terça-feira

O isolamento das férias: Lisboa agradece a Ortega y Gasset

Image Hosted by ImageShack.us A vida pública vai, de facto, muito para além da dimensão política, ela confina paralelamente com as outras dimensões da vida: intelectual, moral, social, económica e religiosa. Vem isto a propósito do que é hoje viver nas grandes cidades, ainda que estas - como Lisboa - não sejam grande coisa. E porquê? Será porque a cidade é feia e inóspita... Ou as pessoas sejam todas arrogantes, como o pacheco? Não creio. Julgamos que a questão, na companhia do sábio Ortega y Gasset - que aqui evocamos, é simples e enuncia-se do seguinte modo: as cidades estão cheias de gente, uma espécie de inquilinos africanos dentro daquelas casas velhas que os senhorios zelam garbosamente ao não fazer obras. Vejamos alguns exemplos: vai-se a um centro comercial tropeçamos em pessoas; os autocarros, os comboios e o metro (que agora também já existe no Porto, caindo por terra a inveja residual que tinham por Lisboa), os cafés e os restaurantes, mau grado a crise económica, parecem ninhos de cobras e de lacraus num amontoado reptilíneo cujo burbirinho é ensurdecedor. Os passeios, quando não são os "cagalhões" dos cães e dos seus donos - porque ao pisarem aquela marmelada multiplicam a desgraça - vivem povoados por quadrúpedes de par com os centros de Saúde. E as salas de cinema??? Já não são o que eram, ainda assim o bafo colectivo made in pipoca enjoa, tal como as praias que se transformaram em autenticos formigueiros que inundam as águas e fazem subir as marés. O que vemos em todos estes casos senão a multidão, como diria Ortega y gasset, um dos maiores sábios do séc. XX. Qual a diferença entre os tempos? Dantes todos esses espaços públicos já tendiam para o enchimento, hoje transbordam, numa loucura sôfrega por usufruí-los. Por aqui concluímos quão medo o Homem tem da morte, pois quer viver a vida a uma intensidade inaudita. Se dantes já eram muitos, hoje é a multidão. Pena é que estes amontoados não canalizem as suas energias para o que é verdadeiramente essencial!!! Vem isto a propósito do seguinte: quem ficar em Lx no mês de Agosto irá sentir a ilusão da felicidade, quando a cidade esvaziar e a paz e o silêncio regressarem à polis. Se Lisboa falasse, suspirasse, cantasse, orasse creio que era isso mesmo que diria: OBRIGADO AGOSTO!!!
  • PS: Nós tb aqui agradecemos a Ortega y gasset por partilhar mais esta bela lição que apesar de ter sido escrita - não foi pensada por mim, apesar de ser tão óbvia que até já me acho estúpido só por o evocar. Bom, mas antes isto do que perder mais um cagagésimo de segundo com blogs arrogantes a cuja desgraça só me atenho de três em quatro meses. Que é, segundo consta, quando ocorrem os assaltos à blogosfera - agora soprados pelos ventos do Oriente.
  • PS: Dedicamos este post a Sudjansky que já regressou da Austrália para aterrar no Hos. Stª Maria para aí estudar uma comunidade de falcões que está a perturbar o normal funcionamento do take-of e das aterragens dos aviões de carreira comercial em Lisboa.

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