sábado

64%

64% C&T

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O que significarão estes 64%? Nada, alguma coisa, muita coisa... Desde logo, caberá dizer que só um traço de grande determinação e coragem política consumam uma coisa destas nunca antes vista em Portugal. Sejamos sérios: 64% é uma bomba. Até Mariano Gago deve ter ficado "gago", apesar de supormos que o PM partilhou a informação préviamente, o que nem sempre sucede, como sabemos. Decorre dos estilos de liderança, e cada um tem a sua...
Mas estes 64% significam também que uma aposta na mobilidade dos factores de produção (e na identificação dos operadores e das regiões mais competitivas) podem agora começar a desenhar-se em Portugal. Vejamos o que poderá ter passado pela mente de Sócrates hoje quando fez este inédito anúncio em Portugal:
1. Que prioriza a C&T na estrutura dos custos/benefícios do orçamento de Estado;
2. Que Mariano Gago é hoje um ministro com mais credibilidade, pujança e também mais "massa" e "crítica" capaz de criar o futuro do futuro, i.é, futuros -
3. Sempre que o PS está no poder o sector da C&T dispara, já foi assim em 1995 com Guterres - a toque de Vangelis, em que Mariano Gago também era o titular da pasta. Sorte ou virtude..
4. Que as viagens de Sócrates às terras da Nókia não foram turismo ecológico
5. Que o Plano Tecnológico começa agora a aquecer as turbinas e tem três anos para criar os tais 150 mil postos de trabalho qualificado -capacitando com isso o País e consequente diminuição do desemprego.
Presumo que isto, que já não é pouco, traduza uma alteração profunda das configurações orientadoras dos comportamentos sociais, culturais e tecnológicos do país: com estes inputs, a economia nacional poderá criar a sua globalização de produção à distância, segmentando o produto final em plataformas que permitam aproveitar as condições de produção mais competitivas em Portugal.
Nesse novo quadro, a vantagem deste montante astronómico - se bem aplicado - à C&T poderá trazer vantagens em coesão social que se espera de um sistema de direitos sociais evoluído, embora possa não bastar para garantir a capacidade de trabalho dos que aceitam sacrifícios de direitos sociais em nome de uma estratégia de crescimento económico rápido.
Foi isto que hoje li nas palavras e nas intenções de José Sócrates. E uma coisa que é apreciável neste tipo de liderança é o modo como certos detentores do poder político respondem a contextos de mudança também depende do tipo de relação que as propostas políticas e as expectativas sociais estabelecem com as noções de risco e de segurança.
Este aumento exponencial de 64% (inédito na história da afectação dos orçamentos em Portugal), pode representar o tal influxo de vitalidade de que necessitávamos, i.é, dos factores de risco, de competição, de dominação, de capitalização e de conhecimento intensivo que faz desequilibrar o prato da balança do modelo de desenvolvimento português e remeter, de vez, para o caixote do lixo da história - aqueles vectores de proteccionismo, distributivismo, de equilíbrio que nos tem conduzido à perda de eficácia dos dispositivos de crescimento rápido com a agravante da regressão do padrão demográfico e a passagem da capitalização para o endividamento da nossa economia por efeito de perda de sustentabilidade dos sistemas de distribuição e de segurança social.
Que mais poderá representar este aumento exponencial de 64% no sector da C&T? Talvez que Sócrates se tenha efectivamente transformado no mensageiro de Hermés e nos ajude a vislumbrar as poderosas ligações entre a magia, a ciência e a tecnologia. Ainda que o faça com recurso a alguns truques, próprios da política.
Por último, diria que hoje Sócrates ganhou verdadeiramente dimensão histórica e espessura simbólica em Portugal (e na Europa) e pode criar um caso sério de personalidade europeia na Idade da Razão cujas consequências são incalculáveis, mas podem trazer uma nova fase de Globalização feliz em Portugal.
E uma globalização feliz a queimar octanas a 64% - temos de convir que é obra...(a jacto)