monstro sem rosto e imprevisível): é que o facto de aumentar a riqueza global - tal não implica automáticamente que essa mesma riqueza (sob a forma de rendimentos, qualidade de trabalho, condições e padrões de vida) - seja mais e melhor repartida entre todos os agregados no interior das sociedades. Sobre esta tese valerá a pena rever o que o economista e ex-Prémio Nobel da Economia disse ao mundo em 2003 - J. Stiglitz - com o seu livro Globalization and Its Discontents. Regressaremos ao assunto...
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