Uma pergunta à Banca vinda da Banca...
O Jumento questiona-se, ou melhor o quase milhão de funcionários públicos, ou melhor, vários milhões de portugueses - dada a barraca nos atrasos, erros e omissões do fisco face ao contribuinte - porque razão um grande banqueiro, culto por sinal, (Artur Santos Silva) - interpela a banca concorrente, - do grupo Millenium e a Opus Day - (aqui as fronteiras são difíceis de delimitar) que, por sua vez, insta um director-geral das contribuições - a perscrutar tanta confusão, tanto compadrio, tanta cumplicidade, tanto favor, tanta .... nas relações priviligiadas que o Estado mantém com este agente destacado/emprestado do ex-BCP de Jardim Gonçalves ao Estado. Parece até que se está na Idade Média dado não haver a tal laicidade do Estado, i.é, a separação das questões pagãs às estritamente religiosas imiscuindo, assim, as questões de Deus com os dinheiros de proveniência duvidosa. Pelo meio há uma referência (aparentemente) estranha a la Passionaria e um caldo histórico que o banqueiro do BPI quis ventilar. Esta questão merece atenção, dado que ela não diz respeito só ao grupo Millenium, nem ao sr. Macedo/DGCI, ela diz respeito a todos os funcionários públicos e à generalidade dos contribuintes, ou seja, à generalidade dos portugueses. Será que andamos todos a ser enganados por causa duma situação de favor entre a cumplicidade da Administração do Estado e um agente da banca do velho Jardim Gonçalves que "só consome Opus Day" -, como há dois me dizia um seu familiar directo!!! e que isso em vez de potenciar a transparência nas relações Estado/sector privado/cidadãos - antes pelo contrário, só as obscurece fazendo crer ao cidadão que uns são filhos e outros são enteados prejudicando, no seu conjunto o Estado e, por etexnsão, a própria sociedade???? Vale a pena seguir este dossier com olhos de relojoeiro, mãos de cirurgião e alguma sensibilidade poética e algum saber metafísico. Não só pela via da Justiça mas também pela blogosfera...
- in O Jumento
- Porque motivo Artur Santos Silva, o banqueiro histórico do BPI, terá recorrido a esta frase no passado mês de Março [Público Link] para dizer que a Opa lançada pelo Opus Millennium não iria alcançar o seu objectivo? Artur Santos Silva não tem nada de ingénuo, é um homem profundamente culto, sabe muito bem quem foi a autora daquela palavra de ordem e em que contexto ela foi usada, e não tem fama de comunista para que a tenha usado por convicções ideológicas. Para assegurar que a Opa não seria vencedora Artur Santos Silva recorreu à expressão que imortalizou Dolores Ibárruri, que ficou conhecida por La Passionária [Wikipedia Link] desde que optou por esse pseudónimo no seu primeiro artigo porque este foi escrito na Semana da Paixão (que ironia); e ver um banqueiro usar no contexto de uma OPA o lema com que a líder comunista espanhola mobilizou as forças republicanas para a defesa de Madrid contra as tropas de Franco dá que pensar. Que relação existirá entre dois contextos tão diversos e distantes? A única relação possível reside na associação do Millennium à Opus Dei e esta ao lado mais conservador da Igreja Católica espanhola que, por sua vez, foi o grande sustentáculo de Franco e uma forte apoiante da repressão, da tortura, da morte, da adopção forçada dos filhos dos republicanos e de muitas outras atrocidades cometidas durante e depois da guerra civil espanhola. Talvez seja tempo de dizer como Artur Santos Silva o fez, que “¡No pasarán!”. O poder tentacular e secreto da Opus Dei combinada com os recursos financeiros do maior banco privado leva-nos a defender que é tempo de dizer que não é admissível que a maior instituição do Estado esteja sob o controlo de alguém da Opus Dei e de um empregado do BCP, e é ainda menos aceitável que o poder do Millennium dentro do fisco vá muito mais além daquele que resulta da designação de um director-geral e que com isso tenha conseguido poupar muitos milhões de euros. A Deus o que é de Deus e a César o que é de César.
- É inaceitável que enquanto existem investigações sobre a banca, tendo o Millennium sido referenciada nessas investigações como a comunicação social deu conta, sabendo-se que o Millennium recorreu a truques (e sabe Deus que mais) para obter reembolsos ou evitar o pagamento de impostos e que à frente da DGCI esteja alguém “emprestado” pelo próprio Millennium. É tempo de afirmar que os pretensos sucessos do fisco não resultam de um milagre operado por um gestor fabuloso que mais não fez do que aproveitar obra alheia e uma conjuntura favorável para engrandecer a sua imagem, beneficiando da situação privilegiada junto da comunicação social, promovendo uma campanha tal que até parece que foi o salvador da Pátria. Os sucessos do fisco é obra de 12.000 funcionários e não de um gestor milagreiro que pouco mais fez do que comunicados de impensa. Tal como Artur Santos Silva o disse em relação à Opas Dei, na banca como no fisco, talvez esteja na hora de também o dizer: "¡No pasarán!".
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